Diário de uma prostituta II

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Capítulo 24.

Assim que eu vi o Fernando me esperando na porta do presídio, uma emoção sem tamanho tomou conta de mim, passar 1 mês sem ver a rua, a pessoas, sem ver a luz do sol é uma coisa muito ruim, só quem já passou por isso sabe.

-Fernando, nem acredito que você veio me buscar.

Falei completamente emocionada, estava quase chorando, apesar de retribuir o abraço eu senti que ele estava um pouco estranho.

-Claro que viria Lu, ou você acha que ia perder a chance de te ver livre, saindo desse lugar horrível?

-Aconteceu alguma coisa? Tô sentindo você um pouco estranho.

-Não, podemos ir agora? Não contei nada aos meninos, vai ser uma surpresa pra eles.

-Ai nem acredito que vou ver meus filhos depois de 1 mês.

-Logo logo tudo isso passa, e tudo vai voltar a ser como era antes.

Concordei com ele e entramos no carro, durante o trajeto até a casa dele eu fiquei olhando as pessoas passando na rua, andando sempre na correria de um lado para o outro, ou então dirigindo completamente estressadas, sem pensar que de uma hora para outra algo pode acontecer e mudar toda a nossa rotina, nossa vida. Fiquei pensando tanto nisso que só me dei conta que estávamos chegando quando vi o maravilhoso jardim que fica em frente a casa dele, respirar ar puro é tão bom.

-Lu, estou muito feliz por você estar de volta.

-Eu que agradeço, por ter feito tanto por mim e pelos meus filhos.

Segurei a mão dele, que deu um breve sorriso tímido e desceu do carro para me ajudar, pegamos as minhas coisas e assim que entramos na casa dele meu coração começou a bater muito rápido, comecei a sentir falta de ar e precisei sentar no sofá, não sei o que era aquilo mas começou a me incomodar.

-Fernando, eu não tô me sentindo bem, chama os meninos rápido.

-João, Camila, desçam aqui.

Então eles desceram, o João veio correndo me abraçar e aí sim eu chorei, chorei de saudade, chorei de emoção e principalmente chorei de amor, amor por eles. Só aí olhei pra Camila e percebi que tinha algo de estranho nela.

-Filha você não vem me abraçar?

Então ela veio, mas dessa vez quem começou a chorar foi ela, se agarrou no meu pescoço e chorava feito uma criança quando cai e rala o joelho.

-Filha o que aconteceu? Calma.

-Acho melhor vocês subirem pra conversar lá em cima, se precisar de algum lugar reservado pode usar meu escritório. O pai de vocês já foi?

-Já, mas ele disse que vem mais tarde aqui.

Então tinha mesmo algo acontecendo, se até o Luiz passou por lá é porque seria algo sério.

-Camila, vamos subir.

Então subimos até o escritório do Fernando, eu fechei a porta e ela sentou, e sem me olhar nos olhos ela disse a única coisa que eu não esperar ouvir:

-Mãe, eu tô grávida.

Naquele momento, eu senti como se alguém tivesse arrancado com um só puxão o piso debaixo dos meus pés, fui do céu ao inferno em questão de segundos, e a mesma coisa que eu senti quando cheguei começou a voltar, tive que me sentar de novo pra ver se eu havia entendido bem.

-Não entendi direito, você o que?

-Eu tô grávida.

Então eu comecei a chorar, uma tristeza tão grande tomou conta de mim, que toda a alegria de ter saído daquele lugar foi embora, e no lugar ficou apenas um vazio.

-Mãe por favor fala alguma coisa, não fica assim.

-E você quer que eu fale o que?

-Você não vai me abandonar agora né?

Então eu levantei, sem responder a pergunta dela olhei pela janela do escritório e vi que logo logo iria anoitecer, eu precisava de um tempo pra digerir isso, afinal uma bomba foi jogada no meu colo sem que eu estivesse esperando.

-Você e o seu irmão são as pessoas mais importantes do mundo pra mim, claro que eu não faria isso, só por favor me dá um tempo pra organizar minha cabeça e amanhã a gente conversa tá bom?

Ela apenas concordou e saiu, e eu fiquei ali tentando por os pensamentos em ordem.

-Lu, posso entrar?

-Claro, a casa é sua.

Ele deu uma risadinha e talvez percebendo que eu realmente não estava bem, apenas me abraçou quando eu chorei novamente, feito uma criança.

-Lu, olha só, você passou 1 mês fora e eu pensei se você não quer sair pra se distrair um pouco.

-Não tô no clima não, você me entende né?

-Eu falei de diversão mesmo, isso aí que você pensou é uma consequência, se acontecer tudo bem, se não, ótimo também, o que vale mesmo é estar com você.

Então eu olhei pra ele e concordei, e fiquei pensando que ele era tão maravilhoso que nem parecia ser de verdade...

Diário de uma prostituta IIWhere stories live. Discover now