Diário de uma prostituta II

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Capítulo 19.

Assim que entrei na sala do delegado e dei de cara com aquelas três pessoas, eu tive certeza que eles já sabiam do que havia acontecido, afinal não existe crime perfeito.

-Boa noite, eu sou o delegado Murilo. Sente-se por favor.

-Ok, mas o que aconteceu?

-Bom, nós gostaríamos de saber aonde a senhorita esteve há algumas horas atrás, se estava em sua residência ou estava viajando.

-Porque?

-Um corpo foi encontrado em uma praia de arraial do cabo, e trata-se do senhor Gael Araújo. De acordo com o que nós apuramos, você foi a última pessoa a estar com ele. Tem algo a nos dizer?

Naquele momento eu já sabia que isso poderia acontecer, e a única coisa que eu conseguia pensar era nos meus filhos, se eu mentisse ia conviver pra sempre com essa culpa, principalmente, eu sabia que o João Lucas não me perdoaria. Então eu fiz o que deveria ser feito:

-Sim, eu fui a última pessoa a estar com ele.

-E você pode nos dizer o que aconteceu?

-Eu matei ele.

-Esse senhor aqui, é pescador lá da região e viu a senhorita jogando o corpo da vítima no mar. Aquela senhora é mãe dele, e aquele rapaz é motorista dele. Pode nos dizer o que lhe levou a cometer tal ato?

Então contei pra ele tudo o que o Gael havia me feito, desde quando me encontrei com ele pela primeira vez achando que ele seria um simples cliente, até o dia que ele tirou a vida da minha irmã, e de como eu tinha decidido, com a ajuda do Felipe, a dar um fim na vida daquele verme.

-Então dona Luíza, eu lamento por tudo isso, porém a senhorita sabe que homicídio é crime né? Então vai ficar detida aqui por um tempo até ser transferida para uma penitenciária. Podem levar.

-Eu já esperava por isso. Eu só queria deixar bem claro, que eu não me arrependo de nada e se fosse preciso faria tudo de novo.

Então os policiais me levaram pra cela, e o Fernando atrás perguntando o que estava acontecendo, eu apenas olhei pra ele e disse que fiz o que era certo...

*Fernando Narrando*

Quando eu vi a Luíza saindo daquela sala sendo acompanhada por um policial eu não queria acreditar que ela tinha feito aquilo, senti um aperto no meu coração como se eu fosse perde-la a qualquer momento. Então fui me informar com o delegado se eu poderia vê-la, afinal por ser policial eu teria acesso mais fácil.

-Com licença, eu gostaria de...
E nesse momento eu dei de cara com a Betina, a última pessoa que eu esperava ver ali, mas o que ela estaria fazendo ali? Será que ela tinha algo a ver com isso?

-Betina, o que você faz aqui?

-Eu sou a mãe do Gael, do rapaz que a sua namorada matou.

-A Luíza sofreu muito por causa dele, não concordo 100% com o que ela fez, mas entendo os motivos dela, e sei que ela é uma ótima pessoa e uma mãe excelente.

-Ela tem filhos?

-Tem, dois. Um inclusive é seu neto.

-Eu ouvi aqui o relato dela, apesar de ser meu filho o Gael não prestava, eu sinto porque sou mãe e fui eu que coloquei ele no mundo, mas vai passar. Não sei se devia falar isso mas foi até bom isso ter acontecido, quem sabe agora eu consigo viver em paz.

Dei um abraço nela, que disse que ia pra casa se organizar pro velório e enterro, e fui falar com o delegado.

-Com licença eu gostaria de ver a Luíza Lopes.

-Boa noite, prazer meu nome é Murilo, Delegado Murilo, você é o que pra ela?

-Um amigo, também sou policial mas sou da Federal.

-Ah sim, pode ir lá, só não demore ok?

-Ok.

Então me encaminhei até a sala onde ela podia receber visitas, e assim que entrei ela estava bem aflita me esperando, eu já sabia até o motivo.

-Fernando por favor, cuida dos meninos pra mim, não deixa eles saberem por ninguém conta você mesmo pra eles. Eu tô muito nervosa, não consigo nem pensar direito, tenta localizar o pai deles pra mim pra ver se eles podem ir pra casa dele.

-Lu, calma. Vai dar tudo certo, eu já vou providenciar advogado e o que mais for preciso pra te tirar daqui. Eu gosto de você, jamais vou deixar te acontecer algum mal.

Então eu a abracei, e só tive certeza que nunca tinha sentido nada parecido...

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