Aproximações

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"Kay... Vem, por favor...". Kakaroto suava, remexendo-se na cama. Dhalia tinha sido acordada pelas palavras do saiyajin, que não eram dirigidas a si. Ficou com ainda mais raiva da imperatriz. Eles tinham passado uma noite quente juntos, tinham adormecido nos braços um do outro, e agora Kakaroto estava ali chamando por outra. Era muito desaforo...
Dhalia saía do palácio directa para o bar onde antes estivera com Talissa, recordando-se daquela noite. Sim, Kaya tinha de pagar. Mas precisava de beber, para esquecer os sentimentos de culpa que lhe acometiam naquele momento, por ter entregue a mentira da filha para o temível Freeza.



- E agora?! Onde será que a princesinha se meteu?! Pffff! – Dodoria estava visivelmente aborrecido com a missão que Freeza lhes ordenou. Preferia mil vezes matar uns quantos insolentes, do que voltar a fazer de guarda costas da imperatriz mimada.
- Não sei. Mas não temos alternativa senão procurá-la. Tenta acalmar-te! – Suspirava Zarbon, colocando-se aos comandos da nave.
- O grande mestre não disse que não poderíamos dar-lhe um tratamento... – Os olhos de Dodoria cintilavam.
- Não acho boa ideia... a missão é encontrá-la, e trazê-la de imediato. O mestre está demasiado instável, precisamos de ser rápidos!
E nisto, a nave parte a grande velocidade para a primeira paragem onde iriam procurá-la, o planeta Yardrat.

- Já estamos a voar há 4 horas... será que ainda falta muito?! – Kaya questiona o tio.
- Não, já estamos próximos. Vamos, mais rápido! – Vegeta ordena para Kuririn, que começava a ter dificuldades para seguir a velocidade dos saiyajins. Bulma ia um pouco mais atrás, na sua motorizada rosa.
Kuririn suspirava. Estava cansado, mas aqueles saiyajins terríveis não pareciam estar minimamente desgastados. Voaram durante mais meia hora, até chegarem a nova aldeia Namek.
Foi difícil para Kuririn e Bulma mentirem para o chefe da aldeia Namek, mas eles sabiam que não tinham escolha. O líder Namek ainda olhou de forma suspeita para os três saiyajins, mas acabou por aceder em dar-lhes a quarta esfera do Dragão. Os terráqueos agradeceram com um nó na garganta, mas apesar de tudo, sabiam que estavam a fazer o necessário para a sobrevivência de todos. Aqueles terríveis saiyajins não teriam qualquer dificuldade em dizimar toda a população do planeta para obterem o que querem.
- A quanto tempo de voo fica a próxima aldeia? – Questionou Kakaroto, quando eles e os terráqueos se afastaram ligeiramente dos aldeões.
Vegeta verificou o scouter. 5 horas. Suspirou... Não era uma má ideia descansarem e darem o dia como terminado. Amanhã continuariam a busca pelas esferas. A este ritmo, rapidamente conseguiria realizar o seu desejo de obter a vida eterna.
- Eiiii, tu aí, terráquea! – Vegeta chamou Bulma com uma voz firme e decidida, o que fez Bulma tremer por dentro. O que será que ele queria?!
- Sim..?
- Quero saber se vocês trouxeram mais uma dessas cápsulas de casa. Iremos precisar de um lugar para passar a noite, e dispenso ter de conviver com vocês vermes, mais do que o tempo estritamente necessário. - Concluiu, com a sua típica pose de superioridade.
Pffff! Bulma ferveu... Mas quem é que aquele enfazadinho pensava que era?!?! Eles, vermes?! Ela não ia conseguir deixar de responder a tamanho desaforo:
- Ouve lá, nós não somos nenhuns vermes! Temos muito mais modos que vocês! Vocês deveriam tratar-nos bem porque precisam de nós para conseguirem as esferas do Dragão! – Bulma vociferava, com as mãos nas ancas.
- Ahahaha, estás errada queridinha! Na verdade, não precisamos. Posso simplesmente localizar as aldeias Namekusei e matar todos os que se opuserem a mim e não me entregarem as esferas... Precisamos de vocês sim, mas para outras coisas... – A saiyajin sorria, um sorriso irónico, acompanhado de uma expressão que assustou Bulma. Ela era de longe a mais assustadora dos três...
Kaya percebeu, o que lhe deu vontade de sorrir ainda mais de canto. Adorava ver esta expressão nos olhos e nas faces dos outros. De medo, de insegurança. Mas suspirou e continuou, parando de sorrir:
- Eu considero que vocês são interessantes, e enquanto eu continuar a pensar isso, será muito bom para vocês porque ninguém vos irá tocar. Se me levarem a pensar o contrário... Bem, aí não posso prometer nada. Portanto, se querem um conselho, o melhor é manterem-se interessantes... – Kaya agora estava séria e Bulma percebeu isso.
- Bom, na verdade eu não tenho outra casa cápsula... Não pensei que fôssemos precisar. Esta casa tem dois quartos, uma sala... Tenho também uma tenda, que dá para cerca de duas/ três pessoas. Se vocês quiserem eu...
- Podes parar já aí. Eu fico com um dos quartos. – Respondeu convictamente a imperatriz.
- E eu fico com o outro quarto! – Apressou-se a dizer Vegeta. – Afinal, sou o príncipe dos saiyajins, uma tenda não é o lugar adequado para alguém do meu estatuto! – Vegeta cruzou os braços e virou as costas, como tanto gostava de fazer. Bulma engoliu em seco. Teria de ficar na sala, exposta, ou partilharia a tenda com Kuririn e o saiyajin alto, que agora sorria irónico, observando-a. Sim, Kakaroto apercebeu-se do ar de pânico da terráquea, ao imaginar que partilharia uma tenda com ele. Decidiu juntar o útil ao agradável...
- Não te preocupes, gatinha! O teu amigo careca poderá ficar com o sofá e nós ficamos sozinhos na tenda... Acredita que vais dormir bem... Se é que vais dormir sequer! Ahahaha! – Kakaroto piscou o olho, provocador.
Bulma sentiu-se a tremer... O que seria que aquele saiyajin gostoso mas louco planeava fazer com ela?!
Kakaroto não conseguiu evitar outra gargalhada, visto que não tirava os olhos de Kaya, e notava a imperatriz a ficar mais e mais irritada.
- Grrrrr!! Não há palavras suficientes para descrever o quanto tu és idiota!! – Kaya bufou, zangada.
- Tu, terráquea, ficas no outro quarto da casa cápsula. Penso que o Vegeta foi habituado a ser um cavalheiro, ao contrário de certas pessoas! – A imperatriz olhava com raiva para Kakaroto, que estava cada vez mais divertido.
Vegeta, por seu lado, bufou mas acabou resignado ao que a sobrinha lhe disse... Afinal sim, era um cavalheiro, e fora ensinado a dar primazia às damas. E aquela donzela era bem apetecível... Bolas, a sua cabeça já estava a viajar! Fechou os olhos e suspirou.
- Muito bem, ficarei na tenda com o imprestável do Kakaroto, para me certificar que ele não vos incomoda. Tu, baixinho, ficas no sofá da casa cápsula. E agora, alguém tem mais alguma reclamação a fazer?! – Vegeta estava a ficar irritado. Tinha fome e precisava de descansar.
- Não! Parece-me perfeito. – Conclui Kaya.
Bulma suspirou de alívio. Ao menos ainda existia algum tipo de respeito naqueles bárbaros.
Todos entraram para a pequena cozinha da casa cápsula e começaram a comer uma refeição pré feita. Não era nada de especial, mas era melhor do que não comer nada.
Kuririn temia pelo futuro, mas o plano de Bulma era bom e ele sabia... Só tinha de o seguir e não fazer asneiras. Os saiyajins acabariam por ir embora assim que conseguissem o seu desejo, eles poderiam esperar que as esferas estivessem de novo disponíveis para pedir os dois desejos que restavam. Sim, só tinham de continuar a disfarçar como se nada fosse, e tudo iria correr bem...
- E então, como é a vida na Terra? – Kakaroto quebrou o silêncio, após comer mais de seis latas de refeição pré preparada. Bulma e Kuririn não esperavam a pergunta, e por isso entreolharam-se. O que será que ele queria saber?!
- Bem, a Terra é um planeta pacífico. Tem muito verde, oceanos, praias maravilhosas. – Kuririn respondeu em jeito de suspiro, lembrando-se do seu planeta natal, e do quanto sentia a falta dele.
- Entendo. Gostava de conhecer esse planeta... eu gosto sempre de conhecer novas civilizações, antes de as destruir, claro! – Os olhos de Kakaroto brilhavam com crueldade, enquanto Bulma e Kuririn se arrepiavam.
- Destruir...? – Bulma atreveu-se a perguntar. – Mas... Porque fazem isso?! Isso é simplesmente bárbaro!
- São negócios. Puro e simples. – Concluiu Vegeta. – Somos mais fortes, e por isso fazemos crescer o nosso império através da conquista planetária.
- Para eu dominar! – Kaya recostou-se satisfeita na cadeira, e Vegeta teve vontade de rosnar. Apenas e só ele era o legítimo herdeiro do império saiyajin! Ele é que deveria comandar o universo! Mas bem, quando tivesse a vida eterna, logo seria o rei e senhor de todas as galáxias...
Todos terminaram de jantar e começaram a recolher-se. O dia tinha sido duro e o seguinte não prometia ser mais brando.
Bulma sentia-se exausta, temendo pelo que lhes aconteceria, querendo mostrar força onde agora só residia fraqueza. Mas ela não podia deixar-se abater, não, nem pensar! Ela deveria aguentar estoicamente, ser convincente, para que aqueles malditos saiyajins fossem logo embora.
Kaya olhava com curiosidade e asco para um livro pousado na mesa da pequena salinha, cujo título era "O segredo para fazer um homem querer casar com você". Bulma, percebendo a expressão confusa da saiyajin, suspirou e encolheu os ombros:
- Não me julgues, ok? Eu não estou num bom momento...
Kaya olhou-a sem entender nada. Será que a terráquea lhe estava fazendo confissões?! Se sim, primeiro, quem é que ela julgava que era?! Segundo, o que Kaya deveria dizer numa situação daquelas?!
Optou por não dizer nada, mas Bulma, também sem perceber muito bem porquê (talvez porque tinha estado um mês inteiro fechada com um homem, que em nada lhe valia em assuntos do coração, pois apenas tivera uma namorada que deixara fugir inexplicavelmente), resolveu continuar a falar e a abrir o seu coração:
- Sabes, eu tenho um namorado há doze anos... Nós terminávamos e acabávamos, voltávamos a terminar, e logo depois rapidamente nos reconciliávamos. Mas eu não posso continuar mais assim... ele já me traiu tantas vezes que eu perdi a conta! – Bulma suspirava, triste.
Kaya estava quase de boca aberta e olhos arregalados. Porque é que a terráquea lhe estava a contar aquilo tudo?! E pior, porque voltou para um homem que já a traiu?
Bulma quase conseguia ler os pensamentos da saiyajin, e continuou:
- Eu sei... Eu sei o que deves estar a pensar. Deves pensar em como posso ser tão burra que o tenha aceite de volta.
- Sim, basicamente... – A imperatriz por fim respondeu.
- Ele foi o meu primeiro namorado... O primeiro homem que eu tive... E eu... Enfim, eu amei-o mesmo muito.
- E agora? – Kaya estava a ficar curiosa. Nunca tinha falado deste tipo de assuntos com ninguém.
- Não... Não tenho a certeza que ainda o ame. Penso que tudo o que sinto é um carinho muito grande pelo que passamos e por tudo o que fomos.
- Porque é que ele não está aqui contigo em vez do baixinho?
Os olhos de Bulma encheram-se automaticamente de lágrimas... resolveu dizer a verdade.
- Porque ele está morto... Nós viemos tentar pedir ao poder das esferas do Dragão, que o ressuscitasse, mas agora... Agora não será mais possível. – Bulma olhou para baixo. Mesmo naquele momento, tinha de continuar com a farsa.
- Hmmmm... mas porque queres ressuscitar alguém que já não amas e te traiu?!
- Porque ele perdeu a vida injustamente! – Exclamou Bulma. – Perdeu a vida a lutar contra vocês!
- Nós?! – Kaya fez uma expressão para lá de surpresa. Foi aí que Bulma percebeu que tinha falado demais... – O que queres dizer com isso? – Insistiu a imperatriz. Mais uma vez, Bulma decidiu que teria de contar a verdade, e então explicou o que acontecera no combate com a unidade de Dhalia.
- Hmmmmm... Então eu sempre tenho razão... O careca tem muitos recursos, para conseguir vencer uma unidade saiyajin. Vai ser sem dúvida interessante... – Kaya estava de braços cruzados, fitando o tecto. Talvez o careca lhe pudesse ensinar técnicas novas, já que ela adorava aprender, e sempre era uma forma de surpreender os seus adversários.
Bulma precisava urgentemente de mudar de assunto de conversa, por isso arriscou:
- Então e tu e o... Kakaroto? Há quanto tempo estão apaixonados?
- O QUÊ?!? – Os olhos anteriormente calmos de Kaya agora exprimiam raiva e estupefacção.
Bulma recuou... Tocou num ponto visivelmente sensível...
- Desculpa, eu... eu pensei que estivessem juntos... – Desculpou-se o melhor que pôde.
- Mas porque haverias de pensar isso?! Porque é que alguém haveria sequer de pensar nisso?!?
- Desculpa, mas... É óbvio... Ele não tira os olhos de ti... – Bulma respondeu, algo a medo.
- Acabamos por hoje, terráquea. – Disse Kaya, firmemente. – Nunca mais voltes a dizer algo tão ridículo ou sequer a tocar nesse assunto. Para o teu próprio bem. – Ameaçou, ao sair, e Bulma percebeu bem a mensagem.


- Já não falta muito para chegarmos ao planeta Yardrat. – Concluiu Zarbon.
- Mas será que ela estará lá? – Dodoria tinha muitas dúvidas.
- Sobre isso sei tanto quanto tu. Mas tínhamos de começar por algum lado, e a missão do príncipe pode ter-lhe parecido apelativa, e ela ter mentido ao mestre para vir, pois sabia que ele não iria concordar em que a imperatriz se misturasse com aqueles macacos imundos.
- Sim, tens razão. Fizemos bem em vir primeiro para aqui. Será que aquele planeta tem assim tantas reservas de ouro? Se tiver, podemos desviar umas moedas para fazer uma visitinha ao planeta Komodo... – Dodoria sorriu maliciosamente.
- Ahahaha. – Zarbon respondeu com uma gargalhada formada. – Tu és o único de nós os dois que precisa de pagar para ter companhia feminina! Elas praticamente atiram-se para a minha cama! – Zarbon afirmou, recostando-se na cadeira e colocando os braços atrás, na nuca.
- Pffff! Nem todos temos a sorte de ter nascido com a tua aparência. Mas elas só gostam assim porque não conhecem a tua verdadeira e monstruosa imagem! Ahahaha. – Zombou Dodoria.
- Cala-te!! Não te admito que voltes sequer a falar nisso! – Zarbon colocou a sua trança para trás, irritado. O melhor era mudarem de assunto rapidamente...

Amor Proibido - Dragon BallOnde histórias criam vida. Descubra agora