CAPÍTULO 4

454 84 7
                                    

Minerva se admirou da bonita casa quando desceu do jipe.
"Tenho de te carregar?" Pride sorriu, ela respirou fundo pedindo forças. Tudo estava errado, muito errado. E ela sairia machucada dessa história, ela sentia isso com a mesma certeza de que o sol nascia no oriente. E por que estava fazendo isso?
Ele a carregou mesmo assim e quando a segurou contra seu peito gigante, Minerva inspirou e sentiu o cheiro dele. Delícia!
"Meu irmão Honor progetou tudo e uma arquiteta humana decorou. Já está a um ano pronta, mas eu não tive coragem de vir pra cá. Dá pra ver a janela do quarto das minhas irmãzinhas daqui." Ele atravessou a casa, saiu numa área gourmet, com piscina, a colocou no chão e indicou alguma coisa.
Minerva cobriu os olhos do sol, apertou os olhos, mas só vou árvores e algo que parecia uma parede.
"Não consigo ver." Ela disse. Ele a olhou, inclinou a cabeça e olhou ao longe.
"Sério?" Ele a encarou.
"Sou humana esqueceu?" Ele acenou e voltou para dentro da casa, Minerva o seguiu.
"Candid disse que deixaria tudo pronto, vamos ver..." Ele abriu a geladeira, Minerva ofegou quanto a quantidade de carne, leite e frutas.
"Isso é para o mês todo?" Ela perguntou, ele sorriu. Minerva baixou os olhos. O sorriso dele, era algo impressionante demais. Pride era todo demais: grande demais, forte demais, calmo demais, bonito demais...
"Só para essa semana. Mas eu gosto de cozinhar, não precisa se preocupar. Eu e meus filhotes comemos principalmente carne, frutas e leite, tudo muito fácil de preparar. Eu não gosto que eles usem facas, se puder descascar ou cortar carne para eles, vou te agradecer, mas seria só." Ele disse.
"Claro, sem problema." Não haveria problema algum, mesmo que ela tivesse que cozinhar todas as refeições, Minerva gostava de cuidar dos outros.
"Aqui é o quarto dos gêmeos, quando estiverem maiores, um dos dois pode ficar com esse quarto aqui." Ele abriu uma porta mostrando um lindo quarto infantil com duas camas, brinquedos, tv, escrivaninha e duas porta que deviam ser o closet e o banheiro. O outro quarto só tinha uma cama, estava limpo e era uma suíte também.
"Violet e Daisy ainda dormem no mesmo quarto, acho que só vão se separar quando se acasalarem."
Minerva se perguntou se os trigêmeos também dormiam no mesmo quarto, mas achou melhor não perguntar.
"Esse é o seu quarto. Pode mudar a decoração, que eu pago. Há uma fábrica de móveis aqui e eles fazem móveis personalizados. Amy gosta muito de decoração, ela conhece muita gente importante desse segmento, e adoraria ajudar. Minerva entrou no quarto, balançando a cabeça.
"Está muito ruim? Eu pedi algo neutro, mas repito: pode mudar tudo." Ele disse a encarando. Minerva baixou os olhos. Aquele quarto era lindo! O que ela fez? Uma livraria não valia todo sofrimento que teria ali!
"É um quarto lindo. Eu estou muito surpresa na verdade." Ela sussurrou.
"Tem uma salinha aqui para que você trabalhe, ou leia, ou só queira se esconder de mim." Ele sorriu e abriu as portas de vidro de correr que davam para uma varanda e do lado direito dessa varanda ficava a tal salinha. Era como um escritório, havia um sofá, uma mesa, tv, estantes para livros. Os dois lados da salinha tinham portas de vidro, a vista era incrível, lá embaixo se via um lago.
"Se descer essa colina, você estará no lago. Eu resolvi construir aqui, por que Sheer adora o lago." Ele disse.
"É uma linda vista." Ele acenou e se virou, entrando no quarto dela e saindo no corredor.
"E esse é o meu quarto. É parecido com o seu, eu tenho uma salinha também." Ele entrou, ela entrou, era um quarto bonito, sóbrio, de cores neutras ainda que um pouco escuras. Ele abriu as portas de vidro e Minerva viu que a salinha dele ficava a esquerda.
"Dá pra conversar pelas paredes. A minha sala, fica colada a sua." Ela acenou, estava curiosa com as máquinas que haviam na sala dele. Havia muita coisa ali, materiais, sobras de cortes.
"Eu trabalho aqui. A garagem do papai está sempre lotada de coisas, você acha de tudo nela, menos um carro." Ele sorriu.
"Mas tudo parece tão longe!" Ela observou.
"Sim. Mamãe tem um jipe, mas estamos sempre o usando, ela não sai muito."
"Agora ela terá mais tempo para si." Minerva disse.
"Talvez. Ela não gostou muito de ficar longe de seus netos. A história dela estar cansada, é verdade em certo grau. Ela não se importa, ela ama cuidar de Lily e Sheer, mas é injusto com ela." Minerva concordava. Avós sempre cuidariam de seus netos com amor, mas isso era obrigação dos pais.
Ela mexeu numa máquina.
"O que você faz aqui?" Ele tirou uma caixinha e a entregou.
"Para você." Minerva abriu e era um broche delicado, uma pedra oval engastada numa estrutura delicada de arabescos de prata. A pedra era verde com raios azuis. Exatamente como o olho azul dela.
"Pode usar como broche ou como pingente." Ele tirou uma corrente de prata da caixinha. Minerva o olhou.
"Você que fez?" Ele sorriu, meio sem jeito.
"Quando fez isso?" Ela perguntou.
"Essa madrugada. Ontem, eu descobri que minha irmã foi para a Inglaterra, ela com certeza foi investigar a morte de Livie. Eu então, decidi investir tudo o que eu tenho nessa nossa relação, então, se você não tivesse me ligado e aceitado, eu iria levar esse broche, me ajoelhar e implorar para que você se casasse comigo." Ele disse, sua fisionomia séria e sombria.
Minerva o encarou.
"Há alguma coisa a ser investigada? E se há, você não quer saber?" Ele acenou.
"Não. Eu quero que Livie descanse. Eu quero virar a página."
"Eu sei que já aceitei, que inclusive já estamos casados, mas eu quero deixar algo bem claro, Pride." Ela se esticou.
Pride colocou o broche no decote do vestido dela e esperou.
"Eu quero que a nossa relação seja a mais sincera possível. Sem mentiras. E dito isso, me diga: você sente atração por mim?" Ele trocou o peso de um pé para outro. Mas ele entendia o quanto a sinceridade era importante, ele era franco e direto.
"Não sei. Você me intriga, seus olhos..." Ela torceu a boca.
"Ah, conta outra! Meus olhos são esquisitos, eu sei." Ela odiava falar dos olhos dela.
Pride a guiou até numa cadeira, ela se sentou, ele se ajoelhou, Minerva mergulhou nos olhos azuis dele.
"Eu tenho memória do cheiro, sabe. Não são muitos Novas Espécies que tem, e os poucos que tem não entendem bem como funciona ou não sabem usar. Eu, todavia, sempre soube. Acho que isso foi minha maldição, pois quando sonhava com Livie era como se ela estivesse ali, por causa dessa maldita memória do cheiro. Eu fiquei muito preso a ela, em sonhos, as vezes até acordado, foi como viver uma vida irreal, num mundo de fantasia. Eu não quero mais isso. Mas a porra do vínculo é muito forte, então, eu ainda me sinto preso a ela, porém, quando nos conhecemos naquele shopping, eu quis te encontrar de novo, eu nunca quis me aproximar de ninguém, mas gosto de olhar para você, de conversar com você. É o que eu tenho a oferecer por enquanto, Minerva, companhia, amizade, proteção e como acordamos, dinheiro. Não posso prometer que as coisas vão mudar, mas posso te dizer que eu quero que mudem, eu quero até mesmo filhotes." Ela arregalou os olhos.
"Se você estiver de acordo, claro." Ele sorriu.
Minerva estava para ser despejada, sua livraria seria desfeita, os livros vendidos, ela não teria onde morar. Marcy, sua prima distante, dependia do pai, ainda faltava uns anos para se formar, ela estava de férias nessa cidade, em São Francisco, morava num minúsculo apartamento que não cabia Minerva.
E além de todos os problemas financeiros ainda havia o homem misterioso que a perseguia. O homem que tirou as fotos de Pride e enviou para que ela vendesse para a Revista.
O homem que a chantageou para que Minerva entrasse na Reserva de alguma forma e seduzisse um dos Novas Espécies, qualquer um. Ela acabou encontrando Noah ele a convenceu a ajudá-lo, Minerva aceitou. Seu plano de seduzir Thorment, porém, foi por água abaixo. Minerva ainda se encolhia quando lembrava do fora que levou dele. O homem, na última vez que ligou para ela, disse que Minerva aguardasse ali, e que entraria em contato. Ele sumiu, os anos se passaram. Simple a encontrou, eles a prenderam por um dia na Reserva, a libertaram e nesse mesmo dia, ele voltou. Ordenou que ela seduzisse Simple, como se fosse fácil! Minerva ia contar tudo para ele na festa de ano novo, ia pedir ajuda, mas então, Pride fez a proposta.
O único lugar que esse homem misterioso não podia alcançá-la era ali, então, Minerva ficaria ali, ainda que sabia que seu coração idiota corria um grande risco de se apaixonar pelo lindo homem ajoelhado a sua frente.
"Papai?" A vozinha de Lily chegou até eles, Pride se levantou e saíram da sala de trabalho dele.
"Querida, essa é Minerva." Minerva se viu frente a frente com Lily e sorriu, a linda menina sorriu de volta.
"Você vai ser minha mamãe?" Ela perguntou, Minerva olhou para Pride, sem saber o que dizer.
"Você quer que ela seja sua mamãe?" Pride perguntou. Ela aumentou o sorriso, Minerva se encantou com as presas dela.
"Sim. Mas eu tenho outra mamãe, ela vive aqui na minha cabeça. Ela é muito boazinha, Minerva, você tem que ser amiga dela também."
Minerva achou aquilo muito estranho, mas não era hora para tocar nesse assunto.
"Eu adoraria ser amiga dela." Lily se aproximou e a abraçou.
"Quanto a mim, basta me manter alimentado e não causarei problemas." Minerva olhou e uma miniatura de Pride estava com os braços cruzados olhando para ela.
"Sei. Quer uma cozinheira, então?" Ela perguntou, Pride fechou a cara e encarou seu filho. Sheer sorriu travesso, exatamente como Simple sorria e isso lhe doeu em algum cantinho escondido de seu coração.
"Vai ter de lavar minhas meias também." Ele riu e correu, Pride correu atrás. Minerva olhou para Lily, elas riram e também saíram da casa atrás deles, mas logo os dois não eram mais vistos.
"Eles vão para o lago, mamãe, vem!" A menina correu, Minerva correu atrás.
Tudo estava muito errado, a mente de Minerva gritava isso, o coração dela, porém, irresponsável e inconsequente, batia disparado, feliz.

FILHOTES DE VALIANT - PRIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora