Capítulo 17

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Caleb Nolasco

Matheus aparece correndo e sem ar. Para na minha frente tentando respirar. O calor estava insuportável hoje. Nosso dia não estava bom. Mas agora que a última caixa tinha saído do transporte eu estava mais tranquilo. Em breve eu iria embora e tudo estaria resolvido.

- Isabella quer falar com você. Vai nos humilhar de novo. Não aguento mais isso. Vamos embora Caleb, o dinheiro não está valendo isso.  – Ele falava recuperando o ar ainda.

- Mas porquê? Tem algo errado? – Pergunto enquanto vou até ela.

- Não sei. Mas ela gritou comigo. – Ele explica desanimado.

Essa foi a pior entrega que eu já tive. A pior obra. Nunca foi tão humilhado quanto foi hoje. Isabella era extremamente grossa. Ela achava que porque tinha dinheiro podia falar da maneira que quisesse. Eu estava cansado disso. Dinheiro nenhum pagaria isso. Não importa se eu teria contratos depois, eu estava cansado. Não estava valendo a pena. Essa seria a última entrega. Vejo Isabela em pé nos esperando. Me aproximo pronto para acabar com tudo.

- Preciso da atenção de todos por favor. – Ela fala e todo mundo forma um currículo em volta da gente.

Desse vez seria pior. A humilhação seria maior e teria uma plateia. Ela estava passando dos limites e eu nem sabia o que estava acontecendo dessa vez. O material foi entregue, estava tudo certo. Não estava faltando nada. O que teria de errado dessa vez?

- O que está acontecendo aqui? – Pergunto irritado.

- Preciso pedir desculpas a vocês. Senhor Nolasco e Matheus. Me desculpem. Eu agi errado. Mas parte dessa culpa é do meu pai. Por não ter me explicado o que estava acontecendo. – Ela fala e se irrita. Mas respira fundo. – Gritei com vocês na frente de todos. Então preciso reconhecer meu erro da mesma forma. Só pela maneira que foi embalado já vejo a diferença do material. – Ela faz uma pausa.

Todos acompanham cada palavra de Isabella atentamente. Eu comecei com raiva mas depois fui me acalmando. Ela estava sendo justa e estava de desculpando pelo erro dela. Isso já é um começo.

- Eu não conhecia vocês e não sabia da proposta errada que meu pai fez para tentar encobrir o erro dele. Novamente eu peço desculpas. Fui arrogante e extremamente injusta com vocês.-  Ela termina e fica me olhando.

Eu sinceramente não sabia o que dizer. Ainda estava um pouco irritado. Ela foi extremamente arrogante. Ela nem perguntava, só saia atirando. Olho para Matheus e ela fica me olhando perdido. Sem saber o que falar. E quando ela ficava assim, sempre falava besteira.

- Foi muito arrogante mesmo. – Ele fala me olhando.

Matheus era a pior pessoa para agir sobre pressão. Ele sempre falava alguma besteira, algumas pessoas acham graça e pensavam que ele fazia isso para descontrair, mas na verdade era apenas desespero. Por isso ele não falava com os clientes.

- Matheus. – Eu o repreendo.

- Fui. E me desculpei. Preciso fazer mais o que ? – Ela rebate.

- Pagar um almoço. Sei lá. – Matheus continua.

- Almoço? – Ela olha sem entender.

- Não é necessário senhorita Bacelar. Aceitamos suas desculpas e que isso não se repita. – Falo e me arrependo com o final.

- Não vai se repetir. Não se preocupe. – Ela fala um pouco irritada e se afasta.

Fico olhando ela sair, pisando levemente mais forte por causa da irritação. Os punhos estavam fechados, se ela pudesse me daria um soco. Acho até graça da cena. Matheus de aproxima rápido e se pessoas começam a se afastar. Alguns homens seguem Isabella.

- Porque disse que não precisava do almoço? Queria comer de graça. – Ele fala chateado.

- Deixa de ser idiota. Almoço? Está maluco. Ela já se desculpou. Está ótimo. – Falo um pouco irritado.

Me afasto e termino de conferir os materiais. Explico aos homens que vão ficar responsáveis como o material precisa ficar armazenado. Alguns homens era da empresa, eles entendiam um pouco do que eu estava falando, mas não conheciam alguns materiais. Já os homens da cidade não entendiam nada e ficavam maravilhados com a “nova tecnologia”. Era óbvio que isso não daria certo. Olho no relógio e percebo que eu já estava a quase uma hora explicando sobre o material e os nativos do tinham absorvido trinta porcento do que eu tinha falado, os outros homens tinham entendido setenta.

Vejo Isabella sair preocupada da tenda com o responsável da obra. Ele fala alguma coisa mas ela não parece gostar. Ela respira fundo, olha para os homens e depois me olha. Respira fundo outra vez e vem andando em minha direção. Ela fica parada na minha frente ainda relutante por alguns segundos.

- Precisa de algo? – Falo e ela me olha irritada.

- Queria não ter que precisar. – Ela fala e fica me olhando. – Preciso que fique mais alguns dias

- Porque? – Não deixo ela terminar.

- Seu material é diferente. Eles não conhecem, não sabem lidar. Estão com medo de danificar o produto. Precisa deixar alguém aqui como responsável. – Ela fica me olhando incomoda.

- Não posso ficar. O Mateus também não. Ele tem família. – Tento argumentar.

- Eu também tenho família e vou ficar até o final da obra. – Ela fala irritada.

- Você tem filhos? O Matheus tem. – Rebato no mesmo tom. 

- Você tem filhos? – Ela me devolve a pergunta.

- Não. – Ela não me deixa terminar.

- Então você vai ficar. Matheus pode ir embora no próximo avião. – Ela fala e sai andando.

- Eu não terminei de falar. Não me de as costas. Você não tem educação??? – Falo explodindo e vou atrás dela.

- Está decidido. – Ela continua andando e eu seguro o braço dela.

- Não está decidido. Não é você que decide. – Ela fica olhando para a minha mão segurando o braço dela. – Me desculpe. – Falo e solto. – Mas não é você que decide.

- Eu pago pela sua permanência. – Ela fala de forma arrogante.

- A questão não é dinheiro. Tudo é dinheiro pra vocês? – Falo irritado.

- É sempre dinheiro. Você levou a culpa de algo porque meu pai te prometeu mais contratos. Dinheiro. É sempre dinheiro. – Ela fala em olhando.

- Eu errei. Reconheço. Mas não pode pagar pela minha permanência. Vou ficar porque eu quero. – Falo irritado.

- Que infantil. Era melhor ter aceitado o dinheiro. Ganharia mais. -  Ela fala e sai andando.

- Infantil?? O que ?? – Tento ir atrás ela mas Jafari me segura.

- Rapaz. Não vale a pena brigar. Mantenha a calma. Fique mais um tempo. Precisam parar de brigar assim. Vão acabar se machucando. – Ele fala de forma tranquila.

- Ela é louca Jafari. Porque está fazendo essa obra aqui? – Pergunto irritado.

- Não sei. Mas ela faz obras assim em vários lugares. A ideia foi dela. No fundo ela é uma boa pessoa. – Ele fala me olhando.
- Só se for bem lá no fundo. – Falo irritado.

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