Diário de uma prostituta II

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Capítulo 42.

Foi muito difícil tirar o Fernando de cima do Alexandre, tive que chamar ajuda na rua, fiquei com medo de acabar em tragédia.

-Isso nao vai ficar assim viu? podem anotar.

Ele saiu, entrou no carro dele e sumiu, e o Fernando estava  com a mão um pouco machucada e vermelha, cuidei dele enquanto a gente conversava, tinha algumas coisas que ainda precisava entender.

-E a gente? Como fica?

-Como assim?

-Você está de casamento marcado com a Laura, lembra?

-Eu desmanchei com ela, lembra? E você com o Alexandre, como vai ficar?

-Como assim? Eu nunca tive nada com ele.

-Não?

-Não, eu passei 6 anos presa, a última coisa que eu pensaria era nisso. Espera aí, da onde você tirou isso?

-Eu vou te contar do início.
No dia do seu julgamento, quando eu cheguei em casa encontrei meu pai morto no jardim de casa, e a Laura trabalha no IML, acabou que ela foi buscar o corpo dele em casa, e se ofereceu pra me fazer companhia, como eu fiquei bastante fragilizado acabei aceitando, e quando precisei vir em casa descansar ela se ofereceu pra vir junto, ela até tentou ficar comigo mas eu não quis, e por isso que ela disse que eu rejeitei e não quis transar com ela. No dia do enterro, ela disse que ia apenas por amizade mas que depois ia trabalhar, meu pai era um homem conhecido por isso tinha imprensa no sepultamento, em algum momento a Laura viu a câmera e fez questão de me abraçar, já que como ela disse foi armação desses dois a sua troca de cela. No outro dia eu fui te visitar e o Alexandre veio com aqueles papéis dizendo que você tinha sido transferida de presídio e que não sabia do seu paradeiro, mas que eu podia voltar lá e tentar descobrir depois.

-Será que até aquela briga foi armada?

-Que briga?

-Termina de falar que eu te conto.

-Continuando. Depois que saí de lá, voltei pra casa, e pensei em ir até a sua pra ver se a Camila ou o João, ou até mesmo o Luiz sabia de alguma coisa, mas quando ia saindo pra ir até você a Laura tava parada no portão me esperando, e deu a desculpa de que tinha esquecido a chave da casa dela, e depois de muito ela insistir eu acabei contando tudo o que tinha acontecido entre a gente, e foi aí que ela começou a falar várias coisas na minha cabeça, de que você poderia ter sido solta e ter fugido com outro, inventou várias paranóias. Até que depois de muito tempo indo até lá pra saber de alguma notícia sua, eu recebi aquela carta que você supostamente escreveu, e aí meu coração quebrou, e tudo o que a Laura sempre falava parecia fazer sentido na minha cabeça, eu comecei a acreditar que realmente você não me queria mais porque já tinha outro. Então um dia, eu estava me sentindo sozinho, e chamei a Laura pra tomar um vinho aqui em casa, ela começou a dar em cima de mim e eu não resisti, acabei dormindo com ela.

Ouvir aquilo foi como um soco no meu estômago, eu sabia que eles tinham ficado noivos mas não pude evitar sentir ciúmes dele, e ele percebeu porque fechei a cara.

-Amor, tá tudo bem?

-Não sei se eu consigo ouvir o resto.

-Bom, resumindo, eu me acostumei com a presença constante da Laura, e foi graças a essa convivência que eu percebi, que eu não a amava mais, que mesmo estando com ela, era você que eu queria, era em você que eu pensava todos os dias, tudo o que eu fazia com ela, imaginava você.

-Então como vocês decidiram casar?

-Ela me pediu em casamento, e como eu não fazia idéia de que você estava prestes a reaparecer eu acabei aceitando.

-Tem só mais uma coisa que eu não entendi.

-Diga.

-Porque você parou de atender as ligações da Camila?

-Mas eu não fiz isso.

-Como não? Ela me contou que você se afastou completamente dela, que não atendia as ligações, que não seguia mais ela nas redes sociais e que não respondia as mensagens que ela te mandava.

-Espera aí.

Ele olhou o celular e me mostrou, o número da Camila estava bloqueado, e as ligações dela não completavam.

-Luíza, você ainda não entendeu? É você que eu amo, é você que eu quero, e é com você que eu quero passar o resto dos meus dias, e quem sabe futuramente será nós três...

Ele botou a mão sobre a minha barriga, eu torcia pra que tivesse dado certo, eu queria muito que daqui há um tempo fossemos uma grande família.

-Quer dormir aqui?

-Dormir? Tem certeza?

Eu olhei pra ele sorrindo, se dependesse de mim, eu não sairia do lado dele nunca mais...

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