Diário de uma prostituta II

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Capítulo 22.

1 mês se passou desde que eu fui presa, e parece que nesse lugar os dias simplesmente não passam, estou há um mês sem ver meus filhos e isso me destrói a cada dia, todos os dias o Fernando vem aqui me visitar e trás notícias deles, soube que estão bem lá na casa dele e as vezes o pai os leva pra passar uma semana com ele e depois trás de volta, assim fico mais tranquila. Também soube que a convivência do João Lucas com a avó está sendo ótima, soube que desde o primeiro dia que ele chegou lá ela ficou muito emocionada em vê-lo, principalmente porque ele é a cara do Gael.

Hoje é dia de visitas e o Fernando ficou de me dar uma resposta sobre o julgamento, ele conhece tantos advogados e está lutando para que eu saia logo daqui. Até que a vida aqui dentro, pelo menos pra mim não está sendo um "inferno" como falam por aí, as minhas companheiras de cela, acho que por saber do que aconteceu de certa forma me respeitam e me elogiam pela minha coragem.

-Luíza chegou visita, o delegado bonitão está aí.
Era assim que a carcereira chamava o Fernando, e de certa forma eu achava graça, e também porque era verdade, ele era mesmo um gato.

-Oi Lu, tudo bem?

-Oi, na mesma né? E os meninos como estão?

-Bem, mas todos os dias reclamam de saudade, e que não vêem a hora de você voltar.

-Ai eu também, alguma novidade sobre o julgamento?

-Sim, estava ansioso pra você perguntar, então está marcado pra daqui há duas semanas.

-Não sei se eu fico com medo, ou feliz.

-Porque?

-Existe a possibilidade de eu ser condenada né? E como vai ser? Se isso acontecer eu não sei se eu vou aguentar, principalmente por causa dos meus filhos.

-Lu, calma! Eu vou fazer o possível e o impossível pra que isso não aconteça, eu tô aqui com você, agora eu queria conversar com você outro assunto, algo que eu venho pensando já a algum tempo.

-Você me assusta desse jeito.

-Relaxa. Eu queria saber se você alguma vez já frequentou alguma escola?

-Bom, pra ser sincera não. Tudo que eu sei foi a minha irmã que me ensinou, inclusive a ler. Ela aprendeu primeiro que eu, mas porque está perguntando isso?

-Você já sonhou em ter alguma profissão? Se formar em alguma faculdade?

-Quando eu morava na rua, sempre vi aquelas moças bonitas passando, todas chiques saindo dos seus escritórios, meu sonho era ser dona de alguma empresa.

-Luíza, você é uma pessoa muito importante pra mim. Eu vou fazer de tudo para que você saia livre daquele tribunal mas com apenas uma condição.

-Qual?

-Que você me prometa que quando sair daqui vai estudar, procurar um curso de administração em alguma faculdade e ter uma profissão.

-Mas como eu vou pagar uma faculdade?

-Eu prometi te ajudar, eu vou pagar a sua faculdade, só quero que você se forme e seja independente, e que termine de criar seus filhos sem faltar nada pra eles, promete pra mim?

-Eu não sei nem o que falar, jamais imaginei algo assim, mas tudo bem eu vou fazer isso.

Então segurei as mãos dele, e apenas com o olhar tentei transmitir toda a gratidão que eu sentia por tudo que ele estava fazendo por mim e pelos meus filhos, ele era uma pessoa tão boa, que um dia eu ia retribuir tudo que ele está fazendo por mim.

-Acabou o tempo, tenho que ir. Mas volto assim que der. Se Cuida pequena, por favor.

-Eu cuido sim, pode deixar.

Então ele deu um aperto na minha mão, deu uma piscada e saiu, e eu fui levada de volta para a cela, pensando como eu tinha sorte de ter um homem desses na minha vida...

*Fernando narrando*

Cada vez que eu ia visitar a Luíza, parece que um pedaço de mim saia destruído, não sei o que aconteceu mas parece que ela era parte de mim, e voltar pra casa sem essa parte era uma tortura. Enquanto dirigia fui pensando, em como minha vida tinha mudado, do nada ganhei dois filhos emprestados e passei a ter uma responsabilidade que jamais imaginei.
Quando cheguei em casa o clima não estava bom, estavam todos com cara de preocupação, perguntei o que estava acontecendo porém a Betina e o João Lucas se olharam, e depois a Camila me olhou com uma cara de velório que me deu até medo.

-Ninguém vai me falar o que aconteceu?

-Eu acho que eu tô grávida Fernando...

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