Capítulo 35.

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*Fernando narrando*

A partida do meu pai foi a pior dor que eu já senti na vida, primeiro a Luíza não estava comigo, segundo que ele era a pessoa mais importante do mundo pra mim.

Depois de encontrá-lo no jardim, comecei a gritar pela Betina, que veio correndo e imediatamente me deu um abraço, eu só queria que meu pai levantasse dali e que tudo não passasse de um pesadelo. Fiz o que tinha que fazer, tomei as devidas providências e quando vieram em casa buscar o corpo dele, eu imediatamente reconheci a pessoa que veio me fazer umas perguntas.

-Fernando?

Ela estava de máscara mas aquela voz eu reconheceria em qualquer lugar, era a Laura, a mulher que eu mais amei no mundo e que tinha simplesmente me trocado por outro.

-Você Laura, não tinha outra pessoa?

-Porque você está me tratando assim?

-Ainda me pergunta?

-Isso já faz tanto tempo, esquece isso vai.

-Por favor faz o seu serviço e não me direcione a palavra.

Ela conversava com o motorista do IML mas não tirava os olhos de mim, e eu já tava incomodado, não podia negar o quanto a Laura era linda, e lembrar do tempo que passei com ela mexeu comigo.

-Aonde vai ser o velório do seu pai?

-Eu ainda não sei, porque?

-Me avise, meu telefone continua o mesmo e você sabe muito bem onde me encontrar.

Então eles entraram no carro, e assim que partiram eu subi pro meu quarto, a cama onde eu passei a noite com a Luíza ainda estava bagunçada e eu pude sentir o cheiro dela no meu travesseiro e nos meus lençóis, ao mesmo tempo que lembrei dos olhares da Laura em minha direção, será que eu tinha enlouquecido de vez? Como era possível uma pessoa que tinha me feito sofrer tanto, ainda mexer comigo? Deixei isso um pouco de lado, passei no quarto do meu pai, e olhando as coisas dele pude me recordar do quanto ele foi feliz com a minha mãe, e imaginei eles dois se encontrando novamente. Uma lágrima desceu, e depois outra, e outra e várias outras, quando percebi estava chorando feito uma criança.

-Oh, vem cá vem. Seu pai está bem melhor agora!

O Abraço da Betina era o melhor do mundo, e sem a Luíza por perto o colo dela era tudo que eu precisava naquele momento. Juntos escolhemos a roupa que meu pai seria enterrado, deixei em cima da cama dele e fui me arrumar, recebi uma ligação da Funerária solicitando a roupa dele, disse que meu motorista iria levar, e fui lhe esperar junto com a Betina na capela onde aconteceria o velório, quando o corpo dele chegou várias pessoas também começaram a chegar, dentre elas a que eu menos queria ver.

-Como você sabia o endereço daqui?

-Tenho meus meios, será que agora você pode parar de fugir de mim e conversar um pouco comigo?

-Tá bom vai, vamos tomar um café.

Sentamos na lanchonete, ela pediu um café mas eu tava sem fome.

-Diz logo o que você quer.

-Você vai continuar me tratando dessa forma?

-Você esperava o que? Que eu te recebesse de braços abertos, um sorriso no rosto?

-Não, mas que você fosse um pouco mais educado.

-Olha, será que não seria pedir um pouco demais?

-Fernando, eu quero ser sua amiga, nada além disso. Vamos esquecer pelo menos um pouco tudo que aconteceu entre a gente?

O olhar dela parecia querer outra coisa, mas eu resolvi ceder um pouquinho, afinal de contas eu estava totalmente vulnerável e a companhia dela não costumava ser tão ruim.

-Tá bom Laura, você venceu. Mas deixa eu te avisar, entre a gente não rola mais nada, eu estou noivo, vou me casar e eu a amo.

-Ok, tudo bem.

Saímos da lanchonete e eu voltei pro velório do meu pai, cada vez que eu olhava pra ele dentro daquele caixão a minha vontade era de tirá-lo dali, estava com o rosto vermelho e com dor de cabeça de tanto chorar.

-Betina, eu vou pra casa descansar um pouco e volto daqui há umas três horas.

-Sim, eu fico aqui sem problemas.

Me despedi de algumas pessoas e avistei a Laura de longe, em nenhum momento ela havia saído do meu lado.

-Laura, estou indo pra casa descansar.

-Me dá uma carona?

-Mesmo endereço?

-Sim.

Dei tchau para algumas pessoas novamente, e saímos. Durante o trajeto eu não disse uma palavra, quem quebrou o silêncio foi ela.

-Desculpa ser indiscreta mas, se você está noivo, porque ela não estava lá com você?

-É uma longa história, não quero falar sobre isso.

-Tudo bem, não tá mais aqui quem falou.

Ela passou o resto do caminho calada, chegando em frente a casa dela estranhei o motivo da demora para ela descer do carro.

-Chegamos.

-Eu sei, mas não queria descer ainda.

-Laura por favor, eu estou cansado e preciso dormir, amanhã vai ser um dia difícil pra mim.

-Quer minha companhia?

-Tinha esquecido como você é teimosa, tá bom vai.

Segui em direção a minha casa com ela ao meu lado, aí me lembrei da Luíza e constatei que se ela soubesse daquilo não ia gostar nadinha...

Diário de uma prostituta IIWhere stories live. Discover now