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Layla Nabih

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Layla Nabih

A noite caiu serena e tranquila para uma grande cidade como o Rio de Janeiro. Por estarmos no meio da semana, não há tanto movimento pelo hall de entrada do hotel. Guardo minhas coisas no armário dos funcionários, que fica na copa, e ocupo o meu lugar na recepção. Atendo algumas ligações de clientes. A senhora Smith gostaria de jantar comida japonesa em seu quarto, então eu ligo para o chefe da cozinha e repasso o pedido do jeitinho que ela deseja. Já o senhor Calvil pediu para não ser incomodado durante o resto da noite. Posso afirmar que ele e a amante estão tendo uma daquelas noites sagazes e barulhentas. Por sorte, amanhã cedo não estarei aqui para ouvir as reclamações dos hóspedes dos quartos vizinhos.

Anoto mais algumas exigências e noto a tela do computador preenchida com todas as demandas e reclamações que recebi em apenas duas horas de expediente. Algo fez Teresa não voltar ao trabalho. Dessa vez, ela deve ter pego uma “catapora” para justificar sua ausência durante essa noite. É sempre assim.

Já estou acostumada a ficar sozinha na recepção. Quando o movimento está pouco como agora, gosto de ficar ouvindo músicas em meus minis fones de ouvidos bluetooth em um volume baixo para não impedir o funcionamento do meu trabalho.

Fui informada que amanhã, o gerente, senhor Simon, quer falar comigo. Pergunto-me se fiz algo de errado. Na semana passada me atrasei cinco minutos, pois por causa da chuva, o ônibus demorou um pouco. Mas todos os funcionários se atrasam algum dia. Não dá para chegar sempre na hora. Ele não pode me demitir apenas por isso.

Fecho meus olhos por alguns segundos e ouço apenas a música em minha cabeça: “Sing of the Times”. Cantarolo baixinho o inglês da canção. Costumo ouvir músicas internacionais com o propósito de treinar o idioma, apesar de esse ser um dos que mais utilizo no trabalho por ter uma grande demanda de hóspedes vindos da América. Um dos requisitos imprescindíveis para que eu trabalhasse nesse hotel era, exatamente, dominar o inglês, o português e o espanhol. Omiti em meu currículo que também falo árabe. Uma vez o senhor Simon me flagrou em uma conversa com uma cliente de Doha, do Catar, que não conseguia se comunicar com a outra atendente. Assim, tive que interferir e atendê-la. O gerente veio me agradecer depois por eu auxiliar tão prontamente a outra recepcionista e me interrogou sobre isso, já que no meu currículo não constava que eu falava árabe. Eu tive que dizer que nas horas vagas fazia um curso online. O que, de fato, era verdade. Com isso, eu me sentia como se estivesse guardando alguma coisa do meu pai, apesar de nunca mais querer retornar àquele país.

Após terminar os estudos, consegui trabalho aqui, no hotel, e desde então a minha vida mudou. Não costumo perder uma hora extra e sempre estou buscando mais maneiras de ajudar em casa. Por isso quase nunca vou ao cinema ou saio para outros lazeres. Também não tenho muitos amigos. A minha melhor amiga, que tenho como irmã, é a Laura. E sempre que pode, ela tenta me arrastar para algumas diversões. Também não costumo namorar e nunca tive um encontro de verdade. Para ser sincera, nunca beijei ninguém em toda a minha vida. O que pode parecer ridículo para a sociedade, para mim se chama timidez e receio. Não costumo ser gentil com os homens. A verdade é que odeio todos eles. Todos, menos o Ralf. Ele era o cozinheiro do hotel. Digamos que é bastante gentil e gay. Respeito sua sexualidade, pois essa é a base de tudo. Ele e minha mãe são muito amigos e ambos costumavam sair juntos para jantar ou ir ao cinema. Já fui algumas vezes com eles. Eram tempos divertidos. Fiquei triste por ele ter decidido ir para a Alemanha com o namorado, ampliar seus estudos em gastronomia. Sei que ainda irei ouvir o nome do grande chefe Ralf.

Sob O Domínio do sheik Where stories live. Discover now