Capítulo 20 - Como tentar salvar borboletas part. 2

89 20 12
                                    

Na quarta-feira, Giulia sentou na escrivaninha perto da sua cama às 6h10 da manhã. O sol está a nascendo aos trancos e barrancos e ela encarava a folha em branco do word. Sua colega de quarto dormia bem atrás de Giulia e ela tinha um hora antes de sair para ao café da manhã.

Está nessa posição porque ontem, logo que chegou da extensão que não ajuda em nada, Giulia ligou para tia Cecília porque sei coração não estava doendo menos como a tia disse que doeria da última vez que se viram. Apesar de Cecília saber que Giulia está apaixonada por alguém, não sabe por quem. A sobrinha optou por esconder sua sexualidade da tia pelo risco de seus avós ficarem sabendo. Isso poderia ser, por incrível que pareça, pior do que seu pai ter descoberto já que esse apenas finge que nunca soube de nada.

Cecília estava no intervalo das aulas da faculdade e não pôde dar muito atenção a Giulia, mas ela disse algo que ficou martelando em sua cabeça. Cecília perguntou a Giulia se ela realmente acreditava no motivo pelo qual se afastou da pessoa que está apaixonada. Cecília perguntou isso em seu tom acolhedor, mas Giulia teve a impressão de que ninguém confiava nas decisões dela, nem mesmo sua tia favorita, e não quis mais falar com Cecília na hora.

Acontece que a pergunta ficou. Ela não acredita na própria razão e é por isso que precisa, constantemente, repetir para si mesma o porquê de ter mentindo para Marcela na intenção de afastar a garota. Giulia não queria ser como Lucas, que guarda segredos até o último instante, mas também não consegue ser como Sérgio, que tem todas as decisões na ponta da língua e não volta atrás. Não é um e nem outro, se sente uma versão piorada dos dois.

Ela sentou na frente do computador para escrever, tentar tirar o amargo do peito enquanto o coloca em palavras, porque sua antiga psicóloga disse que isso poderia funcionar. Giulia sente falta dela, queria voltar a vê-la, mas sabe que é inviável no momento.

Giulia olha para trás, para a colega de quarto, e fica remoendo o que aconteceu ontem. Ela sentou em uma das mesas no meio da sala e segurou a barra dos olhares curiosos em sua direção, o que não foi tão difícil quanto parece porque já faz anos que seu cabelo colorido causa o mesmo efeitos nos estranhos enquanto ela anda na rua. Ela gosta da atenção.

Rafaela era parte do grupo de alunos que sentavam mais à frente na sala. Todos eles pareciam ter movimentos contados e pareciam robôs, respondendo as perguntas como se fosse algum tipo de competição internacional de velocidade. Quando Giulia perguntou o motivo para Victor, quando ela fingiu que fazia alguma coisa com ele na sala de extensão, ele contou que as turmas da escola são classificadas por notas e que os alunos do segundo ano B almejam ser do terceiro ano A, e que para isso suas notas não precisavam ser apenas boas, mas melhores do que a dos outros alunos. Era, de fato, uma competição.

Giulia pensou que a colega de quarto sairia a noite como fez no dia anterior, mas não. Pelo contrário, Rafaela ficou no quarto a noite inteira e praticamente acordada. Ela sabe disso porque várias vezes que acordou de madrugada viu que a luz da escrivaninha de Rafaela continuava acesa. Ela entendeu porquê a maioria dos alunos não iam tomar café da manhã. Eles estão constantemente, e de maneira não saudável, tentando recuperar o sono da noite que passaram estudando.

Ela fecha o notebook e caminha em direção ao refeitório. Lá, sentasse na última cadeira primeira mesa da direita, bem ao lado da porta de entrada e bem longe do lugar onde pegam a comida. Gosta desse lugar porque é um ponto no qual ela sabe todos que a olham e olha para todos sem nenhum esforço. Giulia viu quando Mônica entrou, dando bom dia para os funcionários, e pegando uma maçã. Está muito cedo e só têm as duas aqui por enquanto.

Mônica nota Giulia ao se virar em direção à porta e para de andar. É nítido que está se perguntando se deveria ou não cumprimentar Giulia, já que nenhum dos amigos em comum das duas está por perto. Giulia acena, mais por educação do que por qualquer outra coisa, e se arrepende imediatamente depois porque Mônica começa a andar em sua direção. A loira se senta na cadeira frente à Giulia e termina de mastigar antes de falar:

⚢ Não Mate Borboletas Por Ela ⚢ [Completo]Where stories live. Discover now