CAPÍTULO 41

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A garçonete fedia excitação na opinião de Simple, mas para as narinas de Candid parecia ser um cheiro agradável.
"Não estaremos aqui na hora do café dela." Ele disse. Candid sorriu.
"Há um armário de serviço nos fundos, eu só preciso que ela fique um pouquinho mais excitada. Não vou me levantar daqui a toa." Candid disse, Honest rosnou.
"Só sinta o cheiro da porra dos moradores e vamos embora, Sim." Ele disse. Honest estava particularmente nervoso e isso era estranho.
"O quê?" Ele perguntou ao sentir toda a atenção de Simple nele. Honest estava ficando muito bom em esconder suas emoções, mas ele não era páreo para Simple.
"Uma fêmea? Na faculdade? E eu que pensei que você não ia se divertir por lá." Simple sorriu.
"Ele ainda não passou a rola nela, então não me interessa. Pra mim, não vai fazer nada. Você é um perdedor, Honest. Eu tenho vergonha de que saibam que você é meu irmão. Infelizmente não é possível esconder isso." Candid disse, ao mesmo tempo que sorria para a garçonete.
Honest o ignorou, o que era um sinal de alarme.
"Quem é?" Simple perguntou, Honest olhou para o outro lado.
"Ninguém." Ele disse. Simple inspirou fundo e se concentrou. A idéia de James era boa. Se o casal não fosse de outro estado, ele acharia o filhote de Minerva bem antes dos programas de seu irmão. E era bom ficar um pouco com seus irmãos mais novos, depois de um mês de intenso trabalho na faculdade.
A garçonete piscou, Candid se levantou. Simple e Honest franziram o nariz quando ele saiu.
"Eu não vou vigiar." Honest disse e abriu o livro que estava lendo. Simple riu.
"Você está parecendo o Dusky, mas muito mais novo. Diga, o que foi?" Ele insistiu.
"Uma aluna brilhante, mas com nenhum traquejo social. Sabe as nerds dos filmes? Elsie é exatamente igual. Eu não acredito no que ela veste às vezes. E o cabelo? Imenso, encaracolado, ela parece o prender e não mexer nele por uns dois a três dias." Ele disse.
"Ela é limpa?" Um cabelo preso por dois dias teria um cheiro horrível para o nariz deles.
"É, ela cheira a camomila. E é virgem. Eu não sei o que me atrai nela, acho que a mania irritante de me contradizer." Simple sabia a atração que um 'não' despertava.
"E já quer voltar?" Ele sorriu meio sombrio.
"Não. Eu vou ter a presença incomoda dela me fazendo ficar de pau duro na classe por todo esse ano, posso ficar longe um final de semana." Simple acenou e inspirou fundo novamente.
"Quantas pessoas vivem aqui?" Ele perguntou.
"Segundo o último levantamento umas cinquenta mil, mas tem alguns anos já." Simple se concentrou.
"O que vamos fazer se o encontrarmos?" Honest perguntou.
"Observar." Simple respondeu. O dono do lugar passava os olhos pelas mesas, provavelmente procurando a garçonete. Só havia duas.
"Eu não quero sair correndo daqui." Honest disse e se levantou. Ele iria pôr fim a aventura de Candid no armário das vassouras. Pelo cheiro, a garçonete estava quase gozando.
Simple fechou os olhos, cinquenta mil pessoas eram muita gente. Ele, porém gostou do desafio. Honest e Candid voltaram, Candid com um grande sorriso no rosto, Honest entediado.
"Vamos?" Honest perguntou, Simple acenou. Não tinha encontrado nada.
No carro alugado, eles tiraram os óculos e bonés, Candid soltou os cabelos, Honest arrumou sua trança. Simple continuou com os cabelos bem amarrados na nuca. Seus cabelos agora funcionavam como as cores das camisas, pois ainda que tivessem atitude e postura totalmente diferentes, eles ainda eram idênticos.
Simple saiu da cidade, pegou a rodovia principal e rodaram por alguns quilômetros até que Candid gritou:
"Sim!" Simple parou no acostamento. Ele sabia o por quê, é claro, mas comeria seu laptop se admitisse, ou falasse algo a respeito. Ele tinha torcido para que nenhum dos dois percebesse, mas não deu sorte.
"Estamos perto da cidade dos avós de Flora. Ela está lá, que tal darmos uma passada?" Candid disse, Honest sorriu, Simple apenas acenou.
Ele pôs o carro em movimento e ainda tentou.
"Temos apenas esse final de semana, a cidade deles fica fora de mão, talvez fosse melhor não irmos." Ele disse.
"Não é tão longe. Passaremos só pra dar um oi." Honest disse olhando para a estrada. Ele e Flora sempre foram muito amigos.
"Eu daria um cheiro nela. Naqueles cabelos imensos da cor do mel..." Candid era um demônio quando queria, mas Simple não se rebaixaria a dizer alguma coisa.
"Um cheiro, sério? Então nunca fez nada por medo de John?" Honest perguntou, Simple buscou muita força para rir. E saiu forçado, claro.
"Eu com medo de John? Se Harrison o enfrentou, acha que eu teria medo de John?" Candid riu, mas também saiu forçado. Que merda era aquela?
Simple parou o carro.
"Fale." Ele comandou. Candid inspirou fundo.
"Bom, ela sempre ia no zoológico por causa do pônei. Nem sempre John podia ir. A gente conversou algumas vezes, só isso." Ele disse olhando nos olhos de Simple. Considerando que ele era um ótimo mentiroso, olhar nos olhos indicava justamente que estava mentindo. Simple franziu o nariz.
"Ela é inocente, Candid. Se tiver tocado nela, diga agora. Por que se eu descobrir, quer dizer, se nós descobrirmos que você a tocou.." Ele olhou para Hon buscando cumplicidade, Honest acenou.
"Um beijo no rosto, porra! Só um simples beijinho no rosto." Simple apertou os olhos.
"Perto da boca, mas foi só. Ela sorriu e tocou no meu peito, eu estava sem camisa, foi... Vocês não sabem, nem imaginam, ela tem alguma coisa."
Simple suspirou. Tudo bem. Candid amava Flora como amava as outras, como amava Violet e Daisy. Ele não passaria o limite.
Honest os olhava. Ele saiu do banco do passageiro em silêncio, Simple arredou para ele sentar ao volante, ele estava tomando as rédeas da situação.
"Vamos continuar procurando o filhote de Minerva." Ele sentenciou, eles acenaram.
Mas a cada quilômetro longe da cidade dos avós de Flora, Simple se incomodava.
"Dê meia volta, Hon. Eu quero ver se foi mesmo algo inocente." Ele disse, Honest parou o carro.
"Por que?" Ele perguntou.
"Por que não acredito em Candid. Ele não podia ter feito isso, Flora é de John." Simple disse, frio. Ele não se exaltaria, não era para tanto, mas Candid não podia ter feito isso.
Honest voltou o carro, eles ficaram em silêncio.
Candid sorriu debochado, mas seus olhos estavam alertas. Simple sentia seu corpo todo em alarme. Flora era de John, isso era uma lei para eles.
Honest dirigia imerso em seus pensamentos, Candid lia o mesmo livro que Honest lia antes, era um compêndio muito gasto. Coisa de medicina, Simple não se interessou.
A cidade dos avós de Flora apareceu, eles entraram pela rua principal o cheiro dela nas narinas dos três.
Honest parou o carro a frente da casa, Flora já estava à porta. Uma humana baixinha e gorda sorria ao lado dela.
Eles saíram do carro, Honest foi o primeiro a abraçá-la. Ela colou sua testa à dele, Honest fechou os olhos. Simple entendia, Flora transmitia paz. Ela passou uma mão pela trança dele e sorriu.
"Eu gostei." Ela disse. Ele riu.
Ela olhou para Candid, ele abriu os braços com um sorriso no rosto, ela se jogou neles sem ressalvas, o que indicava que não havia nenhum mal estar entre eles. Candid, porém a abraçou apertado demais e beijou o cabelo dela. Ela se afastou e ele ainda brincou:
"Não tem graça se eu não aproveitar que o idiota do John não está aqui, Flo." Ela riu.
"Nem me fale nele, Cam. Ele deve estar 'aprendendo' muita coisa em Homeland." Ela disse. Simple sorriu, ela sorriu de volta e só.
"Gente, essa é a minha avó." Ela apresentou a fêmea baixinha.
"Os trigêmeos do capeta. Meu Ben fala muito de vocês. Qual é o mais velho?" Ela perguntou com um sorriso no rosto.
Simple sorriu, ela beliscou a bochecha dele.
"Ben disse que aceitaria Flora com qualquer um menos você. Se isso não é um desafio eu não sei o que é." Flora e os irmãos dele riram.
"Simple não tem colhões para lutar com John, vovó. Agora, você é daquelas vovós que adoram cozinhar?" Candid foi logo tentando levá-la para a cozinha.
"É claro que não. Na verdade, Flora já me falou da sua fama na cozinha. Pegue aquele avental ali e me surpreenda!" Ela disse, Candid deu um beijo nos lábios dela e pegou o avental, ela riu.
Todos se sentaram numa grande mesa redonda na cozinha, Candid começou a fazer panquecas.
A avó de Flora fez várias perguntas, eles comeram todas as panquecas, ela disse que ia levar um pouco para o avô de Flora na loja. Eles tinham uma loja de Antiguidades.
"Você conhece bem essa região, não é, Flora?" Honest perguntou, ela estava desfazendo a trança dele. Flora colocou uma mecha do cabelo dele contra o sol e sorriu.
"Eu morro de inveja da cor do cabelo de vocês. Parecem chamas de fogo!" Ela sorriu e refez a trança.
"Sim, eu conheço várias cidades do entorno." E seria conhecida nas tais cidades, Simple apostaria nisso. Ela não era uma visão fácil de se esquecer.
"Quer vir conosco? Estamos procurando uma coisa, talvez você até ajude." Candid, o idiota, sugeriu.
"O que estamos esperando?" Ela se levantou com um salto.
"Talvez que você vista algo mais... Ou menos..." Candid disse a olhando com lascívia. Ela vestia um short de algodão bem curto e uma blusinha de alças. Sem sutiã. Ela acenou e saiu da sala. Honest deu um tapa na nuca de Candid.
"A vovó não ia deixar ela ir vestida assim, Hon. Infelizmente." Candid disse, Honest revirou os olhos.
"Não foi o que disse, imbecil, foi o modo como olhou para ela. É a Flora!" Honest disse.
Simple concordava. Era Flora. Apenas a Flora. Mais amadurecida, mais linda e com o corpo mais delicioso do que ele se lembrava.
"Sim está olhando para ela de forma muito pior e você não fez nada, covardão." Ele disse com o sorriso debochado de sempre. Honest olhou para Simple, Simple franziu o nariz.
"Você é o segurança dela, por acaso?" Simple perguntou. Honest fechou a cara.
"Talvez seja melhor ela ficar aqui." Ele disse.
"Não. Não vou ficar aqui. Ainda mais quando eu acho que sei o que procuram." Flora disse. Ela vestia um vestido comprido e sandálias. O corpete do vestido era bem justo nos seios dela, como um sutiã, o que significava que ela devia estar sem sutiã. Simple segurou um rosnado. Era por essas e outras que ficava longe das fêmeas. De todas. Elas eram tão novas quanto sensuais.
Eles saíram, Flora e Candid foram para a loja dizer aos avós dela que iam sair.
"Não foi uma boa idéia. Ela está procurando encrenca." Honest disse.
"Por que acha isso?" Simple perguntou.
"Por que essas fêmeas colocaram na cabeça que somos troféus. Nenhuma delas nunca tocou um de nós, Flora parece querer ser a primeira." Honest disse.
"Flora não seria tão frívola." Simple disse, mas ela tinha apenas oito anos, não podia esperar muito juízo da parte dela.
Ela e Candid entraram no carro, atrás, e Simple deu partida. Eles seguiram em frente. Na próxima cidade eles pararam numa lanchonete, Simple colocou óculos mas não o boné. Estava quente.
"Por que não carrega uma placa dizendo 'Nova Espécie'?" Candid perguntou.
"Está quente." Ele disse e Flora balançou a cabeça concordando enquanto enrolava seu imenso cabelo castanho no alto da cabeça. Isso deixou o pescoço elegante dela em evidência. Tinha sido uma péssima idéia trazê-la.
Eles se sentaram, pediram refrigerante para ela, cerveja para eles.
"Por que pediu refrigerante pra mim?" Ela perguntou para Honest, ele franziu as sobrancelhas.
"É... Sei lá, você quer cerveja?" Ele perguntou, ela sorriu. Quando o garçom colocou as bebidas na mesa, ela abriu justo a cerveja de Honest com um sorriso e tomou um grande gole.
"Meu pai adora cerveja e futebol, eu não tive nem chance de não gostar." Candid riu.
"Essa é a minha garota." Ele fez sinal para o garçom e pediu mais cerveja.
Simple decidiu se concentrar no cheiro dos humanos ali, se concentrou e ignorou tudo a sua volta. Quase tudo. Flora não devia ter vindo.
Eles ficaram em silêncio, até ele se dar por satisfeito.
"Nada." Ele se levantou, eles se foram. No caminho para a outra cidade, Candid e Flora resolveram colocar as fofocas em dia e o falatório deles incomodava os ouvidos de Simple. Mas como não podia dizer nada, aumentou a velocidade, logo chegaram a outra cidade.
Pararam bem no meio da praça central e se sentaram num banco, era uma linda cidadezinha, as casas bonitas, com jardins bem cuidados.
"Eu gosto muito dessa cidade. Vovó tem uma amiga que mora aqui." Flora disse, ela se ajoelhou perto de um canteiro da praça e alisou uma flor.
Seria rápido, havia poucos humanos ali. Ele se concentrou, ainda que por baixo dos olhos meio fechados a observasse. O vestido era florido, o tecido tinha um toque meio sedoso e era aberto atrás, preso por uma tira que fazia um ziguezague nas costas dela. Ele bufou. Se levantou e fez que não com a cabeça.
"Acho que não foi uma boa idéia. Ele poderia estar em qualquer cidade do país, ou em outro país. James vai ter de continuar procurando." Honest disse
"Já passaram em Ojai?" Ela perguntou. Foi a primeira que passaram.
"Sim." Candid disse desanimado.
"Vamos voltar, eu sempre me sinto observada quando vou lá. Talvez seja o que procuram." Ela sorriu.
"Você não sabe o que procuramos." Simple disse.
"Vocês procuram alguém fácil de identificar pelo cheiro. Vocês tem idéia de como ele deve cheirar, mas nunca sentiram seu cheiro, nem o sabem o local exato. Se formos para Ojai, e eu levar vocês onde eu me senti observada, talvez seja o que procuram." Ela explicou.
"Não. Eu tenho certeza de que ele não está lá." Simple negou.
"Tudo bem. Eu só quis ajudar. Talvez amanhã, eu e a vovó possamos dar uma passada em Ojai." Ela sorriu, franzindo seu narizinho empinado.
"Se encontrarmos alguma coisa, ligamos pra vocês. Vamos embora." Honest o encarou, Simple acenou de má vontade.
"Ojai." Ele disse.
Ela e Candid voltaram com o falatório, Honest também participou. Simple se negava a falar de coisas tão sem importância como por que Jonathan e Rubi não conversavam mais depois de terem terminado, posto que já fazia tanto tempo. Mas quando falaram em Noble, Simple interviu:
"Sarah foi para a faculdade para afrontar Noble. E o namorado dela é um imbecil que não sabe o perigo que está correndo." Ele informou.
"Noble não teria coragem de mandar o namorado de Sarah para uma cadeira de rodas, Sim. Isso seria muita crueldade, ele não é assim." Candid tinha de provocá-lo, é claro.
"Nossa! Cadeira de rodas? Você foi bem específico, Cam." Ela sorriu como se soubesse do que eles estavam falando.
Honest riu quando Candid disse 'exatamente', e ela o acompanhou. Simple resolveu que iria ligar para John e mandar ele sair daquela porra de força tarefa se quisesse que Flora continuasse sendo dele.
Na maldita cidade de Ojai, eles iam parar na praça central, mas Flora fez sinal para continuarem dirigindo. Era uma cidade turística, haviam muitas pessoas transitando pelo centro, eles foram avançando pelo caminho que ela ia indicando. Honest rosnou quando viu um humano passar correndo. Um ladrãozinho idiota.
"Acho melhor voltarmos para a praça. Esse lugar aqui parece meio barra pesada." Candid disse, Simple estava concentrado nos cheiros do local, mas era pura perda de tempo. O cheiro dali era horrível.
"Continue." Flora disse. Honest continuou entraram numa rua estreita seguiram até o fim dela e se viram num reduto de bares pequenos em volta de uma praça depredada. Havia um daqueles buracos que os skatistas faziam manobras, bancos e mesas em péssima manutenção.
Eles pararam o carro num canto da praça e saíram. Honest ia trancar, mas Flora pegou as chaves da mão dele, jogou no banco e fechou a porta de leve deixando o carro aberto.
"O que está fazendo?" Simple sussurrou para ela. Todos prestavam atenção neles.
"Confie em mim." Ela sussurrou de volta, mas ele decidiu que estava cheio. Ele não iria obedecer uma piralha de oito anos!
"Flora?" Um velho sujo disse se aproximando.
"Oi! Como está Stu? Ainda no mesmo lugar?" Ela abraçou o velho, Simple e seus irmãos torceram o nariz. Ele fedia a urina e cachaça.
O velho sorriu e a puxou para uma turma de humanos, todos tão sujos quando ele que estavam sentados num banco a sombra de uma árvore.
"Ei, pessoal! Olha quem eu encontrei! Agora posso morrer feliz!" Ele disse, todos os humanos se levantaram e todos a abraçaram. Simple e seus irmãos se esticaram, nenhum dos três gostou de terem tocado nela.
"E esses caras grandes? São seus primos?" O tal de Stu perguntou.
"Mais ou menos. Eles são Nova Espécie." Ela disse como se ela não fosse. O que está acontecendo?
"É como dizem, vocês são muito espertos, pegam as melhores mulheres de nós. Eu não culpo os loucos que odeiam vocês." Stu disse.
O cheiro deles, do lugar estava incomodando muito o nariz de Simple e aparentemente de seus irmãos também.
"Stu, e o Bob? Ele está bem? Ele continua por aqui?" Stu olhou para Flora, e para eles, seus olhos vermelhos caindo em Simple.
"Não. Ele foi embora. Não devia ter aparecido aqui, princesa. Lembra da última vez?"
"O que aconteceu?" Honest perguntou.
Ele se dirigiu a Simple:
"Flora despertou o interesse do valentão local. Leve-a daqui. Vocês não seriam páreos para ele, ninguém é. E ele tem um grande interesse pela princesinha aqui. O que é muito fácil de entender. Vão." O velho comandou.
Candid os guiou pela rua até um bar de aparência mais limpa, eles se sentaram, a garçonete sorriu para ele, ele a ignorou.
"Que porra significa isso, Flora?" Ele perguntou. Honest olhava para todos os lados, só Simple continuava calmo, ainda que com esforço.
"Vovó e as amigas dela organizam almoços beneficentes pelas cidades daqui. A penúltima vez que viemos aqui, um humano, um rapaz, como a vovó diz, ficou conversando comigo, ele era legal. Seu nome era Bob. Ele ajudou a chamar os outros, ficou junto conosco até o evento acabar, trocou telefone comigo, eu achei que tinha feito um amigo." Ela olhou para as mãos. Simple rosnou. John era um idiota, muito idiota, um imbecil, por deixar que Flora ficasse na casa dos avós dela.
"Então voltamos. Montamos a barraca, expomos a comida, mas ninguém se aproximou. Só alguns tursitas que estavam no lado menos bonito da cidade, e algumas crianças. Todos os sem teto, os mendigos, todos se afastaram. Ficamos só eu a vovó e as amigas dela na praça. Vovô depois deu uma passada aqui, encontrou Stu e ele disse que Bob estava no hospital. Disse que um 'cara' bateu muito nele e que tinha sido por minha causa." Ela disse olhando para a praça.
"Mas que porra, Flora! E você volta aqui? O que você tem nessa cabeça? Por que nunca contou isso para ninguém?" Simple explodiu.
"Bom, eu pensei que se vocês pegassem ele... Vocês são fortes e tal." Ela deu de ombros. Era por isso que Simple não se envolvia com as fêmeas. Elas eram loucas.
"Temos de achá-lo. Aqui é perto demais da casa dos avós de Flora. Vamos levá-la de volta, depois voltamos aqui e o procuramos." Honest comandou, eles acenaram. Simple sentia ódio do tal humano. Se é que era humano. Se havia um filhote perdido que não sabia que era um filhote, poderia muito bem haver mais e pior um adulto.
"Eu não vou voltar." Flora disse, mas Simple a pegou no colo com facilidade.
"Vai sim!" Ele disse, ela se debateu, ele se excitou com o corpo macio dela apertado ao dele.
"Larga ela." Uma sombra grande apareceu a frente deles, Simple segurou Flora ainda mais apertado contra seu peito.
"Ou o quê?" Candid perguntou. A sombra grande deu um passo e eles se levantaram. Simple ajustou seu agarre em Flora, mas ela estava tão surpresa quanto eles, ficou quieta nos braços dele.
"Ou vou mostrar a vocês o que faço quando mexem com o que é meu."

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEWhere stories live. Discover now