Diário de uma prostituta II

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Capítulo 27.

Depois de falar rapidamente com o meu advogado, comecei a andar em círculos pelo quarto. Eu sabia que esse momento chegaria, mas não imaginava que seria tão rápido, olhei pro meu celular e até naquele momento o Fernando não tinha me ligado, nem mandado mensagem. Será que havia acontecido alguma coisa? Depois de muito pensar resolvi que não ligaria, apesar de que eu estava com saudades dele, e chamei a Camila pra conversar antes do julgamento. Bati na porta do quarto dela, ela abriu e me sentei na cama.

-Filha nós precisamos conversar.

-É sobre a minha gravidez?

-Sim, e sobre outras coisas.

-Pode falar.

-Então me conta, como você deixou isso acontecer já que sempre conversamos sobre tudo.

-Ah mãe, eu já tinha percebido que um menino lá da minha sala ficava me olhando de canto de olho sabe? Toda vez que eu ia comentar algo com uma colega ele me encarava. Até que naquele final de semana que você viajou, e creio que foi onde tudo aconteceu com você, ele me chamou na saída da escola, perguntou se eu não queria tomar um sorvete com ele a noite e eu decidi aceitar, só não te avisei porque te liguei e você não atendeu. Em fim, nós fomos a sorveteria e conversamos bastante, ele me contou sobre a vida dele e eu sobre a minha, e assim a conversa foi fluindo até que depois de algum tempo ele roubou um beijo meu, e o beijo dele é simplesmente maravilhoso, ele é muito carinhoso. Aí ele perguntou se eu não queria ir lá pra casa dele jogar vídeo game, eu aceitei já que você não ia voltar pra casa naquela noite. Assim que chegamos lá ele me contou que os pais dele também não estavam lá, haviam ido para um aniversário em um sítio e só voltariam três dias depois, ficamos jogando vídeo game até bem tarde, aí ele perguntou se eu queria dormir lá e eu aceitei, fomos pro quarto dele e aí aconteceu.

-Camila, você não usou camisinha?

-Não, era a primeira vez dele também então eu resolvi confiar.

-Camila pelo amor de Deus, e se em vez de uma gravidez você pega uma DST? Já pensou nisso? Nós já conversamos tanto sobre isso, várias vezes.

-Eu sei, mas olha eu já conversei com ele.

-E aí?

-Ele disse que os pais dele de início ficaram surpresos, mas querem me conhecer. Eles até que gostaram da idéia de serem avós, já que ele é filho único.

-E qual o nome dele?

-Diego, ele gosta mesmo de mim e eu dele, quando contei ele ficou super feliz com a notícia.

-Olha, você é praticamente uma criança que vai cuidar de outra criança e já vou logo te dizer que criar um filho não é fácil. A família dele pode até ter aceitado numa boa, mas você é a mãe então a carga maior será sua, você que vai ficar noites sem dormir amamentando seu filho, você que vai ficar acordada quando ele adoecer, porque o homem pode ser o melhor pai do mundo mas não se compara ao cuidado de uma mãe.

-Ele vai ser um bom pai, eu sei disso.

-Ah minha filha, você é tão jovem, ainda tem tanto pra aprender. Eu só espero que você seja mais feliz do que eu sou.

-Porque você diz isso?

-Por nada. Bom, então não se pode mudar o que está feito, traga ele aqui para conversamos e diga para os pais dele virem também.

-Mãe você disse que não era só isso, está tudo bem?

-Chama o seu irmão pra mim.

Ela saiu para chamar o João, e um nervoso começou a tomar conta de mim.

-Oi mãe, aconteceu alguma coisa?

-Meu julgamento foi adiantado, pra amanhã. Então eu quero que vocês dois me prometam que se eu não voltar vocês vão cuidar um do outro, vão se ajudar e permanecer unidos, prometem?

-Sim mamãe.

Então eles me abraçaram, eu voltei para o meu quarto e assim que deitei na cama comecei a pensar em tudo que havia acontecido comigo desde que eu me separei do Luiz, e em cada momento bom e principalmente no pior momento da minha vida o Fernando estava comigo, e se eu tivesse feito a maior besteira da minha vida? Nesse momento minha cabeça deu um estalo e eu rapidamente troquei de roupa, olhei as horas e vi que já estava um pouco tarde mas eu resolvi tentar, então eu deixei um bilhete para os meninos prometendo voltar logo, chamei um táxi e fui, dessa vez sem medo...

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