70 - Transfusão

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ᴘᴇᴅʀɪ ɢᴏɴᴢᴀʟᴇᴢ

Chegamos aqui no hospital à tarde e agora é um pouco mais das nove da noite. Não comi nada até agora e também não consegui descansar. Estou preocupado porque ainda não recebi nenhuma notícia da Hope. Tudo que sei é que ela continua no centro cirúrgico, mas não tenho ideia se ela vai continuar lá por muito tempo.

Consegui convencer Nathy a ir para casa descansar, e Catarina foi junto. Elas voltaram minutos depois com roupas diferentes, me fazendo presumir que tomaram banho antes de voltarem ao hospital. Como estou aqui no automático e mal tenho forças para me manter de pé, preferi deixar quieto ao invés de repetir que elas precisam descansar. Fernando, Gavi e Enzo chegaram há alguns minutos.

Sento em uma cadeira ainda apreensivo. Bocejo e dou umas batidinhas no meu rosto para me manter acordado. Estou exausto, mas não posso dormir até saber que minha mulher está bem. Liguei para o irmão da Hope há algumas horas e contei tudo que sei, o que não é muito. Ele falou que a mãe sentiu uma sensação estranha e tentou falar com a filha, mas não conseguiu. Após dizer que iria conversar com os pais e embarcar no primeiro voo com destino a Barcelona, ele desligou.

Nunca imaginei que iria conhecer a família da minha namorada nestas circunstâncias. Quando sou dominado pelo sono e cogito dormir por alguns minutos, levanto num sobressalto. Não posso descansar sabendo que minha gatinha pode estar com dor. Volto a andar de um lado para o outro e me questiono o que pode estar acontecendo. É angustiante não saber se deu algo errado na cirurgia ou se minha gatinha está bem.

— Sei que você está preocupado, mas tenta ficar calmo — fala Gavi, parando em minha frente.

— Por que não falaram nada até agora? — questiono. — Deve ter algo errado.

— Não pensa negativo — diz ele.

— É quase impossível não pensar negativo — digo, suspirando.

— Imagino que sim — comenta ele. — Mas Hope é forte e vai ficar bem.

— Sei que ela é forte, mas ainda assim tenho medo de perde-la — confesso.

— Que perder o quê — ele diz. — Não pensa nisso.

— Estão demorando muito para nos dar alguma notícia — falo.

— Deve ser um bom sinal — fala ele. — Se tivesse algo errado, já estaríamos sabendo.

— Não sei, Gavira — digo, relutante.

— Senta em uma cadeira e tenta ficar calmo — pede ele.

— Não, obrigado — falo.

— O que você quer fazer? — questiona ele.

— Minha vontade é de entrar no centro cirúrgico e ver com meus próprios olhos se Hope está bem — respondo.

                                         •   •   •

O primeiro médico que veio conversar conosco pediu algumas informações da Hope. Nathy acompanhou ele e voltou minutos depois com um semblante abatido. Enzo levou Nathy para casa deles. Eles voltaram umas duas horas depois e trouxeram alguns sanduíches. Mesmo sem sentir fome, comi em silêncio. O médico voltou para trazer notícias no começo da madrugada, entretanto não muito boas.

Descobrimos que minha gatinha perdeu muito sangue e irá precisar de uma transfusão sanguínea. Fizemos exames e descobrimos que não somos compatíveis para doar sangue para Hope. O sangue dela é O- e só pode receber transfusão do mesmo tipo sanguíneo. Fiquei sem saber o que fazer após receber a informação. Nathy me lembrou que a família da minha namorada está chegando e algum deles deve ser compatível.

𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐀𝐂𝐎𝐍𝐓𝐄𝐂𝐄 - ᴘᴇᴅʀɪ ɢᴏɴᴢᴀʟᴇᴢOnde as histórias ganham vida. Descobre agora