Diário de uma prostituta II

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Capítulo 39.

A parte do meu coração que ainda tinha esperanças, terminou de se quebrar quando a Camila me mostrou no jornal, a foto deles dois juntos e o anuncio do casamento que aconteceria dali há um mês.

-O Fernando simplesmente parou de me atender, não responde minhas mensagens e não me segue mais nas redes sociais, e quando eu vi isso no jornal eu entendi o motivo.

-Ele também nunca foi me visitar, desde o dia do julgamento que eu não o vejo.

-Mãe tem algo de errado nessa história, o Fernando não é assim, se ele te amava como dizia porque ele nunca foi te dar uma explicação? Você tem que procurar por ele.

-Não, eu não vou.

-Deixa de ser cabeça dura mãe, você ainda gosta dele tá na sua cara.

-Mas ele seguiu com a vida dele, eu não vou atrapalhar. Eu o amo sim, mas quero que ele seja feliz!

Nesse meio tempo o Thiago chegou e eu matei a saudades que tava dele, chorei feito criança e nós passamos o resto do dia juntos. Mandei mensagem pro Alexandre perguntando se o convite ainda estava de pé

"O convite pra sair ainda tá de pé?"

"Sim, claro que sim. Que horas te busco?"

"19:00"

"Marcado"

Não respondi, apenas fiquei deitada até a hora de me arrumar, aliás não estava com a menor vontade de sair mas eu precisava ou a minha cabeça ia explodir de tanto pensar. Coloquei um vestido básico, uma sandália rasteira e passei um pente no cabelo, nada de maquiagem. As 19:00 em ponto ele chegou, A Camila e o Augusto tinham ido dormir na casa do pai dele (Eles não moravam mais juntos, mas ainda ficavam) e o João Lucas estava na casa do Thiago.

-Nossa como você tá linda.

-Obrigada, onde vamos?

-Você já vai saber.

Durante o caminho fomos conversando, e chegamos em um restaurante, até legalzinho.

-Nossa, é até legal aqui.

-Eu sabia que você ia gostar.

Sentamos, e enquanto esperávamos o pedido, de longe eu o vi, meu coração disparou. Ele continuava lindo como sempre, embora um pouco mais velho. Ele entrou acompanhado da mulher dele, e não me viu.

-Luíza está tudo bem?

-Sim, podemos ir embora?

-O que houve?

Então ele virou pro lado e viu o Fernando, na mesma hora ficou pálido como se tivesse visto um fantasma. Pedi que nós fôssemos embora sem que ele percebe-se que nós estávamos ali, ele concordou mas eu fiquei tão nervosa que acabei esbarrando na bandeja do garçom que passava, derrubando taças e pratos, o barulho chamou atenção dele que acabou me vendo, e nossos olhares se cruzaram depois de tanto tempo. Não dá pra descrever o que eu senti naquele momento, mas meu coração nunca bateu tão rápido, comecei a suar e ele se levantou, mesmo com a tal mulher gritando pra ele voltar.

-Luíza...

-Pode voltar pra sua mesa, não quero atrapalhar.

-Não, nós vamos conversar.

Ele saiu me puxando, entramos dentro de um táxi e ele mandou apenas o motorista andar, que ele diria o destino depois. Ainda pude ver o Alexandre conversando com a Laura e os dois entrando no mesmo carro. Será que eles se conheciam?

-Luíza, onde você esteve esses anos todos? O que aconteceu? Porque você mandou aquela carta dizendo que não queria mais me ver?

Carta? Oi?

-Carta? Mas eu não te mandei nenhuma carta.

-Mandou sim. Um dia depois do enterro do meu pai eu fui lá te ver e o Alexandre disse que você havia sido transferida, me mostrou os papéis.

-Mas Fernando eu...

-Deixa eu continuar só me escuta. Ele disse que você tinha sido transferida, e não sabia pra onde. Eu ia todos os dias atrás informações mas ninguém me dizia nada, até que me mandaram essa carta.

"Fernando, eu sei que você seguiu com a sua vida, e peço que deixe eu fazer o mesmo. Nunca pensei que você me esqueceria tão fácil, mas já que esqueceu então eu farei o mesmo. Não procure mais os meninos, e não venha mais atrás de mim. Estou feliz assim, me deixa em paz, ass: Luíza"

-Essa não é a minha letra, e eu nunca escrevi isso, eu fui transferida sim mas foi de cela, por causa de uma confusão que teve no dia que eu cheguei, e depois eu vi na Tv você abraçado com essa moça, no enterro do seu pai e achei que você tinha me traído com ela.

-Se você não escreveu isso, então de onde saíram aqueles papéis?

-Isso a gente só vai saber perguntando pro Alexandre.

-Luíza...

Ele segurou atrás da minha nuca, me fazendo arrepiar dos pés a cabeça. Como eu senti saudades dele...

-Minha menina, como eu senti sua falta.

Então nos beijamos, um beijo cheio de saudade e tesão. Quanto mais a gente se beijava mais eu não queria parar, e acho que ele entendeu o recado, pois quando eu percebi estava quase em cima dele. Paramos no Sinal e percebi que estávamos em frente a um motel, olhei pra ele que entendeu o recado e mandou que o motorista desse a curva pra entrar lá, e foi o que ele fez.

-São seis anos que eu não sei o que é fazer amor de verdade, desde aquela noite lá na minha casa, você não tem noção de como eu tô com saudades do seu corpo, do seu cheiro, do seu toque...

Ele falava tudo isso olhando pra mim, estávamos já dentro do quarto, e eu só queria matar toda a saudade que eu tava daquele homem que sempre foi e sempre será o amor da minha vida...

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