14 Cinco minutos, Kara

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Voltei!!!

 
Divirtam-se!!
 
 

Já fazia um pouco mais de um mês que Lena tinha visto Kara a primeira vez. A sensação que invadiu seu ser quando a avistou de longe em pé ao lado de Sarah, ainda era a mesma de todas as vezes que a encontrava pelas manhãs. Tinha se sentido intrigada pela loira, alta e séria que seria a sua guarda-costas, além de tê-la achado extremamente bonita.
 
Quando havia apertado a sua mão em cumprimento e a olhou nos olhos por cinco segundos, sentiu uma corrente elétrica percorrer todo o seu corpo de uma maneira que nunca tinha acontecido antes. Seu coração acelerou tanto que pensou que a qualquer momento ele sairia correndo de seu peito. Depois, ter trocado poucas palavras com ela naquele voo em que estava absurdamente nervosa, viu  que Kara era uma mulher interessante e boa ouvinte.
 
Sua primeira impressão sobre Kara foi a melhor possível, sabia que se dariam bem, só não tinha certeza de que jeito aquilo aconteceria.
 
Em sete meses, faria sete anos, desde que tinha voltado a morar naquela detestável mansão de sua família. Nesse período, havia tido vários e vários guarda-costas e motoristas. Com alguns, até tinha um pouco mais de conversa, com outros — os mais chatos — nunca havia trocado nenhuma palavra se quer e isso nem foi por sua causa, já que tratava todos muito bem e queria mostrar que não era arrogante como sua família, foi por eles mesmos não quererem nenhum tipo de contato.
 
Depois do atentado em Nova Iorque, teve certeza que mais uma vez teria que se acostumar com um desconhecido ou desconhecida a seguindo para cima e para baixo. O tempo de adaptação era sempre o pior, até porque não gostava de jeito nenhum de ter alguém no seu pé, ainda mais alguém estranho, mas teve que aceitar essa condição — dentre tantas outras que aceitou por um bem maior. Afinal, quando se tornou CFO da Luthor-Corp com 26 anos, ficou em muita evidência e isso era perigoso.
 
A diferença entre todos os guarda-costas anteriores e Kara, é que Kara a viu quando nem ela mesma se enxergava mais. Foi naquele abraço que a loira a deu quando estava chorando por Lex ter sido mais uma vez o escroto que sempre era, que sentiu que alguém minimamente se importava com ela. Uma pessoa empática poderia ter feito aquilo, mas foi tudo que a guarda-costas fez depois e aos poucos que fez Lena se render.
 
Estava completamente rendida pela encantadora Kara Lee, a pessoa mais amável e incrível que teve a chance de conhecer. Se sentia importante e feliz quando estava com ela, mesmo que tivesse muitas mágoas em seu peito, Kara conseguia aliviar todas.
 
Era por todas essas coisas e tantas outras que ainda queria viver e sentir ao lado de Kara, que antes de seu baile anual de máscaras iria levá-la para conhecer uma parte da sua vida. A parte mais importante.
 
A última pessoa que tinha confiado na sua vida foi Andrea Rojas, eram melhores amigas até Andrea a trair. Esperava que Kara jamais fizesse isso, pois se acontecesse, não saberia lidar. Se a guarda-costas quebrasse sua confiança, doeria como um inferno, pois tinha por ela um sentimento que ultrapassava a amizade. Haviam se tornado amigas e prezava demais isso, mas sabia que queria mais. Caso Kara se mostrasse ser outra pessoa, seu coração iria ser partido.
 
Ainda assim, correria esse risco. Estava cansada de fazer tudo sozinha, de guardar tantas coisas para si que já a faziam mal. Kara vinha sendo seu ombro amigo, a pessoa que a passava segurança, que a dava carinho e que se tornou importante. Considerava justo ela entender certas coisas a seu respeito.
 
De braços cruzados, Lena pensava sobre todas essas coisas enquanto observava o céu que já estava escurecendo. Em algumas horas, estaria o sobrevoando em direção à Irlanda. Só de pensar em pegar um avião já se sentia nervosa, ao menos estaria com Kara.
 
Pensando na loira, sorriu minimamente quando ouviu três batidas na porta e escutou seus passos em sua direção. Acabou se acostumando com isso e com os horários que ela invadia seu escritório.
 
— Está pronta para ir embora? — perguntou abraçando Lena por trás e apoiando o queixo em seu ombro. — O itinerário será: eu e Alex te deixaremos em casa e enquanto a senhorita termina de arrumar suas coisas, eu e ela vamos até o meu prédio pegar as minhas malas. Às dez, te pegaremos na mansão e iremos para o aeroporto.
 
— Certo — riu quando Kara começou a deixar pequenos beijos em seu pescoço. — Eu já organizei todas as outras coisas.
 
— Não pediu a Jess para fazer isso? — franziu o cenho.
 
Até onde Kara sabia, todas as viagens de Lena eram programadas por Jess. Foi por ter ficado sabendo disso há poucos dias que pediu para Brainy e Felicity — que finalmente tinha um acordo com Diana — revirassem a vida da secretária. Já tinha descoberto que no último ano, todos atentados a Lena estavam ligados a Thurol Industries, a empresa de faixada dos Luthors. Os ataques aconteciam em lugares diferentes porque sempre sabiam exatamente onde Lena estaria. Mas, para confundir a polícia, em alguns ataques foram usados métodos dos Bertinellis, por isso as suspeitas sempre caiam sobre eles.
 
No fim, chegaram a conclusão que Jess não tinha nada a ver. Lilian, Lionel e Lex podiam ter aquelas informações a qualquer hora se assim quisessem, já que Jess fazia as reservas e tratava de tudo durante o trabalho. Sendo assim, alguém acabava vendo os históricos de ligações, e-mails e navegação, e planejava todo o resto. Faltava agora descobrir o motivo para fazerem isso.
 
— Não — negou com a cabeça. — Isso é muito pessoal, não é algo que qualquer pode saber. E é um bom momento para essa viagem, meus pais e Lex estão fora da cidade, não vou tê-los pegando no meu pé como sempre fazem.
 
— Então você costuma a fazer essa viagem com frequência? — perguntou curiosa.
 
— Só duas vezes no ano, quando eu consigo ir — suspirou pesadamente. — Aproveito momentos como esse em que eles estão longe e assim não tem como me impedirem.
 
Lena não a havia dado muitas informações sobre o que fariam, apenas disse que queria que ela soubesse algo sobre sua vida em seu país natal. Mesmo assim, Kara não fazia ideia do que seria, pois tudo o que Felicity descobriu sobre Lena é que ela foi adotada pelos Luthors com quase cinco anos de idade e que havia nascido numa cidade pequena da Irlanda. Não acharam nada sobre pais biológicos ou qualquer outro parente, nem mesmo outro integrante da família Luthor.
 
De qualquer forma, ainda trabalhavam com a hipótese de que Lena era filha biológica ou de Lionel, ou de Lilian. Ela mesma já tinha deixado isso implícito.
 
Sobre ela proteger alguém, também era algo que continuava sendo relevante no caso, mas, até então, ainda não havia qualquer coisa que confirmasse.
 
— Já te impediram antes?
 
— Sempre que podem — se virou ficando de frente para Kara. — Eles gostam de me ter embaixo das vistas deles. Você é a primeira pessoa que eu vou levar comigo porque eu confio em você — segurou se rosto com carinho.
 
— Não quer mesmo que a Lexie esteja junto? — não era a primeira vez que fazia essa pergunta. — Ela é alguém que eu confio muito e... e se algum imprevisto acontecer no caminho, ela pode ajudar.
 
Embora nos últimos dias não tivesse acontecido mais nenhuma tentativa de assassinato a Lena, Kara sempre estava preocupada. Ter Alex ao seu lado, a passava mais segurança de que conseguiria manter Lena bem. Tinha ciência que conseguiria sozinha se precisasse e esperava não precisar. Porém, estaria em outro continente, longe de qualquer outro membro da sua equipe, só se falariam por celular. Se algo desse errado, não teria a irmã para a cobrir.
 
— Eu gosto da Lexie e sei que ela não falaria nada do que visse ou ouvisse. Mas só quero você comigo — a olhou no fundo dos olhos.
 
— Estamos indo pra uma lua de mel e você não quer dizer? — semicerrou os olhos. — Porque faz sentido. Você está me levando para um outro país, você pode estar querendo me pedir em casamento lá, aí a gente se casa longe da sua família, teremos nossa lua de mel e no seu baile de máscaras você anuncia que sou sua esposa. Depois eu passo a vida fugindo dos seus pais e irmão porque sei que eles jamais aceitariam alguma coisa entre nós.
 
A reação de Lena sobre o que Kara falou foi rir. Tinha descoberto nela um lado engraçado. Adorava quando a fazia rir com seus devaneios como o que tinha acabado de ouvir.
 
— Eu não pensei em nada disso, mas não seria má ideia — parou de rir aos poucos.
 
— A gente pode fugir se quiser — falou sem nenhuma pontada de brincadeira na voz. — Eu deixaria tudo para trás se você quisesse. Eu já te disse muito mais que uma vez que você não merece o tratamento que tem da sua família. Eu poderia ser a sua família.
 
O que Kara disse tinha saído do fundo do seu coração. Estaria realmente disposta a lagar seu emprego no FBI, sua irmã, sua — quase — cunhada e melhor amiga Sam e até seu caso não solucionado se Lena aceitasse fugir. Iria onde Lena fosse e esqueceria de tudo.
 
— Você é boa demais pra mim — a abraçou forte com os olhos marejados. — Se eu fugisse, eles me encontrariam e fariam da minha e da sua um inferno. Eles já me encontraram uma vez, e só por isso estou aqui.
 
— Tudo bem. Então a gente não foge. Mas um dia, eu ainda vou conseguir fazer alguma coisa para eles nunca mais te ferirem — beijou os cabelos negros e inalou um pouco do cheiro cítrico que vinha deles. — Vamos? Lexie já nos espera.
 
— Só mais cinco minutos — a voz saiu abafada por estar com o rosto na curva do pescoço de Kara.
 
— Vamos estar juntas e sozinhas por quase uma semana, você vai poder fazer isso sempre e quando quiser.
 
— Cinco minutos, Kara — reforçou em um tom mandão.
 
— Gostava mais de você quando não queria mandar em mim — a abraçou com mais vontade quando ela riu. — Mas faço esse esforço de te abraçar mais um pouco.
 
Quando os cinco minutos acabaram, elas se soltaram.
 
 Minutos depois, Kara e Alex deixaram Lena na mansão e seguiram até o prédio da loira. As irmãs estavam pensativas por causa da situação, Alex não se agradava com fato de Kara ir sozinha com Lena para algum lugar, não por causa da morena, mas por sua família. Já Kara não sabia o que esperar e estava temerosa com as infinitas possibilidades do que poderia acontecer.
 
Estacionando o carro do lado oposto do prédio, as Danvers desceram e rapidamente entraram. Tinham tempo de sobra, mas queriam conversar um pouco antes de reencontrarem Lena.
 
— Algum indício de estar sendo seguida? — Alex perguntou assim que entraram no apartamento e a porta foi fechada.
 
— Às vezes acho que sim. Aproveita que vou ficar fora, pega a moto e pede para o Brainy olhar as gravações — foi direto para o quarto verificar as suas malas. — Eles queriam me dar um susto, disso eu tenho certeza. Por isso nunca mais a chamei para ir a lugar algum. Eles acharam que estamos mais afastadas e não fizeram aquilo de novo.
 
— Mas agora você vai viajar com ela e sozinha. Quando eles souberem, não vão gostar nada disso — sentou na cama observando a irmã.
 
— Eu sei. E hoje ela me disse que nunca fez essa viagem com ninguém, mas que me quer com ela.
 
— Oh! Então ela costuma ir para esse lugar.
 
— Sim — maneou a cabeça afirmando. — Ela disse que faz isso quando todos da casa viajam, igual dessa vez, porque se eles estão perto, chegam a impedir de ir. Só vou entender melhor tudo isso quando eu chegar lá. Alguma novidade? Está sendo horrível não ir a nossas reuniões.
 
— Não podemos correr o risco de você ser seguida. E, sim, tenho algumas novidades. Felicity hackeou o rastreador de todos os carros usados pelos Luthors — começou dizendo. — Agora Diana e Sam podem ver onde eles estão em tempo real. O plano é saber onde eles param, verificar as câmeras de seguranças ao redor e assim identificar quem são as pessoas que eles conversam.
 
— Brilhante!
 
Começou a tirar suas roupas que usava para trabalhar e entrou no banheiro. Alex a seguiu parando na porta para continuar falando.
 
— Grayson continua de olho em Helena a pedido de Diana. Ela vai assumir a empresa da família e, por enquanto, não há vestígios de que assumiu o comando da máfia, mas pode ser só uma faixada — falou a última frase mais alto quando o chuveiro foi aberto. — Sabemos como essa gente é.
 
— O que mais?
 
— Como eu não vou com vocês e pode acontecer de eu ser chamada para trabalhar a qualquer momento, você vai ter a ajuda de uma agente. O nome dela é Nia Nal, quando você nos passar melhor a localização, ela vai estar por lá trabalhando em algum lugar. Qualquer problema, você pode falar com ela.
 
— Ela sabe de toda a missão? — quis saber.
 
— Só o suficiente pra te ajudar se precisar.
 
Abrindo o box do banheiro, Kara pegou a toalha se enrolando nela, logo passou pela irmã indo até seu pequeno armário escolher o que vestir.
 
— Fico mais tranquila com isso.
 
— Qualquer coisa, fala comigo. Pode me ligar á qualquer hora, estarei te passando todas as informações — voltou a se sentar na cama. — Se eu te fizer uma pergunta, você promete que vai ser sincera?
 
— Tá — deu ombros.
 
— Você e a Lena já...?
 
— Já...? — olhou para a irmã sem entender e a viu fazer uma expressão bem sugestiva. — Oh! Você tá me perguntando sobre... — viu Alex assentir. — Não. E-eu nem sequer a beijei. Não foi por falta de vontade, mas não tenho coragem de fazer isso primeiro. Mesmo se partir dela, acho difícil eu resistir, mas ainda seria estranho. Embora eu seja sempre eu quando estou com ela, eu ainda estou mentindo.
 
— É que eu venho percebendo que estão cada vez mais próximas e...
 
— Desde que aquele carro bateu em mim, só a vejo no escritório mesmo, como eu já tinha te dito. Não faria isso com ela sem ela saber quem eu realmente sou. Eu estaria a enganando em níveis muito profundos — escolheu uma calça e começou a vestir. — Ela é importante demais pra mim pra eu fazer algo assim.
 
— E quando isso tudo acabar, pretende falar tudo?
 
— Pretendo. Todo dia eu quero contar tudo, mas sei que não posso.
 
Alex digeriu a resposta da irmã. A principio, tinha achado que Kara iria acabar se deixando levar pelas as suas emoções a ponto de por toda a operação ladeira a baixo. Via em seus olhos o quanto ela estava apaixonada por Lena e parecia ser correspondida. Mas ela até que estava lidando bem com as coisas. Alex e Sam sabiam que a sua motivação para prender os Luthors não era mais por ser seu trabalho, era por causa de Lena.
 
— Você está agindo certo. Estou orgulhosa de você, mesmo que ainda queira te bater por estar se envolvendo com quem não deveria — recebeu um soco no braço. Agora só falava aquilo por pura provocação, pois não acreditava mais que Lena era suspeita, só não tinha dito isso a Kara ainda. — Eu vou contar pra mamãe — esbravejou.
 
Poucos minutos depois das nove, após conversarem mais sobre a operaçao e sobre suas desastrosas vidas amorosas, as irmãs tomaram o caminho de volta à mansão. Ao chegarem lá, colocaram as malas de Lena no carro e seguiram para o aeroporto — o mesmo que Kara e Lena pousaram quando chegaram de Nova Iorque.
 
Depois de ajudar Kara e Lena com as malas, Alex se despediu das duas e foi embora.
 
Entrando no avião, dessa vez, Kara se sentou em frente a Lena a olhando do mesmo que a olhou no dia que se conheceram.
 
— Está nervosa?
 
— Como sempre.
 
— Me dá as suas mãos — colocou seus braços em cima da mesa que havia entre elas, deixando as palmas das mãos viradas para cima. — O voo é longo e não quero te ver aflita como te vi da última vez que voamos juntas.
 
Sorrindo de nervoso e de alegria também, Lena pousou suas mãos sobre as de Kara. Quando o avião já estava no ar, Lena ainda continuou mais um tempo na mesma posição.
 
— Acho que tudo é melhor com você. Obrigada por isso.
 
— Agora que podemos sair das poltronas, que tal você descansar um pouco? — perguntou tirando o seu cinto. Já em pé, estendeu novamente a mão para Lena pegar.
 
— Eu não consigo dormir em voos, não importa o tanto de horas que leve — foi levada por Kara até o sofá onde sentaram lado a lado.
 
— Porque nunca tinha voado comigo — falou convencida colocando uma mofada em seu colo e dando três batididnhas nela indicando para Lena por sua cabeça ali. — Vem. Deixa eu cuidar de você.
 
Sem ao menos pestanejar, Lena dez o Kara pediu e acabou adormecendo enquanto a loira acariciava seus cabelos e segurava uma de suas mãos. Um tempo depois. Kara também dormiu por algumas horas.
 
Às sete e meia da manhã do dia seguinte, elas pousaram em um aeroporto privado. Lá dentro mesmo tinha um carro esperando por elas e foi Lena quem assumiu o volante.
 
A viagem de carro foi incrível para Kara, não fazia ideia para onde estavam indo, só sabia que tinham se afastado muito do centro da cidade em que estavam e estava adorando ver a paisagem. Se estivesse com Lena ao seu lado, moraria tranquilamente em um lugar pacato como aquele.
 
— Estamos chegando? — perguntou curiosa fitando Lena. — Estou começando a achar que você está me sequestrando.
 
— É quase isso — riu. — Só mais cinco minutos e vamos chegar onde eu quero.
 
— Foi aqui que você nasceu?
 
— Próximo daqui, mas foi nessa cidade.
 
— É um lugar bem bonito — voltou a olhar a janela.
 
— Aqui é uma região de fazendas e ranchos.
 
— Então estamos indo para um rancho ou fazenda?
 
— Um rancho.
 
— Aí lá nesse rancho você vai me manter em cárcere privado? — brincou mais uma vez.
 
— Boba.
 
Cinco minutos depois, Lena estava se identificando para um guarda no portão — um portão bem grande e bem alto — falando um idioma que Kara não sabia qual era.
 
— O que você falou com o guarda ali atrás? — enrugou a testa olhando para Lena mais uma vez. — Quantos idiomas você fala? Outro dia te peguei xingando em alemão. Depois, estava falando japonês no telefone.
 
— Eu estava falando em chinês e, da outra vez, eu não estava xingando em alemão. Eu falo inglês, irlandês, que é o que eu acabei de falar, francês, espanhol, alemão, chinês e russo.
 
— Pouquinha coisa, né? — olhou para frente avistando uma linda paisagem de montanhas, árvores e arbustos. Ao longe já via uma casa. — Uau. Aqui é lindo — disse embasbacada.
 
— Espero que goste da estadia. É muito importante pra mim ter você aqui.
 
Pegando a mão direita de Lena, Kara a levou até os lábios e beijou.
 
— Com você comigo é óbvio que vou gostar.
 
Quando Lena parou o carro em frente a casa, ela e Kara desceram no mesmo momento. Kara continuava surpreendida pelo lugar, olhava a sua volta girando o corpo adorando todo aquele verde.
 
— Vamos deixar a mala aqui, depois a gente pega. Primeiro vamos comer alguma coisa — segurou a mão da guarda-costas a puxando para a porta de entrada.
 
Tirando uma chave da sua bolsa de mão, Lena abriu a porta dando passagem para Kara entrar. O lugar por dentro era meio rústico, mas ao mesmo tempo bastante aconchegante. Tinha uma atmosfera diferente da mansão e não tinha nada a ver por ser em outro país ou por ser um rancho. Kara podia comparar o lugar como casa de mãe. Era acolhedor.
 
Ainda sendo puxada por Lena, Kara observava a tudo. A casa tinha dois andares e os cômodos eram bem grandes. O chão era de madeira, brilhava tanto que quase dava para ver seu próprio reflexo. As paredes, tinham tijolinhos vermelhos e o teto era em cinza bem claro com luzes embutidas. Os móveis tinham um estilo antigo e de fazenda, mas estavam em ótimas condições.
 
Havia uma sala de visitas, uma sala com TV, um lugar com uma porta fechada que Kara deduziu ser um escritório ou algo assim e então pararam na cozinha. Ainda bastante impressionada, a loira só prestava atenção na casa. Nem se trabalhasse cem anos conseguiria algo daquele tipo. Voltou a realidade somente quando ouviu vozes próximas de si.
 
— Mãe! Que saudades!

— Eu também estava com saudades.

Kara arregalou os olhos quando olhou para o canto da cozinha. Ela estava vendo aquilo mesmo? Lena a tinha levado para conhecer a pessoa que ela protegia?

Se mantendo um pouco afastada, observou o abraço que acontecia, ele parecia muito saudoso e repleto carinho e ternura. Quando o abraço acabou, um par de olhos verdes, que não eram os de Lena, a encarou.

— Oi — disse se aproximando. — Eu sou Elizabeth Walsh — estendeu a mão em direção a Kara.
 
— Sou Kara Lee — sorriu de volta apertando a mão e balançando sutilmente.
 
— Muito prazer, Kara — sorriu amigavelmente.
 

:)

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