⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]

Capítulo 20 - Como tentar salvar borboletas part. 1

Assim como no dia anterior, Giulia acordou com energia graças à ansiedade da escola nova.

Ela acabou dividindo o quarto com uma garota alguns centímetros mais alta que dela, com a pele bronzeada e uma boca naturalmente avermelhada, cujo lábio superior é mais largo e um pouco mais grosso que o inferior. Os cachos do cabelo de Rafaela eram pouco definidos e cílios eram grandes a ponto de Giulia se perguntar se isso era fruto de algum procedimento estético. Giulia também notou que Rafaela gosta de sair do quarto à noite.

Giulia não sabia que a quantidade de alunos que tomaban café da manhã na escola poderia ser tão baixa. Ela e menos de 30 pessoas estavam espalhadas pelo imenso refeitório. Giulia bebeu um pouco do café da escola e ficou mais satisfeita do que esperava.

Quando terminou, ela carregou sua mochila até o armário que seria seu e começou a colocar todos os livros que não ia usar de manhã lá dentro. Giulia bateu a porta azul-marinho do seu armário, que era apenas o segundo na fila vertical de 4 armários e o quarto, bem perto da ponta esquerda, na fila horizontal. Ela para por alguns segundos, encarando o armário imediatamente à direita do seu e que notou algo estranho. Giulia precisou chegar mais perto para identificar a palavra que foi arranhada com uma chave ou algo semelhante. "Nojenta". Era pequeno, mas fácil de ver cada uma das letras.

Parece que o discurso de escola acolhedora não está funcionando, debocha mentalmente.

As pessoas começaram a andar pelos corredores por volta das 7h50. Giulia nunca tinha visto tanta gente loira por metro quadrado e não foi apenas pela aparência padrão, quadrada e européia que Giulia soube com quem estava se metendo. Durante as duas aulas que teve ontem, no período da tarde, notou que os professores nunca falavam apenas o nome das pessoas. O sobrenome sempre estava lá.

A Gillar São Paulo foi fundada em 1920, e sempre se baseou na integração do ensino mundial, já que a maioria dos estudantes aqui possuem dupla, e às vezes tripla, cidadania e queiram migrar ou estudar no país de origem de sua família após o ensino médio. Dessa forma, o ensino médio da Gillar São Paulo é facilmente aceito em grandes universidade do mundo sem que os estudantes precisem se dedicar a algum tipo de equivalencia de ensino no país.

Desde sua fundação até os dias de hoje, esse colégio bebê do sangue considerado nobre e sobrevive com base na chamada meritocracia de sangue. Ao contrário dos que acreditam na meritocracia do direito pelo esforço, a meritocracia de sangue é muito pior e diz respeito só direito pelo sangue "nobre" das famílias.

Giulia sempre escutou falar que foram pouquíssimas as pessoas que entraram nessa escola sem que tivesse o que eles consideram o berço. Isso significa que muito dificilmente Giulia teria sido aceita caso não tivesse a família de seus avós paternos. Quando Marcela começou a estudar aqui, ela ficou intrigada e perguntou a Marcela sobre suas origens, torcendo para que o padrão não de repetisse, mas aparentemente o atual CEO da escola nasceu nas mãos do avô materno de Marcela, o que a faz uma excessão muito estranha e dentro de acordos não verbais bastante oligárquicos.

Devido à altura de Victor, ela reconheceu o tufo de cabelo escuro entre os loiros, e acenou em sua direção. Giulia tentou fingir para si mesma de que não se aproximou de Victor só porque sabem que ele e Marcela são próximos, e queria encontrar a velha amiga, mas desistiu depois de algumas horas. Ontem Victor passou mais de três horas explicando os planejamentos para a extensão de engenharia mecânica e ela nunca quis tanto dar um tiro na própria cabeça só para fugir daquela sala. No final do dia, ela parecia ter sido sugada por um aspirador de pó de tão exausta, e Victor ficou com dó.

- O que tu gosta de fazer? - perguntou. Giulia estava viajando enquanto encarava s paisagem de um dos quadros da sala. - Giulia?

- Não sei, acho que não gosto de nada.