68 - Respiração boca a boca

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ᴘᴇᴅʀɪ ɢᴏɴᴢᴀʟᴇᴢ

Não sei explicar o porquê, mas sinto que algo ruim vai acontecer. Estou sentindo uma sensação estranha desde que deixei minha gatinha no lago sozinha e vim abrir o portão. Esperei todos descerem do carro e ajudei a pegar algumas sacolas. Agora estamos na cozinha zoando Gavi. Ele quer ajudar a preparar o almoço. Ninguém quer comer a comida dele, bem mesmo Catarina.

Falei para Enzo que vou ajudá-lo com o almoço e fui para o quarto pegar uma toalha para minha gatinha. Ela deve estar com frio, já que está chovendo um pouco. Assim que voltei para cozinha, lembrei que ela pediu uma fruta e peguei uma maçã para ela. Saímos da casa todos juntos, entretanto Nathy e Catarina vão um pouco à frente. Converso com Gavi e Heitor sobre futebol, e andamos sem nenhuma pressa.

As meninas param a alguns metros de onde estamos. Por um momento, penso que estão nos esperando. Entro em desespero quando vejo Catarina correndo. Nathy vira em nossa direção, aponta para lago e começa a chorar. Não consigo entender de primeira o que está acontecendo, mas começo a compreender quando vejo Gavi e Heitor correndo para o lago também.

— Vai ajudar ela, Pedri — pede Nathy, com a voz chorosa.

— O quê? — questiono, desnorteado.

— Hope está se afogando — ela diz.

Após escutar as palavras de Nathy, minha única reação é jogar tudo que estava em minha mão no chão e correr o mais rápido que consigo. Ignoro a chuva, os gritos da Nathy e continuo correndo quando vejo minha namorada afundando na água. Espero ela voltar à superfície, entretanto isso não acontece. Escuto Enzo pedindo para Catarina tentar acalmar Nathy. Enzo mergulha, e Gavi faz o mesmo.

Chego no lago e mergulho com os olhos abertos. Tento ver algo, mas não consigo. A busca por Hope não vai ser fácil, ainda mais na chuva. Se passam alguns minutos. Saio do lago exausto e sento na grama. Não consigo conter as lágrimas quando escuto Nathy dizendo que minha gatinha morreu afogada. Gavi e Enzo saem do lago e sentam ao meu lado. Estou me sentindo muito culpado e nunca vou me perdoar porque sei que minha namorada só se afogou porque deixei ela sozinha.

— Vamos desistir ou continuar procurando? — pergunta Gavi.

— Não vou parar até encontrar ela — digo, baixo.

— A chuva está diminuindo — fala Enzo. — Acredito que vai ser mais fácil para encontrar Hope.

— Mergulhei com os olhos abertos, mas não consegui ver nada — gavi fala.

— Têm alguns óculos de mergulho na casa — Enzo diz. — Posso ir buscar para gente.

— Então vai, mas não demora — falo.

— Vou voltar rápido — Enzo diz, levanta e sai correndo.

Levanto e me aproximo das meninas. Poucos minutos depois, Enzo volta e nos entrega os óculos. Entro no lago, molho meu rosto, coloco o óculos e imploro mentalmente para não encontrar minha mulher morta. Nado perto do lugar que estávamos mais cedo e não encontro nada. Volto à superfície minutos depois e faço um gesto, avisando as meninas que ainda não encontrei Hope.

Nado até uma parte do lago mais afastada, subo em umas pedras. Estou desesperado e não sei o que posso fazer para encontrar minha gatinha. Olho para o lugar que Nathy está e mesmo de longe, consigo ver o rosto dela pálido. Espero que o bebê esteja bem. Escuto um trovão. Levanto minha vista para olhar para o céu e vejo que têm várias nuvens de chuva. Volto a mergulhar com um pensamento: preciso encontrar Hope e devo isso a ela por tudo que vivemos juntos.

Vejo um pedaço de tecido e me apresso em pegá-lo. Quando noto que o tecido é de uma camisa do barcelo, fico desesperado, já que Hope está usando uma minha. Como não sei aonde devo ir, deixo meu instinto me guiar. Vejo uma mão e me apresso em ir até lá. Encontro Hope desacordada e noto um machucado no rosto dela. Ela só não foi parar em um lugar mais longe porque a camisa está presa em uma pedra.

𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑 𝐀𝐂𝐎𝐍𝐓𝐄𝐂𝐄 - ᴘᴇᴅʀɪ ɢᴏɴᴢᴀʟᴇᴢOnde as histórias ganham vida. Descobre agora