55 || GODRIC'S HOLLOW

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Os quatro haviam perdido a noção dos dias com o passar do tempo, comemorar o aniversário de Hermione no dia 19 de setembro era a última data da qual eles tinham certeza absoluta.

Com um estalo, eles apareceram na estrada coberta de neve de Godric's Hollow, o vento esfregando suavemente os flocos de neve contra a pele expostas de seus rostos.

— Devíamos ter usado a Poção Polissuco — Hermione murmurou, olhando nervosamente para a casa que ladeava a rua.

— Não — respondeu Harry — Foi aqui que eu nasci. Não retornaria como outra pessoa.

Um sino tocou ao longe, ecoando pela aldeia. Uma das portas se abriu à frente deles, revelando um homem acenando alegremente para eles antes de sumir de vista.

— Harry, acho que é véspera de Natal. Escuta — Hermione comentou, os quatro ouvindo o canto suave que ressoava da igreja.

Os olhos de Harry caíram no cemitério ao lado dele.

— Acha que eles estariam ali dentro, Hermione? Mamãe e papai?

— Acho que estariam sim — ela acenou com a cabeça ao lado dele.

Examinando as lápides, os quatro avançaram lentamente por cada corredor do cemitério, ocasionalmente tendo que limpar o mármore para ler um nome.

— Olha, Harry... — a voz de Hermione ecoou baixinho.

As duas garotas sorriram tristemente enquanto Harry olhava para uma lápide, imóvel enquanto elas se moviam ao lado dele. Hermione se agachou, lentamente desenhando um buquê de flores brancas com sua varinha e colocando-o contra o túmulo dos Potter.

— Feliz Natal, Hermione e Aimée — Harry sorriu, Hermione apoiou a cabeça em seu ombro enquanto Cedrico se juntava a eles.

— Feliz Natal, Harry — as duas garotas disseram em uníssono.

— Pessoal, tem alguém olhando a gente. Perto da igreja — ele se abaixou para sussurrar para eles.

— Eu acho que sei quem é.

[...]

Batilda Bagshot, a renomada historiadora, vivia o mais próximo possível da miséria, a escuridão total banhava sua casa mal mobiliada.

Cedrico ajoelhou-se perto da lareira vazia, sem uso pelo que pareceram décadas, enquanto uma espessa camada de poeira se depositava sobre todos os gravetos.

— Incendio!

As chamas ganharam vida, crepitando alegremente enquanto Batilda levava Harry escada acima.

— O que você está fazendo? — Aimée perguntou com as sobrancelhas unidas em confusão.

— Chamada de fogo — sorrindo para ela, ele respondeu.

Ela estava agachada ao lado dele em um instante, pressionando um beijo em sua bochecha.

— Ced, você é brilhante!

Ele murmurou outro feitiço, ambos colocando suas cabeças, um tanto relutantes, no fogo. Agradavelmente surpresos quando sua carne permaneceu intacta, uma pequena cabana se transformou diante de seus olhos.

Alguém estava agitado na cozinha, abafando um bocejo com as costas da mão. Eles se viraram, confusos sobre o por que o fogo de repente explodiu em vida e se curvaram na frente dele.

— Aimée, Cedrico? — um Lupin cansado sorriu — Devo admitir, é bom ver vocês. Suas famílias estão loucas de preocupação.

Lupin de repente gritou para Tonks, sua esposa estava ajoelhada ao lado do fogo com um grande sorriso momentos depois, seu cabelo agora azul água-marinha.

— Como vão as coisas? — Tonks perguntou.

— Rony está sozinho, não temos ideia de onde ele está. Isso foi há cerca de uma semana — Cedrico respondeu, tristemente.

Lupin e Tonks assentiram com a cabeça, enquanto a mão dele pousou na barriga ligeiramente inchada dela.

— Nós temos um nome para o pequeno. Edward.

— Aww, isso parece perfeito! Como está todo o resto? — Aimée murmurou, inclinando-se contra Cedrico.

— Prisões e desaparecimentos se tornaram muito mais comuns — Lupin admitiu — O Ministério está interceptando mais corujas do que nunca, é quase impossível passar notícias pela Ordem.

— Como estão nossas famílias? — Cedrico perguntou, descansando uma mão no joelho de Aimée, a outra brincando com um pequeno anel no bolso.

— Eles estão todos bem. Molly está sentindo falta de vocês dois — Tonks disse a eles — Apenas me diga uma coisa. Vocês estão bem?

Hermione gritou alto, Aimée e Cedrico mergulharam para fora das chamas, o fogo se transformando em brasas instantaneamente. Os três subiram correndo as escadas íngremes, notando primeiro as roupas de Batilda, depois Nagini enrolada firmemente em volta da cintura de Harry.

A cobra ergueu-se quando Harry se levantou, lançando-se para a frente antes que o feitiço de Hermione a empurrasse escada abaixo. Hermione avançou, agarrando a varinha de Harry antes de se juntar aos outros.

O silêncio era palpável enquanto todos se levantavam, Nagini disparou da escada, separando Cedrico dos outros.

— Vão — ele gritou, recuando enquanto a cobra o seguia — Vou ganhar algum tempo para vocês! — Aimée saltou para a frente para agarrá-lo, antes que a mão de Hermione se fechasse em seu pulso.

— Não esqueça que eu te amo — ele sorriu.

Com um estalo, eles sumiram, levando metade da janela com eles. A grama coberta de neve entortou na frente de seus olhos, os três aterrissando com um estalo suave.

[...]

Aimée não havia dito uma palavra desde que eles chegaram à Floresta de Dean, tomando o primeiro turno e encostando-se entorpecidamente contra uma árvore, a cabeça apoiada contra a casca gelada.

Sorrindo tristemente, Hermione se agachou ao lado dela, entregando-lhe uma caneca de chá fumegante.

— Mamãe sempre disse que esse era o jeito de resolver qualquer problema.

— Mamãe dizia o mesmo. Sempre tinha uma xícara pronta — sentindo o calor já se infiltrando em seus dedos enquanto ela aceitava, Aimée riu.

Hermione notou o colar que Aimée estava segurando com força, os pingentes de vassoura e leão dançando na ponta dos dedos.

— Esse foi o colar que Cedrico deu a você, não foi?

— Sim — ela fungou — No meu aniversário de dezesseis anos. Acho que já se passou mais de um ano desde então — ela suspirou, enxugando os olhos com o punho — Eu também ia contar a ele hoje à noite.

— Contar a ele o quê?

— Que eu queria começar uma família com ele — Aimée sorriu levemente.

Hermione a puxou para um abraço, soluços pareciam destruir o corpo de Aimée enquanto ela chorava em seu ombro, enterrando a cabeça na curva do pescoço de Hermione.

— E você vai — Hermione assegurou, enxugando as lágrimas no rosto de Aimée — Porque se alguém pode sobreviver a isso, esse alguém é Cedrico.

𝐀 𝐖𝐄𝐀𝐒𝐋𝐄𝐘 || 𝐜𝐞𝐝𝐫𝐢𝐜𝐨 𝐝𝐢𝐠𝐨𝐫𝐫𝐲Where stories live. Discover now