CAPÍTULO 30

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Stylet desceu da árvore quando ouviu os passinhos leves da fêmea de Pride. Ela saiu e desceu a encosta com dificuldade, afinal Stylet nunca viu uma fêmea tão inútil como aquela. Ele voltou a subir, se lembrando do conselho de Violet para manter distância. Ele, no começo achou que Vi, ele adorava o apelido dela, estava sendo muito cuidadosa e sem motivo, mas uma ou outra vez, a fêmea mudava. Ela fazia perguntas estranhas, como por que o pai dele não era irmão do pai de Pride. Stylet nesse momento se fingia de bobo. Era até divertido, por que ela revirava os olhos com desprezo.
Stylet inspirou e notou confuso que o cheiro dela agora estava acompanhando do cheiro de um jipe. Mas Pride não estava ensinando ela a dirigir? Stylet desceu de novo e correu no meio das árvores o mais silenciosamente que conseguiu atrás do jipe. Ela parou o jipe, fora da estrada, perto de uma área sem casas por perto e começou a andar fora da estrada principal, bem na Zona selvagem. Stylet ficou curioso por que ela parecia estar indo para a casa do tio Dusky. Ele subiu numa árvore distante e ficou ouvindo e farejando ela. A fêmea parou a poucos metros da casa, ficou ali durante um tempo e depois refez todo o caminho até o jipe parando para descansar, ela era muito fraca.
Depois, subiu no jipe e voltou. Stylet ficou bem distante mas a ouviu deixar o jipe no mesmo lugar e voltar. Só quando ele a ouviu se deitar em seu quarto é que ele mudou sua direção e foi para a casa de seu tio Valiant que é onde estava hospedado.
Com essa vez, essa fêmea doida tinha saído três vezes. Mas só nessa ela tinha usado o jipe. Stylet entrou na casa, subiu as escadas, deu três batidinhas na porta do quarto de Violet e desceu de novo. Ele foi para os fundos da casa, subiu numa árvore lá e esperou.
Não demorou e ele sentiu o cheiro de Violet. O melhor cheiro do mundo! Ela veio silenciosa e com um salto incrível ela subiu na árvore.
"E..."
"Ela saiu de novo. Seu irmão não percebeu, ele dormia e seus sobrinhos também. Ela usou um jipe dessa vez e chegou perto da casa do tio Dusky. Mas não entrou." Stylet sussurrou.
Violet acenou e franziu o adorável narizinho dela, Stylet tinha de se segurar para não tentar beijá-la.
"Tem certeza de que ela não entrou?" Violet sempre duvidava dele, como se ele fosse burro.
"Tenho." Ela sorriu.
"Obrigada, Stylet. A esse ponto você já deve ter imaginado que ela é perigosa, não é?" Violet perguntou. Stylet assentiu, mas na opinião dele a fêmea era fraca demais, pequena, magra.
"Eu nem sei como agradecer." Ela disse.
Mas Stylet sabia e dessa vez não a deixaria escapar. Ele segurou o braço dela.
"E se eu quiser um beijo?" Ele disse e a encarou.
"Eu ficaria cheirando a você e não sei se isso seria bom. Sabe o quanto o faro do meu pai é bom." Ela respondeu e Stylet pensou que era verdade. Ela ficaria com o cheiro dele, cheirando como se fosse dele, o cheiro dele misturado ao cheiro gostoso dela e...
Stylet se sentiu caindo e suas costas pousaram no chão violentamente, todo o ar saiu dos seus pulmões. Mas ele não podia ficar deitado de costas, vulnerável, então se levantou bem na hora que algo pulava sobre ele no chão. Stylet se endireitou e viu Florest virar um borrão e voar pra cima dele, foi muito rápido, não deu pra se defender e Stylet sentiu seu maxilar quebrar, seu rim parecer explodir e ainda sentiu uma de suas pernas virar pro lado errado. Florest, depois desse ataque, se afastou.
"Nunca mais toque nela!" Ele disse.
Stylet caiu e não se levantou, ele cuspiu sangue, tudo estava ficando escuro. Violet tinha gritado, por que quando ele caiu, ela caiu também.
Stylet olhou pro lado e a ouviu perguntar a Florest se ele estava louco, mas ele fechou os olhos e quando os abriu, um daqueles três que eram idênticos estava lhe apalpando do lado. Stylet meio que ouviu outros brigando, mas ele apagou.
Ele abriu os olhos e estava num lugar gelado, muito gelado e mesmo Stylet percebendo que estava coberto com grossos cobertores e vestido com luvas, meias e um gorro, Stylet ainda sentia frio.
Ele fechou os olhos e se localizou.
Apurou os ouvidos e ouviu que a fêmea inútil estava ali. Que estranho. Os instintos de Stylet diziam que ele devia ficar imóvel e em silêncio. Stylet procurou se acalmar, havia uma máquina que apitava e Stylet sabia que se seu coração disparasse a máquina ia disparar. Seu irmão Boon ficou internado uma vez.
"Tem certeza de que foi por causa de Violet?" A fêmea perguntou. A voz dela era doce, mas havia um tom de maldade em tudo o que ela dizia.
"Sim, qual o problema? Ele não é o primeiro nem o último deles que briga por causa de uma fêmea."
"Violet é muito esperta e deixou bem claro que não gosta de mim." Ela disse.
"Não gosta de Livie, você quer dizer." O macho a corrigiu.
"Ele fica enfiado na minha casa o tempo todo, eu preciso que ele não volte. Cuide disso."
"Por quê? Por que eu faria isso? E não sou eu que estou tratando ele, é Honest. Ele iria desconfiar de mim, me espancar e perguntar depois, não estou a fim."
"Você não era tão covarde assim."
"Nem você escondia coisas de mim. Por que está fazendo isso?" Ele perguntou.
"Eu ainda não confio em você. E não matar esse idiota me faz confiar ainda menos." Stylet segurou firme, mas o medo fez seu trabalho e a máquina apitou.
Ele não teve outra alternativa que fingir que tinha acordado.
"Olá? Que lugar é esse?"
Um homem que era familiar a Stylet apareceu no quarto. Era o tal médico que diziam que morreu e ressuscitou.
"Como se sente?"
"Onde estou?" Ele perguntou enquanto sentia que a fêmea estava indo embora. A porta fez um barulhinho leve, mas ele escutou.
"Está na minha cabana. Eu sou o doutor Gabriel. Se lembra de mim?" Stylet fez que não.
"É mesmo? Eu tratei de um corte fundo que você fez no braço, não se lembra?" Stylet se lembrou. Ele só tinha uns três anos.
"Meu irmão me cortou." Dagger. Ele tinha muito ciúme de Stylet.
"Irônico não?" Stylet não entendeu direito.
"O nome de seu irmão significa adaga e ele te cortou." Gabriel explicou. Stylet sorriu. Ele não era tão mal quanto pareceu na conversa com a fêmea.
"Honest não deve demorar, você está bem. Você se machucou mais na queda do que com os golpes de Florest. Se você fosse humano estaria paralítico agora."
"Para... O quê?" Stylet perguntou, mas o médico apenas sorriu.
"Descanse." Stylet fechou os olhos.
Da outra vez que ele acordou, ele estava no quarto que estava ocupando na casa de seu tio. Ele não abriu os olhos, mas sentiu o cheiro de Violet e a outra, a que Blade gostava dentro do quarto.
Não havia perigo, então ele abriu os olhos.
"Oi, Stylet." Violet disse e sorriu.
"Está melhor?" Ela perguntou.
"O que aconteceu?" Ele sabia o que tinha acontecido, mas estava tão confuso. Ainda não entendia por que Florest lutou com ele.
"Você e minha irmã estavam namorando na árvore, Florest os encontrou e te quebrou todo, só isso." Daisy, Stylet lembrou o nome dela, disse.
"Eu e Violet não..." Violet lhe beijou os lábios, calando a boca dele. Foi bom.
"Todo mundo já sabe, Ty. Meu pai não gostou nada. Ele disse que temos de terminar e que você tem de ir embora." Ela disse com uma carinha triste.
"Se eu chamar meu pai e minha mãe aqui, será que eles não podem conversar com seu pai?" Ele não estava entendendo. Ele e Violet se encontravam de noite na árvore, mas era por que ela pediu a ajuda dele. Talvez se encontrar a noite era namorar. Ele ia beijar ela se Florest não tivesse chegado.
"Mas por que Florest me bateu?" Florest foi um covarde, aproveitou a queda dele e o machucou muito.
"Por que Florest é apaixonado por Violet. Isso está parecendo enredo de novela mexicana, Vi." Violet cochichou alguma coisa com a irmã, ele não entendeu, foi algo como 'tem de dar certo'. Stylet fechou os olhos, ele estava com sono.
"Que dia é hoje?" Ele perguntou.
"O mesmo dia. Honest te levou de madrugada para o doutor Gabriel, você ficou quase o dia todo lá, agora são sete da noite. Deve ter algumas horas que Honest te trouxe.
Ele ia fechando os olhos quando Simple entrou no quarto.
"Saiam!" Ele disse, Daisy ia dizer alguma coisa, Stylet viu ela abrir a boca, mas se virou e saiu. Violet ficou.
"Sai, Vi." Ele disse se sentando na beirada da cama.
"Não." Ela cruzou os braços, ele suspirou.
"Stylet, você disse a Violet que viu Livie ir até a casa de Dusky. Tem certeza?" Stylet acenou. Violet o ajudou a se sentar. Ele sorriu para ela. Mal podia esperar para ligar para sua mãe. Estava namorando! E namorava a fêmea mais bonita da Reserva. E não só a mais bonita, a mais inteligente e...
"Stylet!" O tapa de Simple o fez rugir. O que era isso?
"Eu não a vi, eu farejei e ouvi. Violet disse para ficar distante. Mas ela se aproximou muito da casa, eu sei, meu faro é bom." Simple estava com uma cara! Stylet sentiu medo.
"Ela não entrou?" Stylet juraria por sua mãe a coisa mais importante para ele.
"Não. Eu juro. Mas ela estava na casa gelada." Ele disse.
"Onde?" Simple perguntou.
"Na casa gelada, onde eu estava. Eu acho que ela mandou o médico me matar. Eu me assustei muito." Stylet nem queria lembrar disso.
"O que está acontecendo, Sim?" Violet perguntou. Ela se agachou perto da cama, Stylet pegou na mão dela.
"Papai, tio V. e Brass foram para a cabana de Dusky. Ele está lá dentro, não deixa ninguém entrar. Leo e Bells que chamaram.
Stylet gostava do tio Dusky. Ele olhou nos olhos dourados de Simple, tão parecidos com os dele e tudo começou a escurecer.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now