CAPÍTULO 46

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Kevin corria ao lado de Simple e de seu irmão, o engraçadinho, eles estavam indo ver sua mãe biológica. Kevin usava sua velocidade máxima, afinal não perderia para aqueles convencidos. Eles eram rápidos e ágeis, o engraçadinho, Candid, usava galhos baixos e se pendurava, lançando seu corpo muitos metros a frente. Kevin sorriu e pulou numa árvore, e dessa pulou em outra. Essa porém não aguentou seu peso, ele caiu, os outros dois não pararam. Kevin saltou e continuou correndo. No seu mundo ele não tinha motivos para correr, ele corria pela propriedade de sua tia , é claro, mas ali ele podia correr livremente e isso era bom.
Chegaram a uma cabana, muito bonita, com plantas e flores na cerca e por toda a varanda. Simple ia bater, quando um homem pequeno abriu a porta. Kevin não o viu direito, os dois irmãos estavam a sua frente.
"O que estão fazendo aqui?" Ele disse brusco. O coração de Kevin meio que disparou ao ouvir a voz dele, era parecida com a sua.
"Vai continuar com isso de não nos querer por aqui? Mesmo depois de todo o nosso esforço?" Simple perguntou, ainda sem sair da frente da visão de Kevin.
"Você quer uma medalha? Eu posso te dar um dedo." E o homem ergueu o dedo do meio para Simple. O outro riu.
"Ah, que isso Dusky! Veja ele, papai já está com inveja de você. Disse que ainda demora muito pra Sheer ficar do tamanho dele." O homem empurrou Simple e deu um passo para fora, ficando bem em frente a Kevin. E Kevin entendeu o que queriam dizer quando diziam que ele era parecido com seu avô. Ele era.
Tirando os olhos, é claro. Ele tinha olhos azuis pálidos, parecidos com olhos cegos.
"Sheer nunca vai ficar do tamanho dele. Ele vai ser um dos maiores desse lugar. Entrem." Ele se virou e entrou. Kevin soltou a respiração que estava prendendo e entrou atrás dele.
Entraram numa sala, com um grande sofá, de aspecto macio, cadeiras, tudo sobre um tapete espesso. Kevin gostou do cheiro do lugar, cheirava a biscoitos.
"Oi. Eu sou Minerva." E ela apareceu com um grande sorriso no rosto, uma bochecha suja de massa de biscoito. Seus cabelos eram castanhos, mas eram pintados e seus olhos! Exatamente iguais aos dele, um azul, outro verde.
Ela se aproximou, o sorriso cada vez maior, o examinando, seus olhos começaram a lacrimejar. Ela fungou e se virou.
"Eu fiz biscoitos. Minha mãe dizia que era uma receita da minha avó." Ela estendeu o tabuleiro com os biscoitos ele pegou, os outros dois também.
Estava quente, mas eles comeram mesmo assim.
"Está quente!" Ela disse sorrindo.
"É mais gostoso assim, você não sabia?" Simple mastigou um biscoito ao mesmo tempo que soprava.
"Vocês são..." Ela balançou a cabeça. Minerva se virou e limpou o rosto, abriu a geladeira tirou um galão de leite e serviu para eles. Ela sorriu quando lhe entregou o copo. Kevin estava uma mistura de sentimentos, ele queria abraçá-la forte e dizer que ia cuidar dela dali em diante, e seu coração doeu, por que a tarde teria de voltar pra casa.
"Vocês já o trouxeram, vão embora." Seu avô, Dusky, disse.
"É sério, Dusky? O que precisamos fazer para tudo voltar a ser como antes?" O engraçadinho perguntou. Kevin não gostava muito dele.
"Nada vai ser como antes." Dusky disse, ele acenou.
Simple sorriu.
"Então, nós já vamos. Eu sei que um dia você vai nos perdoar." Ele disse, Minerva arrumou uma vasilha e encheu com biscoitos e entregou a Candid. Ele sorriu e ia saindo.
"Não há o que perdoar. É só que... Vocês ajudaram ela. Ela não teria sido dada como morta se não fosse por vocês. Eu espero que parem de se meter nas coisas dos outros." Kevin não fazia a mínima idéia do que seu avô dizia, mas fez os dois baixarem os olhos.
"E, Candid, eu não esqueci o quanto você foi corajoso aquele dia. Pare de se culpar. O próprio Blue explodiria seus miolos se fosse para proteger você, qualquer um de nós faria isso."
Candid baixou os olhos e assentiu. Eles se foram.
"História antiga?" Minerva perguntou para Dusky.
"Sim. Os soldados aprimorados com aquelas balas do inferno nos renderam. Um colocou o cano na cabeça de Candid, outro na de Blue. Vengeance escolheu matar o que ameaçava a vida de Candid, isso deu tempo para... Para o que estava empunhando a arma contra a cabeça de Blue olhasse para Ann, ela autorizar e ele atirar. Eles faziam a coisa idiota de trocarem de nome, Candid era Simple." Kevin sentiu a dor de seu avô e quis muito dizer alguma coisa que ajudasse, mas não sabia o que.
"Meu pai morreu de infarto. Ele não estava bem, ele teria de ser internado, mas era muito teimoso, não quis. E ele tinha um monte de restrições alimentares. Não podia nem chegar perto de gordura, por exemplo, mas um dia antes dele morrer, fizemos um grande churrasco. Era o fim da colheita, quanto tudo estava embalado e pronto para ser entregue. Ele estava feliz, nunca tivemos uma colheita boa como aquela. Tia Agnes ralhava com ele o tempo todo, ela chegava a esconder as costeletas. Eu distraía ela, ele pegava um grande pedaço e corria, nós dois comíamos escondido. Foi uma noite muito feliz, ele às vezes massageava o peito, mas ninguém ligou pra isso. De manhã, ele não acordou." Kevin deixou uma lágrima descer por seu rosto, era uma situação muito pesada, ele olhava sua mãe ali, ele nunca reparou no quanto ela era bonita em todas as vezes que a espionou.
"Eu sinto muito. Eu perdi minha mãe num momento muito difícil, eu sei o quanto dói." Ela disse.
"Parem com isso. Jewel está vindo, ela disse que precisa dar uma olhada em você, por que Sheer parece estar resistente a acasalar com ela quando crescerem, ela disse que você é uma opção." Dusky disse com um sorriso no rosto. Kevin passou as mãos pelo rosto e perguntou:
"E Jewel seria quem? Por que eu tenho um grande interesse em Flora. Você a conhece?" Ele não iria embora sem falar com ela. Um barulho de jipe foi ouvido e logo a porta era aberta.
Um Nova Espécie grande de pele escura, cabelos castanhos e olhos amarelos entrou seguido por uma bonita mulher de pele também escura e longos cabelos cacheados. Um menino, muito parecido com o Nova Espécie veio depois dela e uma menina pequena, de uns cinco anos, branca, muito branca, com longos cabelos castanhos e incríveis olhos azuis que o avaliaram de cima a baixo, com um toque crítico.
"Esses são Bells, Michelle, Treasure e essa menininha linda é Jewel. Este é Stone." Todos sorriram para ele, menos a menina.
"Você fez biscoitos!" O menino sorriu mostrando suas presas grandes, eram estranhas, mais finas que as dos outros.
"Sim. Mas espere esfriar." Minerva disse.
"Minha boca aguenta, eu prefiro quente." Bells disse e colocou três biscoitos de uma vez na boca. Minerva estendeu o copo de leite, ele tomou. Kevin estava meio sem jeito ante o olhar da menina.
"Você mora por aqui, Stone?" Michelle perguntou com um sorriso. Os olhos dela eram bondosos.
"Kevin. Meu nome é Kevin Stone. Sim, eu moro ao norte. Numa fazenda." Minerva que servia leite pra o menino, deixou o copo cair, o barulho do vidro quebrando foi alto, mas não mais que o som que ela fez. Ela ia pegar os cacos, mas seu avô a impediu. Ela o encarou, os olhos cheios de lágrimas e disse.
"Foi o nome... O padre Phill perguntou quando você nasceu se eu tinha pensado num nome. Eu disse..." Ela enxugou os olhos e sorriu.
"Eu disse que eu gostava de Kevin."
Ele respirou fundo. Ele não era muito bom lidando com emoções, estava quase correndo dali. Ou a abraçando bem apertado.
Bells deu um jeito nos cacos de vidro, Michelle correu a enxugar o leite do chão, Minerva foi encaminhada ao sofá. Kevin se sentou perto dela e lhe tomou uma mão. Era bom sentir a mãozinha dela, ele apertou entre suas duas mãos.
"Muitos dos trabalhadores me chamavam de patrãozinho Stone, acabou ficando só Stone. Mas tia Agnes e meus pais sempre me chamaram de Kevin." Ela lhe tocou a face.
"Faz poucos dias que descobri que Dusky é meu pai. Eu preferiria um menos rabugento, mas não dá pra fazer nada, né?" Ela sorriu, Dusky se aproximou. E se sentou ao lado dela.
"Estamos todos ainda nos acostumando uns com os outros. Mas nosso laço é forte e isso é o que importa." Kevin entendeu o que ele disse. Não importava se se conheciam a pouco tempo, horas no caso dele, eram uma família. E uma muito forte.
A menina se sentou numa cadeira a frente dele.
"Eu acho que a dinda chamaria ele de Dusky Bonitão." Ela disse todos riram.
"Eu acho que seria Dusky grandão, ou Dusky que enxerga." O menino disse, eles também riram.
"Vamos embora, só viemos conhecê-lo. Se precisar de alguma coisa, Dusky, uma outra cama, ou outro armário, fale comigo que eu trago." Bells disse.
"Ele não pode morar aqui. Tem uma tia para cuidar. Mas espero que venha sempre. Mesmo que seja só pra ver Flora." Dusky disse e sorriu.
"Flora? Mas ela é de John. Talvez você devesse não pensar em namoro por enquanto, experimentar por aí, as fêmeas humanas devem adorar você. E aí, daqui a uns dez, doze anos você escolhe uma fêmea. Uma que te faça feliz, sem que tenha que matar um macho para isso. Por que você teria de matar o John pra ficar com a Flora." Jewel disse, muito séria. Kevin franziu as sobrancelhas. Ela era uma menininha muito... Segura de si, isso era estranho.
"Obrigado pelo conselho." Ele só conseguiu dizer.
"A senhorita North é muito sábia. Quando chegar a hora, ela poderá te ajudar a encontrar uma fêmea." Dusky disse sorrindo irônico.
"Sim, é claro." Kevin estava totalmente desconfortável com aquela conversa.
"E por falar nisso, como vão com o assunto de Rebbeca?" Sua mãe perguntou para Jewel, ela se levantou.
"Ainda nada. Vamos embora." Minerva sorriu.
Eles saíram com Michelle perguntando que assunto de Rebbeca era. Kevin sorriu para sua mãe agradecido.
"Então os pais dela não sabem das reuniões importantes?" Minerva perguntou a Dusky.
"Reuniões importantes? Que reuniões importantes?" Ele encheu a boca de biscoitos, Minerva fez cara de brava.
"Ela não pode fazer essas coisas, pai! Ficar procurando um macho para transar com Rebbeca não é incumbência dela! Eu vou contar para Michelle." Kevin arregalou os olhos.
"Aquela menininha, ela está..."
"É isso o que ela faz, ela gosta de ajudar. Os irmãos de Rebbeca deveriam estar fazendo isso, mas não estão. Jewel só quer ajudar." Dusky disse, havia um brilho de orgulho nos olhos estranhos dele.
"Você é..." O assunto estava muito desconfortável.
"Cego? Mais ou menos. Se for me comparar a você, eu sou cego. Mas a sua mãe, por exemplo, eu enxergo. Ela consegue perder as coisas em suas mãos!" Ele disse Kevin riu. Ele era engraçado.
"Eu devia enxergar melhor, ou ter faro, não é?" Ela perguntou, meio que para ninguém. Se voltou para ele:
"Você tem um faro bom, Kevin?" Ele sorriu, sim, ele tinha.
"Tanto que percebi que Michelle está grávida e vai ser um menino." Dusky sorriu.
"Esse é o meu garoto! Os gêmeos de Vengeance, nem Sheer são capazes disso. Meu neto é o cara!" Ele comeu mais biscoitos. Kevin também comeu, estavam deliciosos.
"Você teria de ir mais na área de convivência ou nas festas e churrascos para exibir seu , aqui no meio do mato." Minerva disse.
"Talvez eu vá em uma ou outra. E aí, no meio de todas aquelas fêmeas eu fique de pau duro e tenha de ir embora." Ele disse, tomando um grande gole de leite. Ele ficou com bigode, Minerva veio e limpou a boca dele com um pano.
"Pai! Não seja grosseiro!" Kevin achou graça do que ele disse e riu, ele riu também, Minerva também riu.
Kevin se sentiu feliz. Seu avô e sua mãe, eles eram bons. Tia Agnes ia gostar de saber.
"Você gosta de carne de Alce?" Minerva perguntou, Kevin deu de ombros.
"Onde arrumou carne de Alce? Você é uma caçadora agora?" Dusky perguntou, ela sorriu.
"Não. Bells trouxe. O pai de Cassie exagerou no tanto de carne que mandou vir, ela adora carne de alce e está grávida." Ela disse meio que explicando para Kevin.
"Então, ele deu um tanto para Bells e Bells nos deu." Dusky acenou.
Ela ainda olhava para Kevin, esperando ele responder se gostava de carne de alce.
"Eu nunca comi. Mas vou gostar de experimentar." Ela sorriu.
"Você caça?" Dusky perguntou.
Kevin balançou a cabeça, dizendo não.
"Meu pai morreu antes de me ensinar a atirar. Eu aprendi depois, mas cuidar da fazenda toma meu tempo."
"Isso é muito bonito, Kevin, você é tão novo e já ajuda sua tia, tendo tantas responsabilidades." Minerva disse orgulhosa dele, Kevin sorriu.
"Mas quem falou em caçar com uma arma de fogo? Estou falando de caçar, de pegar um alce, na mão." Dusky perguntou.
Kevin deu de ombros.
"Por que eu pegaria um alce na mão?" Dusky bufou.
"Estava bom demais pra ser verdade. Sheer caça desde os três anos. Os gêmeos de Torrent acertam pássaros com flechas desde os... Ah, eu não sei a idade deles, mas são bons. Bom, nada de estragar as festas com as minhas ereções. Você só é grande." Ele disse e se levantou.
"Eu passei a madrugada acordado ouvindo você e o idiota rosnando e rugindo no chão da estrada, então, preciso colocar meu sono em dia. Kevin, eu estou feliz, muito feliz por aqueles filhotes do coisa ruim terem encontrado você. Nesse momento da minha vida, estar feliz não estava na lista, então, obrigado por ter vindo." Ele disse e entrou no quarto.
Minerva se sentou ao lado dele. Eles se deram as mãos.
"Eu... Eu contei toda a história para Simple, você quer saber também?" Ele perguntou. Ela olhou para as mãos deles unidas.
"Acho que depois. Eu vi você uma vez. Você entrou na minha loja, seus cabelos estavam raspados, você estava de óculos. Mas era você não era?" Ela perguntou. Kevin assentiu.
"Sim. Um Nova Espécie tinha ido lá, ele só comprou livros e saiu, eu fui sentir se..."
"Se eu e ele tínhamos alguma coisa, se estávamos envolvidos? Ele era o Thorment, ele é um bom amigo agora."
"Eu pensei que você tinha sido estuprada por um deles. Eu sempre tive ódio de todos eles por isso." Ele disse, ela apertou as mãos dele.
"Eu só conheci bondade aqui, Kevin. Não existe um lugar onde você possa se sentir tão aceito quanto aqui. Eles..."
"Nós?" Ele perguntou.
"Sim, nós. É estranho me contar entre eles. Eu sou Nova Espécie!" Ela sorriu.
"Sim a mais bonita deles." Era estranho ter orgulho dela por ela ser bonita, mas era isso.
"Obrigada. Você viu que se daqui a dez, doze anos, se estiver solteiro, terá uma mocinha totalmente terrível atrás de você, não é?" Ela riu.
"Ela me deu um arrepio. Ela é muito pequena pra ser tão esperta." Kevin disse.
"É mas ela é. Você falou em Flora. Ela está na casa dos avós dela, como a conheceu?"
"É uma longa história, mas na verdade, ela está aqui, eu posso sentí-la. Tudo bem se eu for falar com ela? Eu volto e fico até a hora de ir. Acho que Simple disse que James me levará embora." Simple ordenou ao irmão dele que ele levasse Kevin, foi estranho.
"É claro. Só que..."
"Você também vai me dizer que ela é de John? Eu estou curioso para conhecer esse tal de John." Ele disse
"Não! Ela não é de John. Eu nunca diria uma bobagem dessas. É que Flora é diferente, ela tem uma áurea, algo que afeta as pessoas ao redor dela, acho que ela nem sabe disso. Cuidado. Ela não é de John, mas é muito nova. Você também. Não está na hora de sofrer por amor. Deixe para quando você estiver maior." Ela sorriu. Se ela soubesse!
Kevin acenou, saiu da cabana e correu na direção do cheiro delicioso de Flora. Era longe, ele decidiu que não seria legal chegar todo fedido a casa dela, então parou de correr. Essa roupa que usava também não ajudava, calça jeans e camisa de botões. Pelo menos, ele parecia arrumado.
Enquanto andava, pensou em sua mãe, principalmente no cheiro de sexo que a envolvia. Ela tomou banho, mas não ajudou muito, pelo menos para o nariz dele. Era estranho. Ela parecia feliz, mas ela morava com Dusky e parecia que o tal irmão de Simple, eles eram muitos, morava em outra casa. Kevin torceu para que sua mãe e ele se dessem bem. Por que o cheiro dela evocava que ela pertencia ao irmão de Simple, era como se ela estivesse marcada, tudo em Kevin, dizia que ela era dele, do tal de Pride.
O cheiro de Flora não era assim. Nem o cheiro da irmã de Simple, aquela linda moça, de incríveis cabelos de fogo e olhos azuis. O corpo dela tinha um cheiro bom, muito bom.
Kevin não era virgem, embora ele não tivesse namorado ninguém, ele tinha ido a bordéis, é claro. Ele aprendeu muito cedo que precisava de sexo. Era uma parte da vida, uma necessidade. Seu tamanho lhe dava acesso, mas era muito estranho. Ele queria uma namorada, alguém para satisfazer não só sua necessidade de sexo, mas também de carinho, uma companhia para se divertir. Flora poderia ser esse alguém.
Foi com esse pensamento em mente que ele bateu na porta dela. Uma mulher loira, de olhos azuis atendeu, ela sorriu.
"Olá." Ela o examinou de alto a baixo. Kevin esperava não estar fedendo.
"Eu procuro Flora. Meu nome é..." Ele disse, mas foi interrompido justamente por Flora.
"Stone? Tudo bem?" Ela puxou a mãe dela lhe dando passagem.
"Entra." Ela convidou, ele entrou.
"Ele é a cara do Dusky! Nossa Flora! Você ajudou a trazer o neto de Dusky pra casa! Estou orgulhosa, minha florinha!" Ela beijou a bochecha de Flora. Flora se mexeu incomodada.
"Venha, eu estava indo pro zoológico. Te vejo depois, mamãe!" Ela saiu arrastando Kevin, o toque dela o excitou.
"Vamos!" Ela correu, ele correu atrás.
Pegaram a estrada e depois de um tempo, chegaram num local com jaulas afastadas umas das outras, até estarem num grande estábulo. Ela parou, abriu uma baia e puxou um pônei de lá pela crina. Ela encostou sua testa na testa do pônei e fechou os olhos. O pônei fez o mesmo.
Flora saiu do estábulo puxando o pônei pela crina, ele ia andando com ela.
"Não vai arreá-lo, ou selá-lo?" Kevin perguntou.
"Não, ele está muito velho. Snow não gosta mais de correr. Eu demorei muito para vir, eu estava com saudade." Ela disse. Eles foram andando pelas árvores, até num tronco caído e se sentaram.
"Você conheceu sua mãe?" Ela perguntou.
"Sim. Ela é..." Kevin não sabia o que dizer, estava sem palavras.
"É. Mães são assim. A minha é tão doce! Ela me vê com uma criancinha, tem pouco tempo que parei de usar vestidos cheios de babados." Ela sorriu, ele não. Flora era linda demais, os olhos, o rosto delicado, tudo o fazia querer beijá-la.
"Flora. Eu sei que todo mundo diz que você é de John, mas quer namorar comigo? Como os humanos fazem? Um namoro, só." Ele disse, ela ficou de pé.
"Stone, eu..." Ele se levantou e tocou o queixo dela.
"Kevin. Meu nome é Kevin, Stone é o meu sobrenome. Me chame de Kevin." Ele disse, seu dedo passou pela boca dela.
"Kevin. Eu não sou de John. Isso me deixa puta toda vez que dizem isso. Eu não sou dele, eu não sou de ninguém. Mas, eu e ele... Nós temos uma ligação, nós crescemos muito juntos, muito ligados. Eu não sou dele, mas eu sinto falta dele. John é o meu ideal de pessoa, ele é bom, ele é um artista. Ele me entende, ele me faz feliz. Ele foi para a força tarefa, por que me quer, bom, ele me quer sexualmente. Ele já tem dez anos, seu corpo está pronto, mas eu não. Então, ele foi. Ele se afastou para não me obrigar, para não me seduzir. Eu não posso me envolver com ninguém, seria traí-lo." Ela estava sendo sincera, isso o fez apreciá-la ainda mais.
"Mas, você o ama?" Kevin perguntou. Ele se sentou novamente, ela também.
"Sim. Pelo menos do jeito que eu imagino que seja amar. Você sabe o que é amar, Kevin?" Ele fechou os olhos e respirou fundo. O nome dele nos lábios dela o excitou de uma forma que ele não sabia que fosse possível.
"Eu sei o que sinto por você. Fome." Ele disse, ela o olhou de frente.
"Nós somos crianças, Kevin. Irmos por esse caminho só trará tristeza e decepção. Não temos maturidade para lidar com isso, às vezes parece que nem os adultos tem." Ele entendia. Ser grande e forte, nem sempre resolvia os problemas. Havia dias que ele não queria correr pelas plantações, que ele só queria assistir TV.
"Eu entendo. John é um sortudo." Ele sorriu sem jeito.
Flora se aproximou, o cheiro dela o envolveu. Ela pegou em sua mão, e uma onda de contentamento o atingiu, Kevin sorriu e fechou os olhos, ele se sentia bem, ele entendia e não estava triste com a negativa dela mais.
"Você... Você está me fazendo isso, você pode..." Ele disse.
Ela encostou sua testa na dele, Kevin sentiu paz. Sentiu-se feliz.
"Como você faz isso?" Ele perguntou, nas se lembrou dela o tocando, o fazendo dormir.
"Eu não sei. Eu só quero que você não fique triste, com o fato de que você e eu somos muito novos para namorar." Ela sorriu.
"E ter me botado pra dormir?"
"Ah, isso! Muitos por aqui fazem isso. Acho que todo nova espécie de segunda geração pode fazer. Eu estou ainda aprendendo como externar meus sentimentos, como mudar os sentimentos das pessoas ao meu redor. É um aprendizado. Eu espero ter alguma aplicação prática para isso no futuro." Ela sorriu.
"Você me fez me sentir bem com a sua negativa, mas por outro lado, só me fez te querer mais." Ele aproveitou que o rosto dela estava próximo e a beijou. Ela se deixou beijar, uma onda de um sentimento incrível os tomou, ele sentiu a surpresa, mas também que ela se deleitava com a situação, ele sentiu até que ela gostou do gosto do chocolate dos biscoitos nos lábios dele. Kevin chupou de leve os lábios dela, invadiu sua boquinha com a língua, ele sentia o desejo queimar dentro dele e as sensações puras que a tomavam. Tudo era novo para ela, Kevin se afastou.
Flora olhou para as mãos. Ela se levantou.
"Não faça mais isso. Nunca mais!" Ela correu, o pônei correu atrás dela.
Kevin não conseguia sair do lugar. Se ele se levantasse, iria atrás dela, a pegaria, a colocaria sob ele e a possuiria. A faria dele.
"E é assim que se tira um band-aid!" De uma forma bem gostosa, mas é assim. Flora nunca será de ninguém. John percebeu isso e foi para a força tarefa. Eu..." Candid se sentou no tronco ao lado dele.
"Estava me espionando?" Kevin se recuperou do beijo, estava só um pouco tonto.
"Vocês vieram pra cá. Eu só vim me certificar de que você não faria nada com ela. Você é melhor que eu, todavia. Ela me deu um beijinho, eu quase me joguei sobre ela, a sorte foi que Hush estava conosco." Kevin se enfureceu.
"Você encostou essas mãos sujas nela?" Ele se levantou. Estava farto desses irmãos, ia mostrar que...
"Calma. Ela encostou os lábios dela na minha cara. Eu estou tentando esquecer isso até hoje. Mas eu não a toquei." Ele disse.
"Acha que é o que ela faz? Mexe com os sentidos da gente?" Kevin perguntou.
"Exatamente." Simple apareceu e se sentou na árvore. O outro também apareceu.
"É uma reação química, eu acho. Talvez seja o cheiro dela. Mas acho que se tem que ser um bundão para ser atingido, pois eu não me sinto apaixonado por ela como todos os outros." O irmão chato, como o engraçadinho o apresentou disse.
"Todos os outros?" Ele olhou para Simple, mas o rosto dele não esboçava nenhuma emoção.
"Sim. Há até uma fila. John é o primeiro, acho que meu sobrinho Sheer é o segundo." Candid disse.
"James disse que a omelete que Minerva faz é melhor que a minha, eu preciso provar isso. Vamos?" Kevin não acreditou na empáfia dele.
"E minha mãe é lá sua cozinheira?"
"Com ciúmes da omelete da mamãe?" Candid disse e correu, Kevin correu atrás dele, os outros correram também. Ele não chegaria em segundo, não dessa vez.

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