CAPÍTULO 38

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Duas semanas se passaram até James voltar. Minerva estava fazendo o café da manhã, quando ele entrou na cabana. Dusky dormia, ele não acordava cedo. Minerva estava gostando de estar ali. Ela teve de ir a cidade duas vezes, e foi com tanto medo, que ficar ali bem no meio do mato tinha seu apelo. E ela aproveitou para ler. Trouxe vários livros de sua livraria abandonada. Ela e Dusky passavam os dias em calma paz entre leituras e conversas. Ele continuava rabugento, mas Minerva estava adorando o jeito curioso dele.
Jewel vinha contar tudo o que descobria e eles ficavam horas falando sobre todos. Ele mais ouvia que falava é claro, mas quando abria a boca quase sempre fazia Jewel rir.
E ele sofria. A casa estava cheia de mantas feitas com retalhos, ele cheirava cada uma de manhã. Havia um cesto com materiais de costura que ele passava horas mexendo, um dia, Minerva o pegou tentando costurar. Era uma cabeça de boneca inacabada, ele fez uma costura toda torta tocou, cheirou e depois colocou de volta no cesto. Minerva chorou esse dia. E foi dando uma revolta nela!
Como Livie podia estar livre e bem, inclusive transando com Pride, é claro que Jewel veio contar, criando seus filhotes, como eles diziam, e Dusky estar ali, sofrendo?
Ela decidiu que quando encontrasse seu filho, se ele estivesse bem, ela sumiria, nunca mais voltaria àquela região da Califórnia. Se ele não estivesse, se estivesse abandonado ou sendo abusado por sua família, ela daria um jeito de roubá-lo e os dois iriam embora. Para o México, ou... Eles sairiam do país.
Ela não veria Pride nunca mais!
E nem Jewel, ou Treasure. Nem veria novela infantil com eles. Nem passaria um tempo com Michelle ou nunca mais conversaria com Dusky. Isso seria triste, mas ela estava cheia!
"Aceita café?" Ela perguntou, ele sorriu. James, como todos naquela família maldita, era muito bonito. Forte, alto e musculoso. Engraçado como ele sempre vestia jeans e camisas de botões, camisas sociais no caso, sapatos e uma vez até o viu de gravata. Enquanto Pride só usava moletons. E parecia poder passar o dia todo nu se fosse permitido. Pride nu. Minerva se forçou a prestar atenção no que ele dizia.
"... Particularmente difícil. Eu já encontrei pessoas com menos informações que isso. Tudo está muito estranho." Ela acenou triste.
"Omelete?" Ela perguntou. Era para Dusky, ela fazia e colocava sobre o fogão, pois quando ele sentia o cheiro, ele se levantava.
"Obrigado. Candid é o melhor cozinheiro entre nós, a omelete dele..." Ele colocou uma porção na boca.
"Nossa! A sua é muito boa!" Ele disse de boca cheia, mastigando.
"Essa não é a omelete que você fez pra mim?" Dusky perguntou saindo do quarto, fazendo James dar um pulo na cadeira.
"Dusky! Bom dia! Eu... Ela que me ofereceu!" James disse toda a sua postura fria e distante indo por água abaixo. Minerva riu, Dusky não. Será que ele ficou irritado por causa de uma omelete?"
"Costuma entrar nas casas das pessoas e comer as omeletes delas? Sua mãe não ensinou que isso é feio?" Ele cruzou os braços e olhou James com severidade.
"Me desculpe." James baixou a cabeça.
"Bom. Agora termine de comer, Minerva faça outra omelete pra mim. Enquanto come, James, explique por que ainda não achou o filhote dela. Pensei que você fosse o filhote mais inteligente desse lugar." Dusky disse enchendo um copo com café. Ele adorava café.
"Eu não sou nem de longe o mais inteligente daqui. Simple é." Ele disse, sua voz denotando um certo respeito pelo irmão mais novo.
"Ele não vale. Simple é um desgraçado de marca maior. Ele está metido em tudo nesse lugar. Se eu soubesse que quando eles vinham aqui, que depois seriam tão..." Ele não terminou.
"Está falando de quando eram pequenos?" James disse.
"Sim, tinham dois ou três anos. Eles enrolaram Silent. Eu sabia que iam tirá-lo daqui. E tem o túnel. Ninguém o tinha descoberto até eles. Fora todas as peças que pregavam. Blue ria dizendo que eram filhotinhos do coisa ruim, ele estava certo, no fim das contas."
Minerva gostava de quando Dusky citava Blue. Ele fazia isso sempre com um sorriso, ele estava em paz com o fato de Blue ter se ido. Minerva rezava para que ele conseguisse ficar em paz com a morte de Ann também.
"Então você está tendo dificuldades?" Minerva voltou ao assunto de seu filho.
"Não. Dificuldade significaria que eu teria alguma pista. Eu não tenho nada.
É como se eles sumissem do nada. É como se..." James ficou em silêncio.
"O que foi?" Minerva perguntou.
"Ninguém some do nada." Dusky disse. Ele parecia ter entendido, mas Minerva não.
"E se não eram de outra cidade?" James perguntou. Dusky assentiu.
"Não haveria passagem de avião. Nem filmagem em postos de gasolina, nem registros de pedágio." James disse pensativo.
"Não. O padre Phill disse que eles moravam longe." Minerva disse. Padres mentem? Não. Não o padre Phill, ela devia a ele ter estudado, ela devia tudo ao padre Phill!
Dusky bufou.
"Faça a minha omelete. Pelo menos você é uma boa cozinheira, pois é uma péssima julgadora de caráter." Ele disse, Minerva passou pelo balcão, quebrou os ovos e começou a preparar a omelete, sua cabeça rodando por todas as possibilidades caso o padre Phill tivesse mentido.
"Como era o seu pai, Minerva? Eu consegui uma foto de sua mãe, mas não de seu pai. Eu preciso de pelo menos uma idéia da aparência dele, uma ideia que fosse. Se eles moravam na cidade, haveria registros pediátricos ou escolares. Mas eu preciso saber algo da aparência dele, o filho da puta que te estuprou morreu, não consegui uma imagem boa dele." Minerva assentiu, ela imaginava que aconteceria algo assim, Dom bebia muito.
Minerva se lembrou do rostinho de seu filho. Ele tinha uma carinha de rapazinho, seus traços eram delicados, seu narizinho era retinho, seus lábios eram bem feitos. Seu cabelinho era fino, liso e brilhante. Castanho.
"Se tiver uma idéia de como pode ser a aparência dele, você pode ter uma pista?" Dusky pegou o prato que Minerva estendeu e começou a comer.
James o olhava sério, seus olhos não se desviaram.
"Eu vou cruzar referências, pesquisar registros médicos. Ele provavelmente não tem heterocromia, ou se tem nunca foi levado a um oftalmologista." Minerva o encarou.
"Eu nunca fui num oftalmologista, minha visão é perfeita. Na verdade, acho que eu nunca fiquei doente." Era verdade. Minerva inclusive passou por uma epidemia de sarampo na escola, ela não teve nada.
"Sim, mas é comum pais adotivos fazerem exames investigativos para saberem a situação de saúde dos bebês que adotam. Se ele tivesse heterocromia, talvez estivesse em algum registro. Mas se eu restringir a busca à sua cidade e às cidades adjacentes pode render alguma coisa."
Dusky terminou a omelete e bufou.
"Droga!" Minerva o olhou. Ele fez uma careta. Se aproximou e tocou no rosto dela. Ele a examinou, como se quisesse enxergar seus traços. Mas estava claro, ele não veria.
"O que há sobre as gerações de primatas em nossos registros, James?"
"Não muito. A instalação em que você estava não destruiu os registros, por que eram poucos, eles usavam vocês para a criação das drogas. Era uma instalação meio mal dirigida, eu acho que era de fachada."
"De fachada?" Minerva perguntou.
"Pense que os cientistas, os grandes, não iriam querer que os verdadeiros resultados caíssem nas mãos da Mercille. E então, o que fariam? Forjariam resultados, usando uma instalação onde os Novas Espécies de lá, seriam usados e depois mortos. Se os resultados fossem falsos, eles não precisariam de um sistema que os destruísse se a instalação fosse invadida." James disse.
Minerva acenou.
"Ok, James, mas isso não me interessa. Embora explique algumas coisas. Mas o que eu quero é que você me diga sobre o aspecto geral dos Novas Espécies de terceira geração." Ele disse.
James sorriu e começou a comer a outra omelete que Minerva fez.
"Porquê?" Ele perguntou, Minerva também achou estranho. Mas Dusky continuou esperando dando a entender que não se explicaria. James deu de ombros.
"São muito poucos. Temos os gêmeos de Grace, idênticos. Depois dos meus irmãos, eles são os únicos gêmeos idênticos em todo nosso povo." Minerva franziu a testa.
"Você e seu irmão, vocês são..." Ela disse.
"Sim, somos parecidos, mas não somos idênticos. Continuando: Storm e Tempest são parecidos com Torrent. Mesma cor de cabelos, olhos e pele. Mesmos traços. Harmony se parece com Grace e Melody com o tio V., ela tem até os olhos dele. E dizem que vê o futuro também. Lily se parece com Pride, mas ele tem cara de fêmea. Ela tem os olhos de Livie. Sheer é uma cópia perfeita de Pride. Alicia, que acabou de nascer, é exatamente igual a Peter. Os filhotes de Isaac e Rebbeca são exatamente como eles, o que seria lógico, já que são irmãos." Ele disse e voltou a comer.
Minerva olhou para Dusky, toda aquela história estava muito estranha.
"Todos se parecem mais com o pai, então?" Dusky perguntou.
"Sim, tirando Melody, que é parecida com o meu tio." James disse. Mas ele estava pensando algo. Minerva teve a impressão de que eles estavam se comunicando de uma forma que ela não entendia.
"Há uma coisa: apenas Alicia é filhote de uma humana e um Nova Espécie de segunda geração. E ela nem parece ser filhote de Charlie, assim como nós não parecemos ser filhotes de minha mãe."
"E se o pai fosse humano?" Dusky perguntou.
"Não existe essa hipótese ainda, mas teoricamente, os traços poderiam ser da mãe nesse caso." James disse.
Minerva os olhou. De onde aquilo tinha saído? Eles falavam do filho dela ou dos filhotes deles?
"Ou do avô? No caso de ser macho?" James franziu os lábios.
"Vou olhar por esse lado, e daqui a duas semanas eu volto." Ele se levantou. Minerva estava agradecida, então, o abraçou.
"Obrigada, James. Muito obrigada, você é muito ocupado e mesmo assim arruma tempo pra me ajudar." Ele tocou no rosto dela.
"De nada." Ele disse e saiu.
"É como eu digo. Fêmeas sempre escolhem os mais idiotas." Dusky bufou, pegou uma manta e se enrolou no sofá. Ele ficaria ali por um tempo, então, Minerva foi lavar roupas. Havia uma pilha de roupas de Ann que Bells disse que levaria embora, mas não tinha levado. Tudo estava parado ali. Ela sentia tanto!
Na hora do almoço, Jewel apareceu. Ela veio acompanhada de uma menina loira que tinha calda. Ela era pequena, tinha lindos olhos azuis e longos cabelos, muito mais compridos dos que os de Jewel.
"Oi! Eu sou Missy." Elas entraram e foram direto para o quarto de Dusky. Ele estava deitado, Jewel se deitou com a cabeça no peito dele e a outra menina se sentou na cama.
"A que devo essa honra?" Dusky foi dizendo.
"Você lembra de Missy? Ela veio aqui um dia desses." Jewel perguntou.
"Sim, é claro. A gatinha com calda. Em que posso ajudá-la?" Ele se sentou na cama. Minerva continuou observando da porta.
"Minha mãe. Ela está no cio e está muito brava. Papai é irmão dela e não pode mais ajudar, foi o que ele disse. Fred está chorando, ela não quer dar leite para ele. Você pode ajudar?" Missy disse. Minerva não entendeu. Como ele ajudaria?
"Como eu poderia ajudar, pequenina?" Dusky fez a pergunta de milhões.
"Você está triste por causa da minha Dinda, Rebbeca está no cio e está muito brava, muito violenta. Talvez você e ela pudessem..." Jewel disse.
"Não." Ele disse. Jewel beijou a testa dele.
"Me desculpa. Eu só fiquei com pena de Missy. Não fique com raiva de mim, tá bom?" Jewel disse.
"Nós vamos falar com o Leaf então, Jewel? Eu não gosto muito dele." Missy disse já se levantando.
"Leaf? Vocês estão loucas? Leaf é um idiota. Procurem Book. Ele é simpático." Dusky disse.
Jewel o beijou de novo, dessa vez nos lábios. Filhotes novinhos faziam isso, era um carinho.
"Viu? Eu disse que meu Dindo ajudaria. Vamos." E elas saíram correndo.
"Você a conheceu? Rebbeca?" Ele se levantou e foi até a cozinha o almoço estava pronto.
"Sim, eu a vi. Ela é um pouco selvagem. Eu só acho estranho ser Missy e Jewel que estejam cuidando desse... Problema." Minerva disse.
"A irmã de Rebbeca, a tal doutora, está as voltas com os sobrinhos, um filhote que ela ganhou do nada e uma irmã que tem a mentalidade de uma criança, ela nem deve imaginar que Missy e Jewel estão atrás de alguém para compartilhar sexo com Rebbeca." Ele disse enchendo seu prato.
"E o irmão mais velho?" Ela também conheceu Isaac.
"Ele parece estar mais interessado em construir uma casa e arrumar algo para fazer. Ele parece ser bom com computadores, segundo Jewel. O complexo já está providenciando uma casa para eles."
"E você vai me explicar o que foi aquilo de falar dos traços dos filhotes de terceira geração?" Quanto mais ela pensava, menos entendia.
Dusky suspirou.
"Me deixe te contar uma história." Ele disse. Minerva se serviu e se sentou.
"Eu devo ser um dos mais velhos do meu povo. Existe a história de Silent, que foi criado de forma diferente, como uma mistura de genes e alguns acreditam que ele seja o mais velho de nós, mas eu acho que não. Eu não sei a minha idade, mas passa de sessenta anos, isso com certeza. Se você for pela lógica pode chegar à conclusão de que criar uma nova espécie híbrida de humanos e primatas seria muito mais fácil do que uma híbrida de humanos e felinos, como é o caso do seu idiota, por exemplo. Então, eu fui um dos primeiros, os primatas foram. E a partir daí vieram os caninos e felinos. Eu me lembro de ter nascido com visão e era tão grande e forte como os outros, mas eles quiseram diversificar os resultados e observar o quanto podiam nos mudar. E eu não cresci como os outros, ainda que meus sentidos fossem muito superiores. Eles me cegaram e meus olhos se curaram mais de uma vez, até que ficaram assim, eu enxergo devido a uma combinação de luz e sombra. E depois vieram as experiências sexuais. E foram anos sem fim de todo o tipo de perversidade até que se deram por satisfeitos com uma droga a qual eu vou sentir os efeitos para sempre. Eu vivo numa excitação quase diária. Mas já me acostumei, Ann e eu, por exemplo, demoramos para dormirmos juntos por que ela disse que queria que eu dissesse que a amava. Ela exigiu que eu só tocasse sexualmente nela se eu dissesse que a amava. Eu nunca disse." Ele se mexeu no assento. Parecia triste, muito triste.
"Mas voltando a instalação, durante os anos que passei lá, os diretores vieram e se foram. O último, tinha feito alguma coisa, ele foi designado para lá por que tinha feito algo errado, então, ele não ligava muito para o que acontecia lá, então, os técnicos tomaram conta, pois os estudos já tinham terminado, nós apenas passávamos os dias na cela, as vezes nos davam jogos ou alguma coisa para fazer, mas lá estava meio abandonado. Então, os técnicos começaram a abusar de nós. Não de mim, é claro, eu matei pelo menos uns dois, mas os outros sofreram muito, Bells mesmo, ficou totalmente traumatizado, ele sofreu abusos desde muito cedo devido ao desenvolvimento das drogas, depois por pura incompetência do diretor.
E havia alguns que gostavam de olhar.
Eles jogavam fêmeas humanas dentro das celas e ficavam olhando. Geralmente eram prostitutas ou mulheres que queriam uma 'emoção diferente'. Sexo com animais, sei lá.
Fizeram isso uma única vez comigo. Eles me odiavam, eu estranhei, acho que a mulher me escolheu, eu não sei. Mas eu estava muito excitado, eu a cobri e compartilhei sexo com ela tantas vezes que tiveram de entrar na cela e tirarem ela de lá.
Enquanto ela estava lá, ela disse que trabalhava numa clínica e que era amiga de uma das técnicas. Ela disse que foi a maior emoção da vida dela, que ela nunca tinha sentido tanto prazer na vida. Ela disse que disseram que ela poderia voltar quando quisesse, mas quando eu perguntei se ela não se importava de ser observada, ela arregalou os olhos. Ela não sabia." Minerva ficou desconfortável. Isso era terrível, saber que pessoas normais, mulheres normais entravam em celas para fazerem sexo com homens que elas nunca viram e que estavam presos.
"Elas não desconfiavam de que vocês não eram humanos?" Ele sorriu.
"Ninguém sabia o que era um Nova Espécie na época, isso foi antes de nos libertarem. Elas viam homens grandes e fortes nus, com enormes paus em riste e ainda podiam escolher. Acha que se importavam se os olhos eram muito redondos? Ou muito puxados? Ou pelos caninos grandes? E não eram só mulheres que entravam nas celas.
Bom, essa mulher em questão, foi arrancada dos meus braços, eu não queria que ela se fosse, afinal, havia a droga correndo pelo meu sangue. Ela foi embora, mas antes ela agradeceu. Ela disse que nunca me esqueceria."
Minerva ficou inquieta. O que essa história teria a ver com o filho dela?
"No fim das contas, ela engravidou. Se ela soube que eu era Nova Espécie depois de toda a exposição da nossa história e ligou os pontos, eu não sei, mas ela me deu uma filhote. Uma filhote com olhos exatamente como os meus antes de os furarem diversas vezes, é claro. Um olho verde, outro azul." Ele se recostou e encarou Minerva. Ela ficou sem voz. Abriu a boca, fechou. Não. Ela não era...
"Minha mãe disse que meu pai verdadeiro era um cara qualquer." Ela disse. Não sabia o que dizer.
"Exatamente. Ela esqueceu de dizer que era um cara qualquer preso numa jaula." Ele riu. Minerva o olhou. No sol do meio dia que entrava pela janela, os olhos dele eram azuis. Muito claros, descoloridos. Ou não? Ela observou e viu. Um olho, o direito, era mais claro que o outro. Mas ainda parecia azul. A cabeça dela girou, confusa.
"Não. Ela não faria isso. Por que ela faria? Ela era um boa mulher, ela..."
"Se coloque no lugar dela. Você tem um trabalho que não gosta, você não tem companheiro, não tem dinheiro, não viaja, não se diverte. E aí uma amiga te dá a oportunidade de ter uma noite diferente, uma noite de muito sexo, com um macho que vai te dar múltiplos orgasmos e tudo o que precisa fazer é entrar numa cela. Você não entraria?" Ele disse, sorrindo de lado. Minerva deixou o por quê de sua mãe ter feito isso de lado. Isso era algo para se pensar depois. Ele estava dizendo que era pai dela! Pai dela!
"Você tem certeza? Por que eu não sou a única pessoa com um olho verde e um azul desse país." Ela disse, embora seu estômago estivesse lotado de borboletas batendo as asas.
"Há o seu cheiro. Não é muito fácil de se perceber por que primatas tem um cheiro parecido com o cheiro dos humanos, assim só mesmo os que têm um olfato espetacular conseguiriam ligar o meu cheiro ao seu antes de nós dois nos conhecermos. Mas eu? Eu sinto. Vengeance, aquele imbecil tem memória do cheiro e sempre soube. Simple também, é claro."
"Por que não contou antes?" Ele deu de ombros.
"Eu queria ficar sozinho. Mas tive que trocar a vida de Livie pela sua. Agora, talvez seu filhote se pareça comigo e isso pode ajudar a encontrá-lo." Ele disse.
Minerva ainda não sabia o que pensar.
"Eu não sei o que..."
"O que fazer? O que dizer? Não diga, nem faça nada. Quer me chamar de pai? Chame. Não quer? Não chame. Se quiser ir embora, vá. Eu, no entanto, estou feliz por você estar aqui." Ele sorriu.
"Trocar a vida de Livie pela minha?" Mais uma coisa que ela não esperava ouvir.
"Exatamente. Eu mataria Livie, eu faria isso, estava decidido, afinal seria morto depois. Mas Vengeance contra atacou e disse que mataria você. Eu, então não tive alternativa. Não queria que você soubesse, mas não posso te deixar sofrendo sem saber notícias do seu filhote."
"Eu preciso pensar." Ela disse saindo pela porta.

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