19 - Relaxar

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ʜᴏᴘᴇ ғᴇʀʀᴇɪʀᴀ

Como não esperava receber um convite igual ao que Pedri me fez, fico sem saber o que responder. Ainda estamos nos conhecendo e acredito que não é o melhor momento para viajarmos juntos, ainda mais para outro país.

Ele acende a luz e fala que está aguardando uma resposta. Ele fez um convite irrecusável, porém para pessoa errada. Afasto-me dele, coloco a cabeça entre os joelhos e fico pensando como posso resusar sem magoa-lo, mas ao ver que não tem como, digo baixinho:

— Não posso viajar com você, González.

— Não pode ou não quer? — ele pergunta.

— Realmente não posso — digo.

— Você não tem nenhuma rede social, quase nunca sai de casa, não gosta de falar muito sobre sua vida ou como era quando você morava no Brasil — pontua ele. — Pode me explicar do que tem tanto medo?

— Todo mundo tem medo de alguma coisa — falo, baixo.

— Isso é verdade — ele concorda, levanta minha cabeça com cuidado e olha nos meus olhos. — Se você deixar, posso te ajudar com o que for.

— Apenas não quero ir para o Catar — falo. — Lá vai ter muita gente e eu vou me sentir mal por estar longe da minha zona de conforto. Sem contar que esta é a primeira copa que você vai jogar, e eu não quero e não vou te atrapalhar.

— Se você pensar com carinho e decidir aceitar meu convite, meu irmão pode vir te buscar e te trazer de volta a qualquer momento — ele fala. — E sei que estou sendo insistente, mas estou fazendo isso porque queria muito que você estivesse nesse momento tão importante comigo.

— Minhas provas da faculdade vão começar nos próximos dias — falo. — Posso viajar depois?

— Quando já souber o dia que irá viajar, me avise e cuidarei de tudo — ele fala e coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Prometo que vou te esperar no Catar.

— E prometo que enquanto eu não viajar para te ver jogando pessoalmente, irei acompanhar os jogos da Espanha e torcer muito por você — digo.

— Já que é assim, vou te dar uma camisa da seleção de presente e ficarei muito magoado se você falar que não pode aceitar — ele diz.

— Obrigada — agradeço e dou um selinho nele.

— Vamos dormir? — ele pergunta.

Assinto, deito com ele e encosto a cabeça em seu peitoral.

— Boa noite, González — murmuro.

— Boa noite, gatinha — murmura ele.

                                                            •   •   •

Respiro pesadamente e solto o celular ao ver que estou muito atrasada para o trabalho. Passo a vista pelo quarto e não encontro Pedri, mas vejo uma porta entreaberta e deduzo que ele está no cômodo que só pode ser o banheiro. Desço da cama, ando em passos largos, tento visualizar algo dentro do cômodo e vejo ele parado na frente da pia, se olhando no espelho.

Dou leves batidas na porta. Ele me vê através do espelho e me pede para entrar no cômodo, e assim o faço. Percebo que ele está se barbeando e me mantenho um pouco afastada. Ele liga a torneira, lava o rosto, seca cuidadosamente com uma toalha, depois se aproxima devagar e passa as mãos em volta da minha cintura.

— Por que você está tão séria? — ele pergunta.

— Não ouvi o alarme e me atrasei para o trabalho, González — falo. — Estou com medo de perder meu estágio.

𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐀𝐂𝐎𝐍𝐓𝐄𝐂𝐄 - ᴘᴇᴅʀɪ ɢᴏɴᴢᴀʟᴇᴢOnde as histórias ganham vida. Descobre agora