Diário de uma prostituta II

136 13 4
                                    

Capítulo 23.

*Fernando narrando*

Quando escutei aquilo, foi como se eu tivesse levado um soco. Caí sentado no sofá ainda sem acreditar e sem saber o que falar, a Camila não era minha filha mas estava na minha responsabilidade então a culpa cairia sobre mim.

-Calma, deixa eu raciocinar, como assim?

-Eu ando sentindo umas coisas estranhas, uns enjoos e muito sono, tem mais ou menos um mês que eu fiquei com um menino da minha sala, acabou acontecendo e por isso acho que pode ser.

-Vocês não se preservaram?

-Não.

-A sua mãe nunca conversou sobre isso com você Camila?

-Ah sim, várias vezes. Mas achei que podia confiar nele!

-Espera, isso foi antes da sua mãe ser presa?

-Foi na mesma noite que ela viajou, eu marquei de sair com ele, íamos apenas tomar um sorvete e comer um lanche, aí ele me convidou pra jogar vídeo game na casa dele, os pais não estavam e aconteceu... Mas não tenho certeza se eu estou mesmo ou não.

-Você tem 12 anos Camila pelo amor de Deus você é uma criança.

-Eu vou fazer treze anos daqui a umas semanas.

-Mesmo assim você ainda é uma menina, e sabe que se quiser eu posso prender esse cara por estupro né?

-Ele tem 14 anos, talvez seja tão criança quanto eu.

-Camila, presta atenção, você não tá entendendo a gravidade do que tá acontecendo. Primeiramente, você é uma menina ainda, um bebê vai comprometer todo o seu futuro e todos os sonhos que você tem vão se adiar por um tempo entende?

-Eu nem sei mesmo se eu tô, ainda não fiz teste.

-Desculpa me meter senhor Fernando, mas eu conheço uma moça grávida de longe, e posso afirmar que a senhora Camila está grávida sim.

-Betina, vai na Farmácia e compra quantos testes forem preciso pra confirmar logo, porque eu ainda preciso soltar essa bomba pra sua mãe, que eu nem sei como vai reagir quando souber.

Então ela saiu pra ir na farmácia, a Camila ficou sentada no sofá com o João Lucas que não falava nada, apenas demonstrava preocupação com a irmã. Falei que ia subir pra tomar um banho enquanto ela não chegava e assim que entrei no meu quarto lembrei da noite que eu passei com a Luíza, a única noite que foi mais que suficiente para que algo dentro de mim mudasse. Me joguei na cama e acabei adormecendo antes mesmo de tomar banho, me assustei com batidas na porta e era a Betina, então eu acabei nem tomando banho, fomos todos pra porta do banheiro esperar a Camila fazer o tal teste, e assim que ela saiu do banheiro em prantos eu já sabia o que estava por vir.

-Deu positivo!

Cada um teve uma reação, eu respirei fundo já imaginando o que iria acontecer, a Betina disse que estava ali para ajudá-la e o João Lucas deu um abraço nela, que não conseguia parar de chorar.

-Gente calma, chorar agora não vai adiantar. Camila, você tem pessoas ao seu redor que não vão deixar de te apoiar, você sabe que não vai ser fácil mas vamos estar aqui.

-Eu não sei o que fazer, não sei o que pensar. Preciso ficar sozinha um tempo, posso?

-Pode Claro. Só que você sabe que, essa criança tem pai e ele precisa saber, certo?

-Eu posso pensar nisso depois?

-Pode Claro.

Então ela se retirou e todos nós ficamos nos olhando, e sem dizer uma palavra cada um foi pra um canto da casa. Fui pro meu quarto me deitar, finalmente tomar um banho, e quando estava na porta do banheiro recebi uma ligação do advogado da Luíza.

*Delegado Fernando, aqui é o advogado que está cuidando do caso da sua amiga Luíza.

*Opa, pode falar.

*Eu consegui, a Luíza vai poder aguardar o Julgamento em liberdade, pode ir buscá-la ainda hoje.

*Não sei se isso me deixa feliz ou triste.

*Não entendi.

*Nada não, muito obrigada meu amigo, nos vemos no julgamento.

*Eu que agradeço por confiar no meu trabalho, até logo.

Era muita coisa pra um dia só e eu não sei se estava pronto, mas por um lado feliz, finalmente a Luíza ia voltar pra casa, eu só não sei se era pra minha casa ou pra casa dela. De certa forma eu estava feliz. Me arrumei para ir buscá-la e não avisei a ninguém pois queria fazer uma surpresa, entrei no carro bem na hora que o Luiz, pai dos meninos estava chegando.

-Oi cara tudo bem?

-Tudo. Estou de saída mas volto logo, veio ver os meninos?

-Sim.

-Eu vou te contar uma coisa mas por favor não conta pra eles, quero fazer uma surpresa.

-Tá, mas o que é?

-A Luíza vai conseguir aguardar o Julgamento em liberdade, estou indo buscá-la, por favor não conta nada, principalmente pra Camila.

-Porque?

Ops...

-Nada não, já volto.

Entrei no carro e assim que cheguei na porta do presídio a Luíza já me aguardava, com um semblante de felicidade que não dava pra descrever, só tive pena porque ela nem imaginava a bomba que estava por vir...

Diário de uma prostituta IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora