4 O elo mais fraco

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Voltei!!!

Divirtam-se!!!

Assim que passou pela porta do jatinho, Kara viu Lena e Sarah sentadas uma de frente para a outra conversando. O pequeno avião tinha apenas quatro poltronas, sendo separadas por uma mesa e com o espaço do pequeno corredor separando outras duas. Ou seja, duas ficavam do lado esquerdo e duas do lado direto. Atrás dessas poltronas havia um sofá que se estendia até quase o fundo do jato. Parecia até confortável.

Depois de alguns segundos parada perto da porta que tinha acabado de ser fechada pelo piloto, suspirou baixo se aproximando da poltrona ao lado de Sarah. Depois de sentar e colocar seu cinto, notou que passaria as próximas três horas, praticamente, de frente para Lena. Se tivesse pensado melhor, teria sentado na poltrona ao lado da dela para não se sentir tão intimidada.

Em menos de cinco minutos, o piloto anunciou que iria levantar voo. Não demorou muito para ver pela janela tudo do lado de fora passar com rapidez até planarem nos céus. Aos poucos, Nova Iorque foi ficando cada vez menor e foi então que teve certeza que agora não teria mais volta. Não havia mais como desistir de ser uma agente infiltrada.

Estar em um avião nunca foi um problema para Kara, ela sempre gostou de voar e às vezes seu trabalho exigia que ela ficasse na ponte aérea. Sem contar que adorava pular de paraquedas ou andar de asa delta. Adorava qualquer coisa que a fazia ter mais emoção. E sentir algum tipo de emoção, por menor que fosse, vinha fazendo total diferença na sua vida nos últimos quase três anos.

Dessa vez, porém, o que sentia nada tinha a ver com adrenalina ou algo semelhante, estava se sentindo estranha e sufocada naquele ambiente. Sua garganta estava extremamente seca e tinha dificuldade de respirar normalmente. O perfume marcante que estava empreguinado em suas narinas, não a ajudava toda vez que buscava por ar.

Tirando os olhos da cidade abaixo de si, eles acabaram recaindo sobre Lena que conversava animadamente com Sarah. Kara não queria ficar a encarando e tentava prestar atenção na conversa — poderia sair alguma coisa útil dela — mas estava falhando miseravelmente nas duas coisas.

Se alguém a perguntasse, não saberia responder por quanto tempo observou Lena. Ela ria contidamente e mostrava que estava atenta ao que Sarah falava. Suas expressões eram mínimas, apenas poucas vezes uma pequena ruga nascia na sua testa e suas sobrancelhas arqueavam, mas não como quando se cumprimentaram, era um pequeno reflexo. Também pode reparar uma covinha bem marcada na sua bochecha direita.

Somente parou de olhar para a morena quando uma aeromoça — que não fazia a mínima ideia de onde tinha saído — apareceu no seu campo de visão se colando a frente de Lena.

— Aceita alguma coisa, Lena? — a aeromoça perguntou cordialmente.

— O de sempre, por favor.

— E a senhorita? — quis saber de Sarah.

— O mesmo que ela.

— E você? — a cara de desentendida que a guarda-costas fez com a pergunta, fez a aeromoça segurar o riso. — Aceita beber alguma coisa?

— Ah, sim! Sim. Sim — sacudiu a cabeça afirmando. — Uma água, por favor — respondeu gentilmente.

Assentindo de leve, a aeromoça foi para os fundos do avião, mas voltou poucos minutos depois servindo doses de whisky puro para Lena e Sarah, e uma água para Kara.

Estava se sentindo tão estranha que bebeu toda a garrafinha de água rapidamente. Nunca tinha ficado tão tensa e tão nervosa em algum caso, mas dessa vez estava as duas coisas. Talvez fosse porque era a primeira vez que estava trabalhando infiltrada e só agora estivesse sentido toda a pressão que havia em cima do caso.

The BodyguardWhere stories live. Discover now