2 E você, Kara? Está dentro?

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Voltei!!!

Divirtam-se!!!

Mais um dia, Kara estava na sua pequena cafeteria favorita. Dessa vez, ela não olhava para os nomes na sua caderneta de anotações, estava prestando atenção no movimento do lado de fora.

O caso do dia anterior havia mexido com ela muito mais do que gostaria de admitir. Isso a fez se lembrar do desespero que a atingiu há alguns anos atrás. Se não tivesse focado a sua raiva em se vingar de quem a causou tanta dor, até poderia ter ficado como aquele homem.

A fase do luto não era igual para todo mundo. Cada pessoa reagia de uma forma. Algumas pessoas enfrentavam cada fase e se recuperavam, outras queriam mostrar como se sentiam tomando medidas drásticas e ruins — como aconteceu com Morgan Edge — e outras pessoas, assim como ela, ainda se arrastavam da cama todos os dias tentando se recuperar, mas fingiam que tudo estava bem.

Era por saber que nenhuma pessoa a entenderia — nem mesmo Alex e Samantha, pois nunca tinham passado por algo similar — que nunca contou a ninguém sobre a sua vontade de solucionar o caso insolucionável da sua vida. Sua pequena e discreta investigação particular era mantida trancada a sete chaves.

Todos que sabiam do que aconteceu em sua vida achavam que ela tinha se conformado com a resposta que a polícia e o próprio FBI a deu, mas isso não aconteceu. Enquanto vivesse, nunca a iria se conformar. Poderia demorar anos e anos, mais cedo ou mais tarde encontraria provas e finalizaria a sua carreira com esse caso.

Desviando o olhar da rua, focou na xicara de café a sua frente. Aquele café estava com o gosto mais amargo do que nos outros dias. Tão amargo quanto a sua própria vida.

— Sabia que estaria aqui.

Levantando os olhos, Kara encontrou Alex que estava se sentando a sua frente.

— Assim como todas as manhãs há quase seis anos.

— Não acha que ficar vindo aqui é se torturar? Ficar sozinha, olhando para o nada e com certeza pensando na...

— É o tempo que tenho pra mim mesma — interrompeu a irmã. — Agora é esse o tempo que tenho para mim e para por a cabeça em ordem.

— Seria mais fácil conversar com você sobre isso, se você se abrisse comigo.

— Eu já conversei durante um ano todinho com a psicóloga que J'onn me obrigou a frequentar. Não preciso mais falar disso.

— Eu fico preocupada, Kara — colocou sua mão sobre a dela. — Você passa mais tempo no trabalho do que fora dele. Se arrisca em cada caso que a gente tem que cuidar. Isso quando não se deixa abalar como ontem. Você tem que se abrir, recomeçar a vida. Ela...

— Não termina a frase — fez um sinal com a mão. — Agradeço sua preocupação, mas me dê um voto de confiança quando eu digo que tudo está bem.

— Eu daria se houvesse qualquer vestígio de que isso é verdade.

Às vezes esconder as coisas de quem te conhece tão bem tinha as suas desvantagens. Alex sempre havia sido muito protetora com Kara e há algum tempo estava sendo muito mais. Kara não sabia se gostava disso, pois só a deixava mais cismada que sua irmã só havia se tornado sua parceira de trabalho para a vigiar. Ainda assim, era melhor lidar com ela do que com um curioso qualquer do departamento.

— Conseguiu dormir com a sua namorada ontem? — tentou tirar a atenção da conversa de si. — Eu vi o quanto você a secava no bar.

— Bem que eu tentei, mas ela não me leva a sério — apertou os lábios. — Disse que não estava alterada o suficiente.

The BodyguardOnde histórias criam vida. Descubra agora