CAPÍTULO 3

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Violet tinha dormido todo o dia naquele quartinho de hotel, desde que tinha chegado de manhã, depois de espiar a casa da avó de Livie, naquela pequena cidade da Inglaterra. Era como nos livros! Ela se levantou, tomou um banho, vestiu uma roupa quente e já ia sair quando o celular que Joe lhe deu tocou.
"Oi, Joe. Consegui, estou aqui." Ela disse, seu irmão não perdeu tempo.
"Que bom, maninha, por que as coisas não estão tão boas por aqui." Ela se levantou, abriu um pouquinho a cortina e olhou em volta. Tudo estava bem, ela estava preocupada a toa.
"O que aconteceu?" Embora Violet tinha uma noção do que aconteceu. Com certeza, Florest tinha algo a ver com isso.
"Florest aconteceu. O idiota jogou pedrinhas contra a sua janela de madrugada, Daisy abriu, ele entrou. Para crédito dele, ele não confundiu vocês, mas Daisy o atacou e gritou. Quando papai abriu a porta, ele estava sobre ela." Violet fechou os olhos. Ela torceria o pescoço de Daisy!
"Papai o acertou tão forte que ele deve ter perdido alguns dentes, espero que ele goste de sopa." Joe disse.
"Ele não gosta. Eu e mamãe levamos sopa uma vez pra ele, ele comeu, mas não gosta." Violet era bem pequena, mas lembrava, Florest tinha ido para a faculdade, mas ficou doente. Era a tal dependência que os filhotes tinham dos pais. Os trigêmeos pareciam imunes a isso, curiosamente.
"Vi? Está aí?" Joe perguntou.
"Sim, Joe, estou. Papai bateu nele, ele foi embora, ou papai acha que ele e Daisy..."
"Esse foi o pior da história. Pride acordou como todos nós, e quando papai acusou Florest de ter tocado em Daisy, Pride disse que você e Florest estavam apaixonados. Florest disse que se você estivesse mesmo apaixonada, não teria ido para a Inglaterra." Joe disse.
Violet suspirou. Tudo iria por água abaixo, Livie fugiria.
"Eu consegui inventar uma desculpa, dizendo que a tia Kit tinha te ajudado, que você queria visitar a Inglaterra, que era a terra dos seus sonhos, mas não colou muito bem."
Violet se sentou e pesou as possibilidades. Talvez ainda conseguisse se mudasse o plano original.
"E agora? O que papai decidiu fazer? Daisy foi para a força tarefa?"
"Foi, ela foi. Papai e mamãe estão na casa da tia Kit, eu liguei antes para ela. Tia Kit disse que vai te dar o máximo de tempo que puder." Violet fez uma prece agradecendo a sua querida tia Kit.
"E Pride?" Ela perguntou.
"Ele levantou meio grogue, depois da confusão, eu e Honor o seguramos e conseguimos enfiar dois comprimidos nele, mas foi só o que deu pra fazer.
"Ele não ficou curioso por Florest dizer que eu fui pra Inglaterra?"
"O engraçado é que não. Ele rugiu muito quando Florest disse que veio aqui impedir você de ir, então, acho que se concentrou no fato de Florest achar que é seu dono." Joe explicou.
Se Pride não registrasse o fato de Violet estar na Inglaterra, talvez Livie não ficasse sabendo, pois dois comprimidos fariam Pride dormir todo o dia. Talvez desse tempo!
"E Lily?" Joe suspirou.
"Ela não acordou, isso me preocupou, Vi. Ela continuou dormindo, um sono muito pesado." Joe disse e isso deu uma injeção de ânimo em Violet, ainda que a preocupasse.
Lily era como uma 'espiã' de Livie na casa deles, pelo menos era o que os pequenos testes que Violet fez davam a entender. Se Lily estava dormindo, provavelmente Livie também estaria.
"Bom, agora vou ter de improvisar." Ela disse, Joe rosnou.
"Violet. Talvez devêssemos parar com tudo. Se Livie não quer voltar, que ela não volte! O pai dela ainda é muito poderoso através do nome da mãe dele. Eu tenho medo. Acho que errei em te apoiar nessa história."
"Eu não tenho medo, Joe. Eu vou descobrir por que Livie mentiu e forjou sua morte. Se tudo der merda, contamos pra todo mundo."
"E tem outra coisa..." Joe disse e Violet não gostou de seu tom.
"Mais uma?" Ela perguntou.
"Pride fez uma proposta para Minerva. Casamento humano. Ela disse que ia pensar." Violet se sentou na cama.
"Por que não o impediu, Joe?" Violet sentiu a raiva aflorar. Mas o que se passou naquela cabeça dura de Pride?
"Ele é mais velho e uns oito centímetros maior que eu. Me diga: como eu poderia impedi-lo?"
"Quanto tempo até ela responder?" Violet se sentia oprimida por todos os lados.
"Você se esqueceu da aparência de Pride, por acaso? Acha que alguma humana resistiria a acasalar com ele? E ainda com o dinheiro que nós arrancamos de Evan Graham! Ele ofereceu pagar as dívidas dela e ainda dar um gás na livraria. Estou surpreso por ela ainda não ter batido aqui."
"E Honor? Ele te ajudou a dopar Pride numa boa?" Honor foi quem descobriu que Livie estava viva, ele era quem tinha começado tudo, mas como o macho bonzinho que era não quis se meter.
"Ele disse que se sente culpado por ter te contado as suspeitas dele, mas que agora não dá pra voltar atrás. Ele também disse que vai passar o dia na casa de Lash com Lily." Isso ajudava, a casa de Lash era longe e parecia estar fora do alcance de Livie.
"Mais alguma coisa?" Ela perguntou, Joe riu.
"Cuidado, florzinha, muito cuidado. Ah, e uma coisa engraçada: tio V., depois que papai esfregou na cara dele que Daisy ia para a força tarefa, mandou Romulus ir também. Tio Slade já abriu as apostas apostando uma grana preta que Daisy fica mais tempo que Rom." Violet riu e rezou para Deus ajudasse Romulus. Ele era o macho menos selvagem que ela conhecia, Daisy o comeria com leite no café da manhã, se ele se metesse com ela.
"Fique com Deus, mana. E não se arrisque!" Joe desligou.
Violet se lembrou da pequena capela que viu quando sondou a região. Será que ela teria tempo de ir lá? Uma capela inglesa! Sua mãe adoraria fotos de lá. Mas ela não tinha tempo. No seu antigo plano, essa noite, Violet espiaria o movimento noturno da casa. Agora, ela teria de improvisar.
Violet trancou o quarto, escalou a parede e correu pelo telhado da estrutura antiga. Não iria dar chance de ser seguida. Havia um celeiro, que devia ser uma garagem coberta, algumas árvores e a rua. Ela pulou pelos telhados desceu, andou por um beco e voltou aos telhados. O cheiro do lugar não era dos melhores, se ela fosse ser sincera, mas a atmosfera antiga a fazia desejar realmente ter ido para aquela cidadezinha de férias.
Talvez um dia, ela e Florest poderiam passar por ali.
Ela continuou pulando de telhado em telhado até ficar de frente para o imenso muro que protegia toda a propriedade. Se ela não tivesse sentido o cheiro dos soldados aprimorados, ela teria batido na porta na cara de pau e pedido para falar com Livie, mas aquele lugar parecia uma fortaleza e Violet não tinha certeza de eles a deixariam ir embora.
Ela escalou o muro que por mais que fosse alto, nem chegava aos pés do muro da Reserva, e pulou do outro lado. O lugar rescendia a valeriana, mas o olfato de Violet foi treinado desde muito cedo a passar por cima dessa substância, graças a seus irmãos.
Ela estava ainda longe da casa, mas havia um túnel ali, ela percebeu quando observou a casa de manhã.
Violet entrou pelo túnel se perguntando o por quê de toda aquela segurança. Guardas aprimorados e valeriana, eram defesas contra Novas Espécies, mas o pai adotivo de Livie fez um acordo com seus tios, o que ele temia?
No meio do percurso, ela sabia que estava no meio, pois havia um canteiro rosas a direita, Violet parou.
O cheiro de Livie era mais forte ali, o que significava que ela devia estar no banco que ficava bem no meio do canteiro. Violet ficou em dúvida do que fazer. Seu plano era confrontá-la e depois ligar para seu tio Justice e pedir que ele a buscasse e trouxesse Livie junto. Mas ela não contava com toda aquela segurança.
"Vamos para o quarto, querida?" Uma voz idosa perguntou, mas Livie não respondeu de pronto. Violet se sentou no chão do túnel.
"Eu não consigo sentí-la, vovó, ela está longe." Violet segurou um rosnado. Que porra! Ela estava procurando por Lily! Que ódio! Violet olhou em volta, não havia como sair, ela teria de percorrer todo o túnel e sair numa espécie de garagem. Então, esperou.
"Você não devia fazer isso mais, isso te debilita muito, querida! Vamos para seu quarto, você vai dormir, amanhã vai se sentir melhor." A avó dela disse.
"É, eu sei. Acha que papai vai viajar?" Ela perguntou.
"Ele está com tudo pronto, daqui a pouco vai embora daqui, graças a Deus!" Essa parte da conversa era estranha para Violet.
"Venha, querida, vamos tomar seu remédio." A voz delas diminuiu um pouco, mas Violet ainda ouviu Livie dizer:
"Acha que eu vou ficar boa, vovó?" Violet se esforçou para ouvir a voz idosa dizer que sim.
Ela continuou pelo túnel, rezando fervorosamente para não cruzar com ninguém ali e suas preces foram atendidas, não havia ninguém na garagem também. Violet escalou e andou pelo telhado, usando seu nariz para encontrar Livie. Ela encontrou, mas não gostou do cheiro dela dessa vez. Livie tinha tomado alguma droga pesada, Violet sentia o hálito drogado dela de longe, o que isso significava?
Ela saltou na sacada do quarto de Livie e olhou pelo vidro da janela fechada. Fazia muito frio ali, mesmo com seu sangue de Nova Espécie, Violet estava congelando.
Ela forçou a porta janela, estava trancada, mas havia outra janela no quarto que estava semi aberta, Violet se pendurou nas grades da sacada e entrou. Livie dormia, era como ver Lily dormindo, as duas colocavam as mãos debaixo do rosto.
Violet olhou em volta e suspirou 'e agora?' ela pensou.
"Sabe, você é muito boa. Um pequeno passo em falso, um mínimo deslocamento de uma telha foi o que te denunciou." Uma voz atrás dela disse, Violet se preparou. Ela inspirou e sentiu um cheiro incomum, um soldado aprimorado, é claro, mas o cheiro dele era diferente. Ela não se virou, não se moveu. Ele teria de fazer o primeiro movimento. E ele fez.

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