28 Ilusão sua

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Voltei!!!
 

Divirtam-se!!!
 
 

Irlanda, semanas atrás.
 

Eu quero te contar uma coisa sobre mim — passou seu braço por cima dos ombros de Lena. — Tenho falado muito, mas não as coisas principais. Quando eu disser, você vai entender como eu faria isso.
 
— Se quiser falar agora, eu estou ouvindo.

 Era isso. Era o certo a se fazer. As consequências viriam de qualquer forma.

— Lena, eu...

— Mamãe! Mamãe! — Lizzie gritou descendo as escadas correndo e pulou em cima de Lena ao chegar na sala.

Droga!
 
— O que foi, meu amor? — perguntou assustada se desvencilhando de Kara para abraçá-la.

— Eu sonhei que você tinha ido embora sem me dar tchau — sua voz era chorosa.

— Eu estou aqui — se levantou com a garotinha no colo indo em direção a escada. — Estou aqui com você, Lizzie.
 
Quando mãe e filha sumiram de suas vistas, Kara bufou jogando a sua cabeça para trás. Tinha que resolver aquela situação, mas era tão complicado.

 Encarando o teto, tentou esvaziar sua mente. Nada adiantou. Uma voz na sua cabeça ficava dizendo que ela faria com Lena e Lizzie o mesmo que fez com Lucy. E então uma lágrima rolou por seu rosto quando o medo sentou ao seu lado e segurou sua mão. Há muitos meses não se lembrava como era salgado o gosto de uma lágrima e como ela podia ser pesada.

Queria ajudar, mas com uma vida falsa, culpa e promessas feitas no calor do momento, era a receita perfeita para o desastre se não tomasse cuidado.

 Mais de meia hora naquela posição, limpou as últimas lágrimas com as costas da mão. Se levantando, subiu vagarosamente as escadas. Assim que pisou no corredor, encontrou Lena saindo do quarto de Lizzie.

 — Como ela está? Conseguiu acalmá-la?
 
— Ela voltou a dormir.

— Isso acontece com frequência quando você está aqui? — parou em frente a morena.

— Sim. Isso me mata porque, no fim, eu sempre vou embora — apertou os lábios.
 
Puxando Lena para seus braços, a abraçou fortemente.

— Uma hora você não vai precisar ir embora.

 Esteve a uma frase de dizer tudo. Deveria aproveitar o momento para seguir seu coração ou a razão? Qual escolha era a menos pior?
 
— Eu só quero viver em paz com a minha filha.

— Você vai. Vamos para o quarto, eu preciso te falar algo. É muito importante.
 
— Você falando assim, até me deixa assustada. Eu deveria ficar assustada?
 
— Não — a soltou do abraço para olhá-la. — Mas não sei como você vai reagir.
 
Pegando a mão direita de Lena, Kara a puxou para o quarto em que estava dormindo e a levou até a cama para ela se sentar. Se ajoelhando a sua frente, pousou as mãos sobre o joelhos de Lena e a encarou.
 
— Como eu disse lá na sala, você sabe muitas coisas sobre mim, mas não as coisas principais.
 
— Vai me dizer que é casada ou algo assim? — falou de forma brincalhona.
 
— Já fui casada. Eu sou viúva há três anos — abaixou um pouco o olhar, mas logo voltou a fitar os olhos verdes.
 
— Por essa eu não esperava — seus lábios se tornaram uma linha reta. — Sinto muito, Kara. É sobre isso esse mistério todo que você está fazendo? Eu não me importo com o seu passado, e você não precisa se forçar a me contar se não estiver pronta. Eu te falei sobre a Lizzie por que confio em você.
 
— Eu também confio em você, por isso preciso falar — respirou fundo. — Eu não sou Kara Lee. Não sou só sua guarda-costas e nem fui trabalhar na mansão aleatoriamente. Aleatoriamente foi começar a ter sentimentos por você desde que te vi. E é por causa desses sentimentos que eu não acho justo esconder quem eu realmente sou. Você me mostrou uma parte importante da sua vida, que é a Lizzie. Você se abriu comigo. Não me importo com as consequências do que vou fazer se descobrirem. Eu sei que é o certo.
 
— Se você não é Kara Lee, você é quem? — perguntou achando toda aquela conversa estranha.
 
Kara Danvers. Eu sou agente especial do FBI do escritório de Nova Iorque. Vim para Metrópolis trabalhar infiltrada na casa da sua família. Faço parte de uma grande investigação para pegar seus pais e seu irmão. Você já conhece duas pessoas da minha equipe. Uma é a Lexie, o nome dela é Alex Danvers, ela é minha irmã mais velha e também é uma agente especial. A outra pessoa é a Sam. Ela é minha melhor amiga e investigadora do FBI. Elas não são casadas.
 
Lena ficou quieta por alguns segundos, mas depois começou a rir. Não sabia que Kara podia fazer uma brincadeira com tanta seriedade.
 
— Você quase me pegou — foi parando de rir aos poucos quando viu que Kara continuava a olhando séria. — Isso não é brincadeira?
 
— Não — sacudiu a cabeça negando. — É por isso que eu posso proteger a Lizzie. O FBI pode fazer isso, só não podem saber que eu te contei, pelo menos não agora, pois estou quebrando inúmeros protocolos.
 
— Todas as vezes que a gente fez aquelas guerras de polegares e você me disse coisas sobre você foram mentira?
 
— Tirando em ser do exército, que era parte da minha identidade secreta, todo o resto é verdade e posso te dar provas disso — segurou suas mãos. — Eu só estava omitindo sobre eu ter sido casada e o fato de ser uma agente infiltrada. Eu não quero ter segredos com você, Lena. Eu não podia estar te falando nada disso, ainda mais que toda a operação da qual estou incluída é sobre Lionel, Lilian, Lex e até você. Eu sei que você não está envolvida em nada do que suspeitamos que sua família esteja. Não precisei mais do que três dias para saber disso. Eu quero te ajudar a não ser uma refém nas mãos deles por causa da Lizzie. Você pode até não me querer depois disso tudo que eu estou falando ou se sentir traída e enganada, e vou compreender se se sentir assim. Pelo menos, me deixa proteger a Lizzie.
 
Se levantando da cama, Lena se afastou de Kara. Era muita informação para processar.
 
Sempre que olhava nos olhos de Kara via neles sinceridade e por causa disso, sabia que ela estava sendo sincera em toda aquela conversa. Não se sentia traída, afinal, Kara estava ali contando a verdade, mas não podia deixar de se sentir estranha.
 
— Eu não... eu não sei o que te dizer.
 
— Eu posso responder todas as perguntas que você quiser. Por causa da operação, não estou com meu distintivo, mas tenho um celular criptografado cheio de mensagens referentes ao caso. Você pode ler tudo, e eu te explico tudo.
 
— Você vai me contar no que minha família está envolvida? — olhou a loira que estava se aproximando dela.
 
— Conto tudo o que você quiser saber. Não quero esconder nada de você.
 
— Então pode começar — voltou a se sentar na cama e observou Kara se sentar ao seu lado. — Me conta tudo desde o começo.
 
Sem ocultar nenhum detalhe, Kara falou tudo para Lena, respondeu todas as suas perguntas, mostrou todas as mensagens relacionadas ao caso, explicou melhor como poderia proteger Lizzie e também contou sobre sua falecida esposa.
 
Atentamente, Lena ouviu a tudo. Era impactante cada coisa que descobriu sobre a sua família, mas não era chocante saber daquilo. Na verdade, isso explicava muitas coisas.
 
— Agora você sabe tudo — Kara disse com um suspiro. — Desculpa não ter contado antes.
 
— Eu preciso pensar em tudo isso.
 
— Tudo bem — beijou sua testa com carinho. — Pensa sobre o que eu falei da Lizzie. Eu já vou deixar minha irmã informada. Você aceitando, eu dou prosseguimento no resto. Não quero te pressionar, mas seja rápida.
 
Assentindo, Lena se levantou e saiu do quarto. Precisa de tempo e espaço para digerir toda aquela história.
 
******
 
Vendo uma lágrima cair dos olhos de Lena, Kara desviou seu olhar do dela e encarou Lex. Ele continuava enraivecido, com a arma apontada para a irmã e parecia se divertir com a situação. Ele era um sádico.
 
Usando sua visão periférica, viu Alex fazer um sinal com as mãos para Bárbara que estava escondida.
 
Se concentrando mais um pouco no que a ruiva fazia, percebeu Alex dar um passo mínimo para frente e logo abrir e fechar a mão esquerda duas vezes. Se Alex estava fazendo aquele sinal, era porque não havia chances de Lena sair daquele confronto ferida. Além disso, antes chegar até onde toda aquela bagunça acontecia, viu Kho, Graves e William serem detidos. Não havia outra pessoa, além de Lex, a oferecer perigo para ela.
 
— Eu já te disse para não me comparar a você — Kara disse a Lex dando um passo para frente.
 
— Fica bem quieta onde você está ou você vai ver ela morrer bem aqui — apontou a arma para ela. — Então irmãzinha, por acaso ela te contou quem realmente é?
 
Lex estava com um sorriso presunçoso em direção a Kara. Sem que ele mantinha seu ar de arrogância e se sentia vitorioso no tal jogo da verdade.
 
— Ilusão sua achar que ela não me disse nada — Lena respondeu. — Eu sei de tudo.
 
Franzindo o cenho, Lex achou por um segundo que tinha ouvido errado o que a irmã disse. Porém, quando percebeu o olhar cúmplice de Kara para ela, viu que Lena sabia realmente quem ela era.
 
Sua raiva aumentou muito mais. Queria ver Lena sofrer, era assim que tinha que ser. Era isso que fazia com ela há anos e agora não faria diferente. Iria terminar o que várias pessoas para quem deu grandes quantias de dinheiro não conseguiram. Só que antes, mataria Kara.
 
— Já que Mercy não conseguiu te matar. Diga pra mim as suas últimas palavras, senhorita Kara Danvers.
 
— Você é burro de achar que eu mentiria pra mulher que eu amo. E mais burro ainda por achar que minha irmã — maneou a cabeça em direção a Alex — iria deixar uma arma cheia de balas cair próximo a você.
 
— Palavras erradas.
 
— Kara! — Lena fechou os olhos e gritou por seu nome quando viu Lex apertar o gatilho.
 
Nenhuma bala saiu da arma. Nenhum som foi ouvido.
 
Antes que Lex pudesse entender o que estava acontecendo, Bárbara apareceu o empurrando — isso o fez cair sentado — e tirando Lena de perto dele.
 
— Tira a Lena daqui — Alex ordenou à Bárbara.
 
Irritada, Kara foi até ele desferindo com a arma um golpe forte em seu rosto. Ela o agarrou pela gravata e subiu em cima dele o batendo sem parar.
 
— Implora pela a sua vida igual ela implorou — gritou. Suas palavras se referiam a Lucy. — Implora ou eu te mato.
 
— Me mata então.
 
— Implora pra eu não te matar.
 
— Kara, não faz isso — Alex se aproximou, mas quando tentou tirar a irmã de cima do Luthor, foi empurrada por ela.
 
Percebia que Alex continuava gritando por seu nome, mas Kara continuava batendo em Lex com força. Tinha ficado cega de ódio. Quando viu o sangue jorrando do rosto de Lex, a loira se levantou e apontou a arma para ele.
 
— Kara — Alex a chamou de novo —, isso é sobre justiça, não vingança.
 
— Implora pela sua vida — repetiu.
 
— Não me mata — Lex pediu com dificuldade. — Não me mata.
 
Apertando o gatilho, o estrondo do tiro assustou Alex.
 
A bala não pegou em Lex, pegou no piso de madeira na lateral da cabeça dele.
 
— Abre os olhos, seu covarde — colocou a arma no coldre se baixando e o virando de bruços para colocar as algemas. — Não vou te matar, você vai pegar pena de morte mesmo. Lex Luthor, você está preso por ser o mandante do assassinato de Lucy Lane-Danvers — o levantou do chão e o olhou nos olhos. — Te vejo no inferno em alguns anos.
 
O entregando a Alex, Kara se virou e começou a se afastar. Estava com vontade com chorar, mas dessa vez era diferente. Finalmente, tinha conseguido resolver o caso não solucionado de sua carreira. Esse havia sido o mais difícil, o mais árduo e o mais longo de sua vida.
 
Não deu para segurar as lágrimas quando elas resolveram descer por seu rosto. Agora estava finalmente se livrando do peso que carregou por todos esse tempo. Matar Mercy e prender Lex não traria Lucy de volta, tinha total consciência disso. O importante mesmo era conseguir ter paz por ter pego a sua assassina e o mandante do crime.
 
Passando pelo enorme portão da mansão, deu uma olhada em volta. Havia vários carros da S.W.A.T parados e pessoas ainda sendo colocadas dentro deles. Do outro lado da rua, viu uma ambulância e Lena estava próximo a ela com Sam ao seu lado. Estava indo em sua direção, mas alguém segurou seu braço.
 
— Você está bem? — Diana perguntou preocupada vendo seus olhar choroso.
 
— Agora eu vou ficar — secou as lágrimas.
 
— Ouvi tudo o que foi dito lá dentro. Foi ela que enviou o pen drive, não é? — apontou com a cabeça em direção a Lena.
 
— Foi. Ela quis ajudar, e nós precisávamos de mais provas.
 
— Você sabe que vai ser punida por ter quebrado tantos protocolos, não sabe? E que suas atitudes, podiam levar todo esse caso a abaixo.
 
— Sei — moveu a cabeça devagar. — Mas eu tinha que fazer o que fiz. E eu não me arrependo de nada. Eu cumpri parte das minhas promessas hoje. Consegui prender quem mandou assassinar a minha esposa. A mulher que eu amo está viva e vai voltar pra filha dela quando todos os trâmites necessários acabarem. E eu posso, finalmente, me livrar do peso do passado.
 
Percebendo que os olhos de Kara pararam em alguma coisa atrás de si, Diana virou para olhar; Alex estava colocando Lex na viatura.
 
— Só não vou te criticar por ter arrebentado a cara dele porque eu provavelmente faria o mesmo. Mas você ainda vai ser punida por isso. Fizemos uma grande apreensão essa noite. A maior de toda a história do FBI — voltou a olhar a loira. — Na segunda teremos muitos relatórios pra preencher, mas você não vai poder participar dos depoimentos, já que você vai ter que depor sobre a Lucy Lane.
 
— Tudo bem.
 
— Eu peguei o depoimento da Luthor sobre o que houve lá dentro, mas ela vai ter que responder mais perguntas depois. Ela passou por um grande susto, se quiser pode levá-la para casa. Duvido muito que ela vai querer continuar aqui nessa mansão — viu Kara concordar. — E, por favor, tenta não fazer nada de imprudente até preenchemos toda a papelada necessária.
 
— Não garanto nada.
 
Diana maneou a cabeça em direção a Kara e se afastou.
 
Embora quisesse correr até Lena, Kara viu Diana ir para dentro da mansão, mas continuou parada no mesmo lugar esperando Alex se aproximar. Alex parecia aliviada.
 
— Ka... — sentiu o corpo da irmã se chocar contra o seu em um abraço.
 
— Obrigada pelo que fez hoje — a apertou forte. — E o obrigada por te ficado do meu lado.
 
— Eu não quebraria a promessa que fiz a você — se desvencilhou do abraço para a olhar. — Que bom que você pegou meus sinais para entender que não tinha bala na arma.
 
— Nunca me esqueci de como você ficou quando o cara pegou sua arma e atirou naquela mulher. E depois, numa situação parecida, eu pude agir porque pegaram sua arma na luta, mas você tinha tirado o cartucho — as duas riram. — Só que na naquele dia eu não estava entendo porra de sinal nenhum, mas foram os mesmos de hoje.
 
— Eu sabia que você entenderia tudo.
 
— Ser sua irmã há tantos anos tinha que servir de algo — brincou levando um empurrãozinho.
 
Ainda que estivesse conversando descontraidamente com a irmã, Kara já estava esperando a enxurrada de perguntas de Alex sobre ela ter contado para Lena toda a operação. Sua surpresa foi grande quando isso não aconteceu. Foi então que sua filha caiu.
 
— Quando você soube que ela sabia?
 
— Quando Lex te sequestrou — revelou. — Na hora do desespero, ela me chamou de Alex. Poderia ser aleatório, mas eu sabia que não era. Sem contar que eu falei pra não ir na policia, ela aceitou rápido demais. Qualquer pessoa iria a polícia primeiro. Você a instruiu bem.
 
— Não dava para saber em quem confiar.
 
— Depois, enquanto eu tentava entender o motivo de seu sumiço, acabei vendo um vídeo de vocês se beijando no elevador na noite do baile de máscaras — fez uma careta — e, provavelmente, fizeram muito mais naquela noite. Você não a magoaria em níveis tão profundos. Isso seria abuso, você estaria se aproveitando dela, e eu sei que jamais faria algo desse tipo com qualquer pessoa.

  — Depois que ela me beijou a primeira vez, eu não consegui esconder mais nada — confessou de forma tímida. — Porque não disse nada a ninguém?

  — Eu não poderia estar me envolvendo com minha falsa esposa durante o período da operação, e você nunca me ameaçou de contar alguma coisa — repuxou o canto direito da boca. — Tudo bem que você arriscou muito, mas... Se fosse a Sam no lugar da Lucy ou da Lena, eu agiria da mesma forma que você agiu.
 
— Finalmente ela vai ter o descanso que ela merece — se referiu a falecida esposa.
 
— E aposto que ela está feliz por você ter encontrado alguém que te faça feliz. Leva ela pra casa, ela precisa do seu apoio e você do dela. Eu vou ajudar Diana e a Sam por aqui. Diz pra ela se preparar pra perder pra mim no poker amanhã.
 
— Iludida — sorriu dando uns passos para trás de costas. — Vai ter que se admitir que a minha garota é melhor que você.
 
— Não conte com isso — sorrindo, Alex mostrou o dedo meio para irmã e depois voltou para dentro da casa.
 
Se virando, Kara atravessou a rua e foi até onde Lena estava. Poucos passos antes de chegar até a ambulância, Lena a viu e foi até a sua direção pulando em seus braços.
 
— Como você está sentindo? —  perguntou ainda agarrada a Lena a levando até a calçada. — Ele te machucou?
 
— Melhor agora que estou com você. Fisicamente, não.
 
— Agora você está livre deles — deixou um beijo em seu rosto a colocando no chão. — Logo você estará com a Lizzie, e ninguém poderá separar as duas.  
 
— Eu acho que só vou acreditar nisso mesmo, quando a ver de novo — seus olhos estavam marejados. Era uma mistura de sentimentos aflorados.
 
— Depois da parte burocrática e colherem o seu depoimento mais detalhado, eu te levo até ela. Em poucos dias, ela estará do seu lado.
 
Lena olhou para Kara de forma mais amorosa e agradecida que conseguia. Nunca pensou que a loira séria que era sua guarda-costas — assim pensou por um tempo — teria um significado muito maior na sua vida.
 
— O que foi? — perguntou encabulada.
 
— Kara Lee pode ter me salvado, mas, Kara Zor-El Danvers, você é a minha heroína.
 
— Eu te amo — sussurrou segurando seu rosto. — Te amo com mil coraçõezinhos.
 
— Eu também te amo. Muito — grudou suas testas fechando os olhos e sentindo seu corpo se acalmar. — Sinto muito pela Lucy. Ter ouvido você contar a história e suas suspeitas, foi horrível, mas ouvir Lex se vangloriar disso foi bem pior.
 
— Não sinta — pediu. — Você não tem culpa de nada. Hoje eu coloquei um ponto final no meu passado. Foi um capítulo ruim e doloroso. Agora quero escrever um outro capítulo com você.
 
— Ainda bem que quer o mesmo que eu, se não eu teria que implorar pra você fazer isso comigo.
 
As duas riram ao mesmo tempo.
 
Ainda estava um caos do lado de fora da mansão, mas para elas, só havia as duas ali.
 
Estavam em seu lugar seguro.
 
— Vou te levar pra casa e vou te abraçar a noite inteira — passou levemente seu nariz sobre o de Lena. — Sei que está assustada com tudo isso e se precisar desabar, estarei ao seu lado para te segurar. Amanhã nós falamos com a nossa menina.
 
Sentindo o peito quase explodir pelo jeito que Kara se referiu a Lizzie mais uma vez, Lena a beijou com todo o amor.
 
O recomeço de suas vidas estava sendo selado por aquele beijo.
 
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Uma coisinha que eu queria deixar claro: Um dos plots que eu mais odeio da série supergirl é o fato do Mon-hell enganar a Kara fingindo ser outra pessoa, ter dormido com ela e continuar mentindo sobre quem era. Isso é ABUSO. ABUSO É COISA SÉRIA. Eu não repetiria isso na minha história.
 
Um dos meus maiores medos é escrever algo abusivo e tóxico como se fosse normal, então a todo tempo me policio na tentativa de não fazer isso.
 
Porém, foi muito bom enganar parte de quem lia. Eu venho deixando pistas de que a Lena sabia de tudo desde o capítulo 17.
 
Vocês não pegaram a minúcia.
 
:)

The BodyguardWhere stories live. Discover now