13 Você não podia fazer nada

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Voltei!!!
 
Divirtam-se!!
 
 
 

— Você viu o carro? — perguntou ajudando a irmã tirar a jaqueta que havia rasgado em algumas partes do lado esquerdo, assim como a calça jeans escura.
 
— Vi. Quando eu estava no chão, ele passou por mim e percebi que era o mesmo — olhou para o braço vendo o curativo que usava embebedado de sangue. — Droga!
 
— Desse jeito, isso não melhorar nunca — Sam comentou quando se aproximava com o kit de primeiros socorros e via o estado da amiga. — Está sentido dor em alguma parte do corpo?
 
— Devo ter machucado a costela, está doendo bastante. A cabeça também dói, eu estava de capacete, mas o impacto foi grande.
 
— Deveria ir ao médico.
 
— Não preciso fazer isso, Alex, e você pode cuidar disso aqui. Ter cursado alguns semestres de medicina deve ter te servido de algo — fez uma careta quando a irmã começou a mexer no corte em seu braço causado pela bala de raspão da semana anterior. — Precisamos descobrir quem fez isso.
 
— Só se Brainy olhar as câmeras de segurança da rua — colocou um par de luvas para limpar a ferida para conseguir ver se algum ponto tinha estourado de novo. — Isso se tiver alguma no lugar que isso aconteceu.
 
— Por desconfiar que estou sendo seguida desde aquele dia, coloquei micro câmeras na moto, elas devem ter pego a placa do carro — respondeu à irmã e depois olhou para Sam. — Liga para o Brainy, Sam, pede para ele vir pra cá amanhã. Se tentarmos marcar um encontro em algum lugar, pode ser que me sigam. Vai ser mais seguro conversarmos aqui.
 
— Enquanto eu falo com o Brainy, vou arrumar o outro quarto para você e algumas roupas. Não vamos deixar você sozinha hoje depois disso.
 
— Não mesmo — Alex concordou com a falsa esposa.
 
Assentindo levemente, Kara viu a melhor amiga se afastar e começar a subir as escadas de casa. Por alguns segundos, ficou em silêncio tentando juntar as peças daquele quebra-cabeça confuso. Tinha algumas suspeitas, mas iria esperar Brainy a dar alguma certeza.
 
— Já estão concordando uma com a outra?
 
— Não me zoa, não. Se eu pensar muito sobre mim e a Sam, eu choro.
 
— Duas bobas — balançou a cabeça rindo levemente.
 
— Espero que isso das câmeras leve a algum lugar — comentou, mas sem tirar a atenção do que fazia. — E, apesar do que aconteceu, espero que seu disfarce não esteja em risco.
 
— Acho que sobre isso podemos ter um pouco de paz, se alguém desconfiasse de algo, talvez eu nem estivesse viva — respirou fundo passando os dedos na testa. — Ainda bem que eu já tinha deixado Lena em casa. Ela não precisa passar por mais uma complicação dessa.
 
— Você gosta mesmo dela, não é? — levantou o olhar para observar a irmã rapidamente.
 
— Gosto. Talvez, quando tudo isso acabar, ela nunca me perdoe, mas não consigo não sentir algo por ela.
 
— Se for recíproco, ela vai entender, mesmo que num primeiro momento ela te odeie.
 
— Se ela me odiar, mas eu conseguir livrá-la daquela gente e mantê-la bem, já vai ter válido a pena — repuxou o canto direito da boca ficando pensativa. — Não posso perdê-la.
 
— Então não vamos deixar que isso aconteça.
 
— Acredita que ela não é uma suspeita?
 
— Ainda não sei, Kara — deu ombros. — Só estou dando a elá o poder da dúvida por sua causa. Não tenho certeza de nada, mas você sempre foi boa em ler as pessoas, deve ser por isso que é tão boa no que faz. Eu acredito no seu julgamento e espero que ela não te decepcione.
 
— Eu só não fui boa o suficiente quando eu tinha ser — falou tristonha.
 
Alex olhou para loira com pesar,  aquele assunto era extremamente delicado e sabia o quanto mexia com sua irmã.
 
— Você não pode se culpar a vida inteira por algo que você não teve culpa. Ela não iria querer que você continuasse pensando assim depois de três anos. Você não podia fazer nada.
 
— Assim como eu não consigo não sentir o que eu sinto pela Lena, eu não consigo não sentir culpa pelo que houve — sentiu um nó na garganta. Aquela era a primeira vez que falava sobre o que aconteceu de forma mais aberta.
 
— Sei que você nunca segue nenhum conselho meu ou da Sam, mas, como sua irmã mais velha, eu vou dizer assim mesmo — esperou que Kara a olhasse. — É a primeira vez que te vejo realmente interessada em alguém, e apesar da complicação e de toda essa situação, se você quer um dia se dar bem com a Lena, você vai ter que se desprender desse passado. Assim como uma hora ela vai ter que se desprender da família dela.
 
— Fingir ser casada está te deixando mais esperta — brincou com a ruiva que riu.
 
— Falta só a Sam entender que não quero mais fingir. Terminei aqui — tirou as luvas que tinha colocado anteriormente. — Vai tomar um banho e venha comer alguma coisa. Vou te dar um remédio pra dor e  depois você vai descansar. Quando Brainy chegar, eu te aviso.
 
— Você teria sido uma ótima médica.
 
— Talvez, em algum lugar do multiverso, eu seja. Vai logo.
 
— Mandona. Mostra esse lado mandão pra sua esposa — maneou a cabeça em direção a escada quando escutou os passos de Sam ficarem mais próximos —, ela vai gostar. Faz o tipo dela.
 
Depois que fez tudo que Alex disse, Kara foi se deitar. Seu corpo estava dolorido pela queda do moto — enquanto tomava banho percebeu que havia alguns ralados na sua perna e braço esquerdo, mas nada muito grave — sentia sua cabeça doer e a pressão de todos os acontecimentos a deixava ainda mais exausta emocionalmente e sentimentalmente. Mesmo assim, não conseguiu dormir.
 
Durante toda a madrugada, ficou encarando o teto até que o dia começou a clarear. Desde que chegou naquela cidade, não fazia ideia de como era ter uma noite de sono tranquila. Quando não estava pensando em Lena, estava pensando em seu caso não solucionado e as duas coisas a fazia querer ainda mais por as mãos na família Luthor.
 
Foi ao pensar na bela morena de olhos verdes que se lembrou do pedido dela na noite anterior; havia esquecido de avisá-la que tinha chegado em casa.
 
Pegando seu celular na escrivaninha ao seu lado, notou que ele não ligava e a tela estava quebrada. Tinha ficado tão nervosa o que aconteceu e, até mesmo, assustada — embora não tenha dito isso nem para Alex ou Sam — que não se deu conta do estrago de seu celular. Pediria a Brainy para que a arrumasse um aparelho novo e depois pegaria o celular de Alex emprestado para falar com Lena, não a deixaria sem nenhuma satisfação.
 
As horas foram passando e Kara percebeu que Sam e Alex estavam acordadas. Não só tinha escutado passos, como também suas vozes. Sabia que não demoraria muito para uma das duas invadir o quarto. Odiava quando elas faziam isso e foi o que aconteceu mais de uma hora depois de seu pensamento.
 
— Como você está, zero dois? — Alex perguntou assim que abriu a porta e encontrou Kara bem acordada.
 
— Parece até que sofri um acidente.
 
— Péssima. Alguém quer te ver.
 
— Quem? — sentou o mais rápido que conseguia na beirada da cama.
 
— Lena. Ela me ligou querendo saber de você. Estava bastante preocupada. Me falou que te ligou várias vezes e você não a atendeu — explicou achando graça do sorriso bobo que Kara tinha no rosto.
 
— Só vi agora de manhã que meu celular quebrou. O que você disse a ela?
 
— Vou pedir pra o Brainy trazer um novo — se encostou no batente da porta cruzando os braços. — Que você caiu de moto e estava aqui. Ela me pediu para ir buscá-la porque queria te ver, então eu fui. Posso falar para ela subir?
 
— E a reunião com Brainy?
 
— Eu explico a ele tudo, e quando ela for embora, talvez já tenhamos algo de concreto para te falar. Ela parece bem preocupada.
 
— Pede para ela subir.
 
— Não vamos te atrapalhar com ela — disse antes de sair.
 
Kara se sentia nervosa para ver Lena como se estivesse prestes a ir a um encontro com ela. Seu coração tinha acelerado a ponto de fazer o ar faltar em seus pulmões. Nem a tinha visto ainda, mas já sorria só por saber que ela estava por perto.
 
Poucos instantes depois de Alex sair, Kara escutou batidas na porta, logo viu Lena entrar e a olhar preocupada.
 
— Se você não estive aqui com a Lexie e a Sam, eu iria acabar indo na polícia prestar queixa de seu desaparecimento.
 
A frase em tom brincalhão deixava claro para Kara que Lena estava nervosa.
 
Estendendo sua mão direita, esperou que Lena se aproximasse. Assim que a morena pegou em sua mão, a puxou para se sentar em seu colo e se encararam.
 
— Essa jaqueta é minha, mas fica muito melhor em você — passou seus braços pela cintura de Lena. — Está linda como sempre — roçou seu nariz no pescoço alvo inalando profundamente o perfume marcante.
 
— Fiquei preocupada. Nem consegui pregar os olhos. Te liguei várias vezes.
 
— Meu celular quebrou na queda. Desculpa te deixar preocupada, eu fiquei assustada e acabei esquecendo de te avisar de alguma maneira — sentiu as mãos macias da morena sobre seu rosto. — Pelo menos você não estava comigo.
 
— Se machucou muito?
 
— Não, mas talvez deve ter acontecido algo na minha costela, pois ainda dói bastante. Que bom te ver — sorriu abertamente a admirando. — Nos vimos ontem, mas eu já estava com saudades.
 
— Não me assusta mais assim — apoiou a cabeça no ombro esquerdo de Kara suspirando com alívio.
 
Abraçando Lena com extrema vontade, começou a distribuir beijos por seu rosto até ela rir.
 
— Não vou te assustar assim de novo e também não vou te soltar tão cedo.
 
— Não me solta então — com a cabeça ainda apoiada no ombro de Kara, fechou os olhos enquanto aproveitava o afago em seus cabelos. — Você é a segunda pessoa que mais gosto de abraçar e ficar perto.
 
— Como assim não sou a primeira? — disse um pouco indignada. — Eu achei que eu era especial pra você.
 
— Você é — levantou o rosto para a encarar. — E também, é diferente o jeito que ajo com você. Não tem como comparar.
 
— E eu achando que era única.
 
Lena riu da falsa braveza da loira.
 
— Quando você conhecer essa pessoa, vai entender o que eu estou dizendo.
 
— Ah, ainda vai me apresentar quem ocupa o primeiro lugar no seu coração — negou com a cabeça apertando os lábios. — Francamente, não esperava isso de você.
 
Ainda rindo do jeito que Kara estava, Lena colou suas testas. Havia gostado da sensação que invadiu seu corpo quando Kara fez isso no dia anterior que iria repetir aquele gesto quantas vezes pudesse.
 
— Eu iria te falar isso na segunda, mas já que estou aqui... — a deu beijo casto no queixo e logo depois arrumou sua postura. — Vou dar um baile de máscaras para arrecadar dinheiro para a ala infantil do Hospital Geral de Metrópolis que eu faço doações anuais.

The BodyguardWhere stories live. Discover now