CAPÍTULO 33

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A clareira estava diferente, o lago estava do lado errado, mas era o mesmo lugar e Livie chorou de alívio. Ela ficaria ali. Seus filhos ficariam bem com Minerva, ela era uma mãe muito melhor e Pride estaria livre para sair do tormento que ela o arrastou desde que se conheceram.
"Pensando em ficar?" Ela olhou para o lado e sua mãe estava ali. Ela a abraçou e chorou.
"Me desculpa! Me desculpa, mamãe! Eu fui fraca, e agora você morreu. Eu vou ficar, vamos ficar juntas! Eu não quero mais!"
"E eu criei uma covarde? Não, senhora! Você é Olívia Graham, quer dizer Olívia North, e vai chutar a bunda daquela desgraçada. Você tem de voltar, você tem uma vida linda pela frente, meus netinhos precisam da mãe. Aquela... Bom, a tal lá, ela não levou eles na barriga, ela não tem o mesmo sangue que eles, Lily tem os seus olhos e o seu sorriso! Não desista deles bonequinha!"
"Mas assim que eu sair daqui, 'Ela' vai voltar! Eu não quero! Ela vai me usar para matar mais, eu não posso arcar com isso, por que sou eu! Sou eu que faço, ela só me controla!" Livie estava desesperada.
"Calma, você não tem muito tempo. Ela tem acesso a tudo, a todas as suas memórias a todos os seus poderes, mas isso é uma via de mão dupla bonequinha! Comece a procurar na mente dela quando ela estiver no controle, não se esconda! Assim, ela vai evitar aparecer e você se fortalece."
Livie tinha suas dúvidas. Uma ou outra vez que sondou a mente de Samantha, ela correu, era muita depravação, tudo muito terrível.
"A mente dela é o pior lugar em que se pode entrar, eu não sei se..."
"Você não tem escolha, seus filhos não tem escolha. Quanto tempo até ela querer Lily? Acha que quando ela fez a minha macaquinha era pra quê?"
"A sua macaquinha me mandou pra cá!" Livie disse. Ela nunca sentiu tanta dor quanto sentiu ao Jewel chegar gritando na casa dela.
"Bom, funcionou, não foi? E cuidado com ela. Embora, uma vez que Samantha tentou matá-la, acho que foi olho por olho."
"Certo. Mas é tão bom estar aqui! Lá fora é como se eu estivesse fora, as vezes eu não sei se estou sonhando ou não. E ela não está aqui. E nem me lembro quando eu fiquei sozinha, quando minha mente ficou em paz!"
"É, eu sei, bonequinha, aqui é bom. Mas quando eu penso no meu macaco, na minha macaquinha! Em Michelle, em Bells. Você o conhece? Ele é tão puro de coração, tão bom! Peça ajuda para eles, eles podem ajudar!" Livie se lembrou de uma vez, em seu lugar especial. Ela levou Michelle lá, Michelle quase morreu, mas ainda assim, ela continuou.
"Você não tem mais tempo. Lembre-se sonde a mente dela! A depravação e horror é só a superfície, é uma forma de te afastar. Descubra os segredos dela, aquela puta tem muitos e não quer que ninguém saiba de muita coisa, informação é poder, meu amor!"
E um grande lobo apareceu. Ele pulou em Livie a jogando no chão e depois ele correu fazendo círculos em volta dela.
"Vá! É muita falta de originalidade, porém." Ela torceu a boca.
"Por que está com essa aparência?" Ela não estava normal, estava...
"Estou feia, não é? É a culpa de Vengeance. Ele se culpa, então, estou assim. Ele meio masoquista e é um completo idiota. Anda, vá logo, siga o lobo!"
E Livie foi. Ela ainda pensava se a decisão foi mesmo dela, e ela estava vacilante, mas no fim, ela passou pela fenda.
Ela abriu os olhos e estava no hospital. Um homem muito parecido com Gabriel estava ali, ele usava barba, seus cabelos eram loiros escuros e seus olhos eram verdes.
"Bem vinda de volta. Eu sabia que como filha de Vengeance você podia voltar do nada, mas você passou muito perto de uma morte cerebral."
'Michael' A informação veio e a sensação ruim também, ela estava de volta e sua mente voltava ao tormento também.
"Eu estou me sentindo bem, posso ir para casa?" Ela perguntou. A casa que honor projetou para ela e Pride, com aquele quarto maravilhoso que Pride nunca mostrou a ela, mas que um dia ele dormiu nele. A tristeza veio, Livie tentou lutar contra isso.
"Bom, Honest virá, eu só queria te oferecer ajuda. Você parece um caso de múltiplas personalidades, eu sou psiquiatra, eu quero te ajudar. Afinal, fui eu que dei um jeito em seus remédios." Ele sorriu.
'Aceite!' A outra comandou. Livie sabia que ele não era de confiança, se rebelou.
"Não sei, vou pensar. Eu quero ver meus filhos. Onde está Honest?" Ela ficou firme.
'Vai se arrepender disso." Ela sabia que sim, mas estava cheia. Ela não deixaria sua mente mais.
Samantha, porém, riu e tentou o controle. Livie não deixou. Ela tentou se soltar da cama, ela queria correr para seu pai.
Mas uma batidinha na porta a distraiu. Eram justamente, Michelle, Bells e Jewel.
"Podemos?" Ele perguntou com um sorriso. Livie se concentrou nele, ela precisava estar no controle.
"Sim." Ela sorriu.
Michael que a observava, acenou e saiu. Michelle se aproximou, Livie estendeu sua mão presa pelo acesso, ela a pegou. Livie sentiu um calor bom, um pouco de paz em meio as vozes na cabeça dela.
"Tem uma macaquinha muito levada aqui que quer falar com você." Michelle disse e Livie olhou para Jewel com um certo medo.
"Não tenha medo. Meu Dindo me disse que fez um acordo, então não posso machucar você." Ela disse e o pai dela a sentou na cama.
"Eu fiquei sem a minha Dinda e eu surtei. Eu peço desculpas, eu acabei machucando uma das pessoas que eu mais amo no mundo, eu sinto muito."
"Pride está bem?" Ela se preocupou."
"Não estou falando dele, estou falando de Hush. Ele me salvou, pois assim que meu fôlego acabasse, Pride iria me matar. Eu vi isso." Livie não se lembrava de nada, só da dor.
"Eu nunca faria mal a minha mãe. Não fui eu! Eu juro." Jewel acenou.
"Você está louca e é perigosa. Mas meu Dindo disse pra confiar no tio V. e nos leãozinhos. Eu confio nos leãozinhos, então, tudo bem, mas não mate mais ninguém." Livie ficou surpresa com a maturidade daquela menina. Ela era muito novinha para falar daquele jeito.
"Conte com a gente. Sua mãe pediu pra ajudar, ela falou que você se sentiria bem com a gente perto. Eu não sei como, mas faremos qualquer coisa." Bells disse, ela sorriu. Sua mãe, sua mãe de verdade, não aquela que conversou com ela na clareira. Ela estava ajudando mesmo depois que Livie...
"Calma, não chore. Vem cá." Michelle a abraçou, Livie se agarrou nela, ela cheirava bem e não estava sozinha, Michelle estava...
"Você está..." Michelle sorriu, Bells sorriu um sorriso ainda maior. Jewel sorriu mas um pouco contida.
"Decidimos ter logo nossos três filhotes e parar. Simple, o leãozinho de..., Quer dizer, ele não usa mais tanto vermelho, mas ele disse que será outro macho. Ele sabe dessas coisas." Bells sorriu. Livie ficou feliz e entendeu o que sua mãe quis quando pediu que eles ajudassem. Eles eram bons e felizes, eles lhe davam esperança.
"Eu fico feliz por vocês! Muito feliz!" Livie riu. Felicidade. Isso ajudava. Ela fez uma pequena prece por sua mãe, agradecida.
"É só uma pena que eles crescem tão rápido. Treasure já não brinca mais de boneca comigo. E ele não faz nada de errado, então não posso obrigá-lo." Jewel suspirou. Livie riu.
"Exatamente, macaquinha. E obrigar seu irmão é errado." Michelle disse. Jewel lhe estendeu a mão, ela pegou e Jewel beijou.
"Eu sei mamãe. Eu te amo, vou obedecer." Ela piscou os adoráveis olhos azuis dela para Michelle, Michelle se desmanchou. Jewel parecia sincera.
"Mande-os embora." A voz odiosa, nojenta disse, Livie ignorou.
"Posso visitar vocês? Hoje, mais tarde?" Ela disse num impulso. Eles acharam que ela estava se despedindo, Bells pegou Jewel no colo.
"Claro. Eu chego às quatro. Umas cinco horas está bom." Livie sorriu, eles se preparavam para sair quando Jewel desceu do colo de Bells e abraçou Livie.
" Você me perdoa? Mesmo, de verdade? Doeu muito, foi muito ruim, eu queria matar eu queria..." Lágrimas rolaram pelo rostinho de boneca dela, Livie a abraçou apertado e sussurrou em seu ouvido:
"Sim, querida. Eu perdôo. Me perdoe também por ser tão fraca, por ter perdido o controle." Livie disse.
Jewel se afastou o suficiente para que elas ficassem cara a cara.
"Olhe sempre nos olhos. Olhe nos olhos de todo mundo, sempre. Isso ajuda a não ser má, por que você vê que está fazendo os outros sofrerem. Aí seu coração dói e você não faz." Ela sorriu. Bells a puxou da cama e a jogou pra cima.
"Quem é a macaquinha do papai?" Ele disse e ela riu. Michelle beijou a testa de Livie e eles se foram.
As palavras de Jewel tocaram Livie. Ela não estava sozinha, Livie, pela primeira vez desde que sentiu a opressão maligna 'Dela', respirou fundo e ergueu o queixo.
"Se preparando para a luta?" Uma voz a fez olhar para a porta. Livie arrancou todos os acessos e até uma sonda urinária desesperada e correu para os braços dele. Ela o escalou e se grudou no pescoço dele com força. Ela não o soltaria. Nunca mais.
Mas ele a afastou, ela ainda se segurou, mas ele insistiu em afastá-la, ainda que com delicadeza.
"Você está sangrando." Ele disse,a sentou na cama e apertou uma campainha.
"Não!" Ela disse assim que ele colocou a mão no botão, mas ele apertou.
"Eu só vim ver como você está. Eu não poderia ficar lá sem te ver bem." Ele disse.
"Mas você vai voltar?" Ela perguntou e puxou uma mão dele cheirou e beijou a palma. Ele rosnou baixinho.
"Sim." Ele disse. Ela o aproximou da cama e abriu as pernas para que ele se encaixasse entre elas, mas ele se afastou.
"Eu vim me despedir. Eu vou para a Europa." Ele disse, ela se sentiu murchar. Toda a autoconfiança, toda a força que o amor que sentiu na família de Bells e Michelle começou a escoar.
"Calma! Olha pra mim. Se eu ficasse aqui eu seria uma muleta. Mais uma, pois você já tem Lily, Sheer, seu pai, e o mala do Pride. Você precisa vencer essa batalha sozinha, Olívia."
"Por que me chamou de Olívia?" Ela perguntou. Ele foi um pouco frio.
"Por que talvez seja a hora de deixar Livie para trás. É só um nome, eu sei, mas lembra de todas as vezes que falamos sobre o poder das palavras? O poder de um nome? Se formos sinceros, eu não fui muito 'honroso' me apaixonando por você." Ele sorriu, fez aspas com os dedos quando disse 'honroso'. Mas Livie se esqueceu de tudo o que ele falou, ela só conseguia pensar que ele disse que se apaixonou por ela.
"Você..." Ela perguntou.
"Me apaixonei? Sim, mas você sabe que não vivemos uma situação real, não é? Nós não somos aqueles dois que só conversavam, a vida é muito mais que uma conversa, Livie. Esse tempo se foi. E talvez abandonar seu apelido ajude. Diga, eu sou Olívia North. E eu chuto bundas, não deixo chutarem a minha bunda!"
Livie sorriu.
"Diga!" Ele sorriu, um imenso sorriso, lindo, perfeito.
"Eu sou Olívia North! Eu chuto..." Ela riu.
"Ah, você parou na melhor parte!" Ele também riu.
"Eu sou Olívia North! Eu chuto bundas! Ninguém chuta a minha bunda!"
"Eu sei de alguém que se não sair daqui agora vai ter a bunda chutada."
Candid disse da porta. Ele vestia uma roupa de Hospital.
"Você está trabalhando aqui?" Honor perguntou, Livie também achou estranho.
"Eu também sou médico. Honest perdeu pra mim ontem, apostamos que Slade tinha de implantar um dente, ele realmente teve. Então, eu estou aqui, ele está lá em casa. Se for ficar para o almoço, peça comida do refeitório." Ele sorriu.
"Estão trocando de lugar?" Honor perguntou.
"Não, idiota! Eu disse que ficaria aqui e Florest precisa de aliados, ele topou. Tia Trisha não está aqui hoje. E mamãe aceitou, eu disse que queria um pouco de experiência, afinal vou ter de fazer a porra da faculdade de medicina no tempo normal, ainda faltam mais de quatro anos." Ele falou enquanto curativava o acesso que Livie arrancou e que sangrava.
"Europa?" Ele perguntou, Livie sentiu o peito doer.
"Sim. Daqui a uma semana. Não tenho um ex-congressista para dar telefonemas e arrumar uma viagem pra mim num dia. Eu vou a convite de uma universidade na Polônia. Mas vou passar por vários países." Ele disse.
"Bom, se divirta. Pode se vestir Livie, está liberada. Pride está se vestindo e se você, Honor, for continuar aqui, me diga pra eu buscar um pouco de pipoca. Vou adorar assistir ele chutando a sua bunda." Ele sorriu, debochado.
Livie se levantou e foi ao banheiro. Ela olhou em volta e viu um conjunto de moletom, um sutiã e uma calcinha de ginástica sobre a bancada da pia.
Ela vestiu e quando saiu do quarto Pride e Candid estavam lá, Honor não.
"Ele deixou isso." Pride entregou um livrinho a ela. Era um livro com capa dura mas tinha sido feito a mão. Havia um desenho do rosto dela, ela sorria, na capa. Ela folheou e eram versos.
"Isso é tão tocante." Candid disse, debochado ao extremo.
"Vamos?" Pride perguntou. Ele vestia um conjunto similar ao dela.
Eles se despediram de Candid e saíram para o estacionamento.
"Jewel te pediu desculpas? Engraçado, ela não se desculpou comigo." Ele indicou um jipe, Livie subiu e se sentou.
"Talvez o fato de que você a mataria se Hush não tivesse entrado na frente de suas garras, fez ela pensar que estão quites." Ela disse, ele sorriu.
"É. Sempre pensei que ela era meio malvada, não pensei que seria tanto."
Livie riu.
"Ela é doce, só que não com todo mundo." Livie defendeu Jewel.
"Ela é boa para Lily. Isso é o que importa."
"Eles sabem?" Livie perguntou.
"Sim, mamãe contou." Ela acenou.
"Vocês fazem alguma cerimônia?" Ela perguntou, queria se despedir de sua mãe.
"Sim, mas as cinzas estão com Dusky e ele não quer nenhum de nós perto da propriedade dele."
Ouví-lo dizer que sua mãe se transformou em cinzas e pensar que ela foi a responsável lhe entristeceu. Ela sentiu a opressão, ela se forçou a resistir, mas sua mãe tinha morrido, ela a tinha matado.
Livie se encostou nele e fechou os olhos. Talvez se os fechasse só um pouquinho...


FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now