Capítulo 18 - Se eu tivesse escolha

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O dia 30 de setembro de 2017 foi um sábado ensolarado e seco na cidade de São Paulo. Os ipês dentro do condomínio de casas onde Lucas mora estão todos florescendo em branco, amarelo e rosa ao longo da rua bem asfaltada cercada de casas de dois ou três andares cujas cores intercalam entre bege, branco e cinza.

A noite começou a surgir e os postes ao lado das árvores acenderam sua luz e fantasiaram as ruas em uma coloração dourada. Giulia está olhando a lua, sentada na cama de solteiro de Lucas, que fica lateral à janela e bem na frente da porta de vidro da sacada, que está fechada. O ventilador de teto está ligado e Lucas não está lá, ele se mantém ocupado no banheiro ao lado do quarto, tirando a barba que começou a crescer mais desgovernada do que nunca e ele de vez em quando grita um palavrão.

Sérgio está mexendo no celular na outra ponta da cama. Ele está mantendo a cabeça raspada no cinco e agora tem um bigode que o deixa com um ar mais velho. Giulia continua tendo problemas para reconhecê-lo, é o que acontece quando se conhece alguém antes da puberdade. Os dois meninos do grupo, principalmente, estão bem diferentes dos dois magrelos com cara de criança que Giulia conheceu no começo do nono ano. As panturrilhas de Sérgio estão à mostra graças ao short jeans que para no joelho e é possível ver claramente a divisão de músculos.

Os braços à mostra na regata branca de Lucas também não ficam para trás. Eles estão crescendo e se definindo desde que ele começou a ir para a academia e Lucas é menos de 5 centímetros mais baixo que Sérgio. Com os dois melhores amigos beirando os 1 e 90 de altura, Giulia parece muito mais uma criança perto deles. Ela se pergunta se não vai mais crescer e, em proporção aos meninos, parece que não.

Lucas passou muito perfume, o que faz Giulia tossir perto de uma possível intoxicação, e Sérgio abre a janela.

- Que horas são? - Lucas pergunta.

- 5h50 - Sérgio responde. - Que horas você marcou?

- 8h30 - Lucas responde, e pega o celular. Ele está sério.

Giulia levanta da cama e calça as botas de cano alto preto antes de começar a andar até o banheiro. Acha que exagerou um pouco com as sobras verde acima dos olhos, mas a raiz do seu cabelo cresceu demais e o verde está ficando cada vez mais apenas nas pontas. Sente falta de cor, mas se pintar os cabelos de novo ele vai cair e ela está muito bem não sendo careca.

- A Marcela disse que tá vindo - Sérgio grita.

Giulia engole em seco, faz tempo que não se encontram pessoalmente e a amizade delas não é nem de longe como um dia já foi.

- A Lisbete vem com ela? - Sérgio pergunta a Lucas no instante que Giulia para na porta do quarto.

- Não, ela vem da casa dela. O irmão vem também. - O tom da voz dele mudou totalmente entre uma frase e outra. - Não deu pra falar que ele não foi convidado.

- Até ela já perdoou ele, por que você é o único que ainda não gosta do menino? - Giulia pergunta. Lucas vira-se em sua direção. - Às vezes parece que você gosta de ter alguém pra não gostar. Isso é algum complexo por que tá com saudade do Igor? - Lucas solta o ar em um riso. - Eu em...

- Mudando de assunto, o olheiro foi na escola essa semana, não foi? - Lucas está olhando para Sérgio. - Você não disse mais nada. Ele mandou alguma coisa depois do email?

- Vou fazer alguns testes no meio do mês que vem. Não tem nada certo, então não quero ficar criando expectativas.

- Ah se fosse eu já estaria me imaginando nas Olimpíadas - Giulia confessa, todos riem porque sabem que é verdade. - Certeza que vai dar muito bom. - Sérgio da os ombros. - O quê?

⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]Where stories live. Discover now