CAPÍTULO 13

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Livie se sentou na cama, apoiando as costas na cabeceira e procurou contato com Pride. Ela não o sentiu, apenas uma grande onda de ódio e raiva a tomou e ela chorou.
Ele tinha descoberto, é claro. Amanhã seria um grande dia, um dia de pedir perdão. Livie sentiu todo o medo que sentiu quando seus bebês pararam de chorar e ela viu nos olhos dele que sua vida seria aquilo ali para sempre.
Ela, ele e os bebês. Até que ele se cansasse. Ou ela.
Livie cresceu vendo sua mãe sair com Evan, ele de smoking, ela cada vez mais linda, a cada festa, um vestido novo. E ela queria ser assim, ela queria ajudar os necessitados e ainda se vestir como uma princesa.
E ali estava Pride, louco para, como ele dizia, compartilhar sexo com ela, e só.
Livie sabia que foi puro egoísmo já que ela planejou engravidar e isso era o pior da história. Quando ela cantou para seus bebês e eles se calaram, Livie viu que ela não era capaz. Livie quis que eles voltassem para dentro dela, pois lá eles não saberiam a mãe ruim que ela seria. Ela seria ainda pior que Ann. Ann a quis, a amou, ainda que do jeito artificial dela.
Livie se concentrou e logo a voz de Rom estava na mente dela.
"Quer que eu vá para a Reserva?" Ele pensou, ela se sentiu protegida e amada.
"Você não está na Reserva?" Ela se interessou. Qualquer coisa que a distraísse do terrível dia que seria o dia seguinte era bem vindo.
"Não. Estou penando nesse treinamento infernal da força tarefa. Cortesia de papai." Ele pensou.
Os homens da força tarefa foram os que resgataram Violet e ela daquela cisterna. Eles a trataram com cuidado e gentileza.
"Podem ser gentis agora, mas os tutores do treinamento são uns filhos da puta." Livie riu, Romulus estava muito bravo.
"O que fizeram para você estar tão puto? A ponto de falar palavrão com sua irmãzinha?" Ela brincou.
Romulus silenciou seus pensamentos. Livie se preocupou, ela não queria perder sua conexão com ele.
"Eu ainda estou aqui. É que não fizeram nada propriamente dito. Quem fez foi Daisy." Daisy, sua amiga querida. Livie tinha uma pequena esperança de que Daisy a perdoasse, mas se Violet não a queria ver, Daisy, que era muito mais malvada com certeza não iria.
"Não sei. Daisy é muito imprevisível. E malandra. Ela me passou a perna e eu estou puto."
Livie sorriu, era estranho pensar em Rom puto.
"Anteontem, no nosso primeiro dia, tínhamos de fazer uma redação sobre a história da força tarefa, como ela foi formada, etecétera e tal. Eu fiquei animado, afinal ninguém sabe fazer uma pesquisa como eu. Corri para a biblioteca deles, fiz uma redação totalmente completa e descritiva de sete páginas. Muitos dos recrutas torceram o nariz pra mim, por eu não ser uma montanha de músculos como eles, então eu me dediquei pra mostrar a eles, que músculos não são tudo. Antes de ir embora, quando ia imprimir meu trabalho, Daisy sai não sei de que buraco e me diz que os trabalhos eram para ser manuscritos. Minha letra não é das melhores, então ela disse que escreveria para mim. O idiota aqui aceitou e Daisy trocou nossos trabalhos. Eu tirei um C." Ele estava nervoso apenas por causa disso? Livie pensou.
"Apenas? Um C é a pior nota! E eu fiquei com vergonha de admitir que fui passado para trás. Acho que estou puto comigo mesmo."
Ela riu. Daisy era assim antes, que bom que ela ainda continuava igual.
"Bom pra quem? A redação dela foi horrível, ela chegou a dizer que a força tarefa demorou muito para encontrar o meu pai e que se não fosse Brawn e Becca serem levados, talvez papai, Shadow e Wrath teriam morrido. Fury ficou furioso."
"Não é esse o significado do nome dele?" Livie riu mais um pouquinho.
"Ele me colocou para lavar os banheiros do centro de treinamento por uma semana!"
Ela sentiu pena.
"Volte pra casa. Use meu regresso como desculpa. Eu posso implorar para que papai te busque, e não estarei mentindo, estou com muita saudade de te abraçar." Ela disse, mas na mesma hora percebeu que ele não iria querer.
"Não. Existe uma aposta em curso e o nome de nossa família está em jogo. Não vou voltar. Pelo menos não antes de Daisy." Ele estava resoluto, Livie gostou disso.
"Você é o meu herói." Ela pensou.
"E como você está? Amanhã o dia será difícil, mas pode vir pra cá se precisar." Ele disse. Fugir. Era o que ela queria. Ela era uma fujona.
"Não pense assim. Você é corajosa, você é forte. Não foi sua culpa ficar todo esse tempo a mercê do escroto do seu pai." Livie sabia que ele dizia aquilo por que a amava.
"Eu gostei. Eu gostei de viver num mundo de fantasia. Eu nem sei se teria forças para voltar se Violet não tivesse me trazido a força."
"Ela pegou você, te colocou debaixo do braço e resgataram vocês? Eu não entendi nada."
"A culpa é minha. Eu afirmei para papai que estava bem e que podia ir embora quando quisesse. Ele acreditou. Eu disse que Evan tinha fugido, que estava segura com minha avó, que ia voltar quando eu me sentisse capaz de enfrentar tudo, papai respeitou e esperou. Era tudo mentira. Eu tinha medo de papai ir para a Inglaterra e matar Evan. Ele tem muitas provas daquele dia. Foi por isso que escapou. Seria aquilo tudo de novo."
"Isso não importava, você errou." Rom pensou, frio, duro.
"Ele disse que quando eu melhorasse poderia ir embora, não havia mais nada que o interessasse em mim, mas eu fui ficando."
"Mas por que Violet teve de invadir e te pegar?"
"Meu pai mantinha estrita vigilância sobre a casa, com seguranças aprimorados. Ele viajou e eles faziam a segurança dele até o aeroporto quando Violet entrou em meu quarto. Só Bill estava de guarda." Livie se encolheu ao lembrar mais uma vez de Violet cuspindo um pedaço do pescoço de Bill no chão.
"Meu Deus! Isso é real?" Romulus perguntou, Livie continuou mostrando a ele tudo o que aconteceu.
"Como conseguiu ver vocês duas correndo como se fosse outra pessoa?" Ele perguntou.
"Com os olhos de outra pessoa. Eu estava desesperada. Mas a cidade era pequena e a casa da minha avó ficava num bairro pequeno." Livie suspirou.
"E eu estou às turras com a gêmea malvada? Se a boazinha fez isso, o que posso esperar de Daisy?" Ele pensou, ela riu.
"Honor diz que Daisy é mais bondosa. Violet é muito ponderada, e isso a faz ser mais cruel que Daisy. Ele estava certo."
"Honor?"
"Eu conversava com ele através de Lily. Ele foi quem descobriu. Eu não cogitei que ele acabaria desconfiando,eu fui uma idiota."
"Ele é calado. O único naquela família na verdade." Livie sorriu ao se lembrar de Honor.
"Candid também era. Agora não é mais?" Ela perguntou.
"Candid nunca foi calado! Ele é o pior deles. Lunna diz que ele é inteligente e interessante, eu o acho um imbecil." Rom se exaltou, Livie achou estranho.
"E Lunna?"
"Ela está linda e cada dia mais linda." Uma imagem de Romulus beijando Lunna se fez na mente dele, Livie sorriu.
"E ficou só nisso?" Livie quis saber.
"Papai me enviou para essa porra de treinamento no dia seguinte."
"Ligue para ela." Livie sugeriu.
"E dizer o quê? Não. Eu vou pra Reserva daqui a algumas semanas, então..."
"Eu já estarei lá, talvez possa ajudar de alguma forma."
"Sim. Vai dar tudo certo." Ele pensou, ainda que havia um quê de incerteza na voz dele.
"Você tem o número de Honor?" Ela tentou não demonstrar ansiedade, mas a conversa acontecia na mente deles, não dava para esconder nada.
"Cuidado. Isso pode piorar as coisas." Romulus pensou, mas ditou os números. Livie anotou mentalmente os números com o coração disparado.
"Eu só quero saber como foi a reação de Pride." Ela justificou.
"Sei. Vou dormir, daqui a pouco estarei lavando os banheiros. Tem um recruta que é primata e eu juro que ele deve gostar de carne estragada, só pode!" Romulus rosnou e sumiu da cabeça dela.
Ela testou o telefone fixo que ficava em um dos criados mudos. A linha deu sinal, Livie esperou seu coração se acalmar e discou.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now