Diário de uma prostituta II

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Capítulo 30.

Eu não tava esperando por aquele beijo, e se eu disser que não senti nada vou estar mentindo, o Luiz foi uma pessoa muito importante na minha vida, esteve no comigo no pior momento quando eu parei de andar e além de tudo é pai da minha filha, mas não era ele que eu queria.

-Fernando, vamos conversar.

-Eu não preciso conversar, eu só queria saber se tava tudo bem por aqui mas pelo visto tá ótimo.

-Fernando não por favor. Fica!

-Depois a gente conversa, você tá bem ocupada agora.

Ele entrou no carro e foi embora, apenas foi embora sem querer me ouvir. Aquilo doeu, eu me senti péssima e o Luiz não falava nada apenas me olhava.

-Ta vendo só o que você fez? E justo hoje?

-Não precisa ficar assim, vai ver ele não te merece mesmo.

-Cala a boca, você não sabe o que tá dizendo. Vai embora!

-Te vejo mais tarde.

Nem respondi e entrei em casa, a Camila viu minha expressão mas não falou nada, passei pelo quarto do meu filho e percebi que ele tava deitado, mais quieto que o normal.

-Oi meu amor, tá tudo bem?

-Oi mãe, acho que sim.

-Aconteceu alguma coisa? Você quer conversar?

-Mãe eu...

-Você...?

-Eu tenho vergonha de falar, eu fico com medo do que as pessoas vão pensar de mim e tenho medo de você me abandonar.

-Do que você está falando filho?

-Mãe eu acho que eu gosto de meninos.

-Como assim você acha?

-Vou te explicar, o Thiago é meu melhor amigo você sabe.

-Lucas...

-Calma deixa eu terminar, eu sei que naquele dia a gente cometeu um erro mas ele prometeu que não iria mais fazer besteira. Ele prometeu pra mãe dele e até se tornou uma pessoa melhor.

-Você sabe que pra ele ter a minha confiança de novo vai demorar né?

-Eu sei, mas continuando, somos amigos mas eu sinto uma coisa estranha toda vez que ele fica muito perto de mim, meu coração acelera e eu durmo e acordo pensando nele.

-Você já conversou com ele sobre isso?

-Não porque eu queria te contar primeiro.

-Meu filho, você sabe que independente do que escolher terá meu apoio né? Só te peço uma coisa.

-O que?

-Se cuide, não importa se você vai se relacionar com meninos ou meninas só quero que você se cuide, você entende o que eu quero dizer né?

-Acho que sim, você quis dizer usar proteção?

-Exatamente, você sabe que uma doença sexualmente transmissível é um problema né?

-Sim eu já sei, obrigada você é a melhor mãe do mundo.

Recebi um grande e sincero abraço, queria chorar mas não fiz isso na frente dele.

-Filho você sabe que hoje é o meu julgamento né?

-Eu sei, e pode ter certeza que vai dar tudo certo.

Eu dei mais um abraço nele e saí, entrei no meu quarto e tranquei a porta, deitei na minha cama e fiquei pensando em como tudo na minha vida é agitado. Olhei meu celular mas não tinha nenhuma mensagem do Fernando, comecei a me arrumar e quando finalmente chegou a hora de sair de casa meu coração apertou, como o João e a Camila são menores de idade achei melhor que eles não fossem.

-O Fernando vem te buscar mãe?

Camila me perguntou porque já imaginava que alguma coisa estivesse acontecendo entre a gente

-Não filha. Eu vou de táxi, mas caso eu não volte o Fernando vem aqui avisar vocês. O Rodrigo já foi?

-Já mas ele vem ficar comigo depois, não se preocupa.

-Ta bom, muito cuidado em.

Dei um abraço neles e saí, o táxi já estava me esperando, no caminho eu não conseguia parar de pensar no Fernando e em tudo que eu já tinha vivido até aquele dia, mesmo se eu fosse condenada tudo teria valido a pena. Cheguei na frente do tribunal e meu advogado estava me esperando, também estava lá a Betina, o Luiz e o pescador que me viu jogando o corpo do Gael no mar, mas a única pessoa que me interessava até então eu não tinha visto.

-Boa sorte dona Luíza, vou testemunhar a seu favor e estou torcendo por você.

Betina me deu um abraço sincero, eu retribui e entramos, uma sensação de medo tomou conta do meu coração, mas eu sabia que tudo dependia da vontade de Deus...

Diário de uma prostituta IIWhere stories live. Discover now