Diário de uma prostituta II

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Capítulo 37.

Uma noite mal dormida, resultado: uma dor de cabeça horrível. Além da cama ser dura, o barulho não cessava e sempre tinha brigas de outras presas, fora que eu estava morrendo de saudades dos meus filhos e não parava de pensar no Fernando 1 minuto, também já estava morrendo de saudades dele.

-Caiu da cama foi?

-Bom dia Bel, eu não dormi.

-A primeira noite é sempre difícil, depois você acostuma.

-Vocês duas estão aqui há quanto tempo?

-Eu três anos, e a Andressa 4 meses.

-Assim que eu cheguei, nós viramos amigas e acabamos nos apaixonando, a Bel foi importante pra eu conseguir me acostumar aqui.

Dava pra perceber que elas se gostavam de verdade, o jeito que elas se olhavam era fofo, e só isso já bastava para que o ambiente ali não ficasse tão pesado.

-Luíza, Izabel e Andressa.

A guarda chamou nós três e eu já fiquei preocupada.

-Sim.

-Vocês três vão mudar de cela.

-Pra onde?

-Vocês já vão saber, catem as coisas de vocês.

Fizemos o que ela mandou e eu lancei um olhar de pânico pra elas, que também sinalizaram que não estavam entendendo nada. Fomos levadas e eu percebi que não íamos só mudar de cela, íamos mudar de pavilhão.

-Continua assim que vocês três só tem a ganhar.

Eu não entendi muito bem, mas assim que entramos na cela eu tomei um susto, parecia mais um apartamento, tipo um kit net. Tinha três camas, bem mais macias que as da outra cela, o banheiro era até bonitinho e mais limpo, tinha uma geladeira com várias coisas bacanas de comer e uma Tv.

-Espera, o que a gente fez pra estar aqui?

-Mais tarde o diretor vem aqui e vocês vão saber.

Nós só concordamos e demos uma organizada, liguei a tv e a primeira notícia quase me fez cair pra trás.

"Faleceu ontem, o Grande empresário do Ramo de artesanato Roberto Medeiros. Ele faleceu em casa, por volta de 16:00 da tarde, e o enterro aconteceu hoje de manhã em um cemitério particular da cidade"

Não acreditei quando vi na Tv, o Fernando abraçado com uma mulher. Caí sentada na cadeira e acho que até a minha pressão caiu.

-Luíza tá tudo bem? Andressa chama alguém acho que ela tá passando mal.

-O meu noivo, me trocou por outra.

-Calma, pode muito bem ser um mal entendido.

-Não, eu sei que não é. Ele tá certo, ele é rico, bonito e tem o principal que é a Liberdade dele, porque iria se prender em uma assassina? Ele só seguiu com a vida.

Pedi licença pra elas e disse que ia me deitar, pelo menos a cama era mais confortável que a outra, e foi inevitável que a lágrima não caísse, eu amava o Fernando de verdade, e depois da nossa última noite juntos, depois de tudo que ele tinha me dito não era possível que ele não sentisse o mesmo.

-Luíza, tem uma pessoa querendo conversar com você.

A Bel veio me avisar, e eu torci pra não ser o Fernando.

-Quem é?

-É o diretor do presídio.

Meu coração gelou, eu já tinha ouvido falar dele, diziam que ele só aparecia quando era algo importante.

-Bom dia, você é a Luíza que chegou ontem né?

-Sim.

-Prazer, meu nome é Alexandre, sou diretor daqui.

-Prazer.

-Está tudo bem? Você parece que andou chorando.

-Está tudo bem sim, é apenas saudades de casa.

-Eu entendo, nunca é fácil não é mesmo? O fato é que, você colocou fim ao inferno que a Selma fazia dentro desse presídio e por isso ganhou o direito de estar aqui, além de que é muito bonita.

Ele me olhou de cima a baixo, será que esse homem tava me paquerando?

-Obrigada, mas como eu disse eu só me defendi.

-Estarei sempre por aqui pra dar um "Oi", aproveitem porque isso é um privilégio para poucas.

Ele me deu tchau e uma piscadinha, ele era bonito isso eu não podia negar, além de ser muito cheiroso.

-Ai Luíza se deu bem!

-Ele só quis ser legal.

-Assim do nada? Acho que aí tem coisa.

Ela ficaram lá debatendo, e eu me deitei novamente. Era impossível tirar o Fernando da cabeça, nenhum homem seria capaz de ocupar meu coração novamente, apesar de tudo eu ainda o amava...

Diário de uma prostituta IIWhere stories live. Discover now