Capítulo 20

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Capítulo 20

- Imagino que seja muito cansativo. – Falo analisando Isabella.

- Muito. O pior é que preciso me impor o tempo todo. Essa é a parte que mais cansa. Que suga minhas energias. Estou exausta  – Ela fala pensativa e passa a mão na nuca.

- Se impor? – Pergunto analisando.

- Sim... – Ela suspira. – Nem sei porque estou falando isso. Você não veio pra isso... – Ela tenta mudar de assunto.

- Fala. Quero saber. – Insisto curioso.

- Sou mulher Caleb. Isso fala tudo, por si só. Uma mulher na obra. Ouvi durante muito tempo que eu só estava no lugar que estava por causa do meu pai. Ouvia isso enquanto eu virava a noite analisando e criando projetos. Depois de fazer horas de reuniões que poderiam ser muito mais rápidas se eu não tivesse que perder tanto tempo explicando que eu faria as reuniões e não meu pai... – Ela me olha casada. – É  exaustivo ouvir sempre. “ Quando vai pai vai chegar para começar a reunião.” Depois de eu ter começado a minha apresentação a meia hora.

- Eu não pensado nisso. – Falo pensativo e um pouco chateado.

- Sério? O que pensou a primeira vez que me viu? – Ela me olha e da um leve sorriso.

Me lembro do dia em que vi Isabella pela primeira vez. Me lembro de ver Isabella sair do carro de salto alto. Eu tinha certeza de que ela estava perdida. Salto alto em uma obra? Naquele dia ela estava com os cabelos soltos e não preso de qualquer jeito como hoje. Ela estava muito bem vestida. Hoje ela até está arrumada, mas não é como naquele dia. Usava perfume e hoje não. Naquele dia ela me olhou e eu me senti invisível, hoje ela está falando comigo.

- Pensei que você estava perdida... No lugar errado. – Falo pensativo.

- Obrigada pela sinceridade. Todos pensam isso. Não estou querendo me engrandecer. Mas a empresa só funciona porque eu estou lá. Meu pai não sabe administrar nada. A família dele tem dinheiro e ele já faliu várias empresas. – Ela fala chateada.

Eu nunca imaginei estar sentado na casa de Isabella Barcelar e estar conversando sobre a vida dela. A mesma Isabella que gritou comigo. A Isabella que eu sentia tanta raiva, agora estou sentindo algo parecido com pena. Ela é extremamente sobrecarregada por causa da irresponsabilidade do pai. Não estou justificando, mas talvez seja por isso toda a irritação dela. Eu entendo o como é ter que assumir o lugar de alguém que simplesmente não quis assumir, por falta de responsabilidade mesmo.

- Mas o que você queria dizer. Estou te atrapalhando e mudando de assunto. – Ela fala e solta o cabelo.

Eu fico analisando Isabella. Ela era uma mulher bonita. No momento estava completamente exausta, mas mesmo assim estava bonita. Ela da um leve sorriso que eu ainda não tinha visto e eu sinto que até posso conviver com ela de forma pacífica.

- Preciso organizar tudo e voltar para o Brasil. Eu e Matheus. – Falo com receio.

- Entendo... – Ela pensa por alguns segundos. – Tudo bem... Só precisa em ensinar como tudo funciona e deixe seu telefone caso eu precise entrar em contato.

Ela fala de forma calma. E então eu me dou conta de que Isabella Bacelar é justa. Quando ela percebeu o erro dela, pediu desculpas. E agora não está insistindo que eu fique aqui. Eu sorrio e confirmo.

- Então me mostre algumas coisas agora. Vamos começar logo. – Ela fala e se levanta.

- Você está cansada. Podemos começar amanhã. – Falo olhando pra ela.

- Você quer ir embora logo certo? Preciso aprender logo. – Ela fala decidida.

Ela me olha com um leve sorriso exausto e se levanta. Vamos andando até a minha casa e pegamos meu material e notebook. Decidimos voltar para a casa dela porque a minha e muito pequena e eu divido com Matheus, a nossa conversa iria atrapalhar o sono dele.

Chegamos na casa dela. Isabella e começo a arrumar a mesa e em minutos a minha aula já tinha começado. Eu explicava desde o início da criação, como era feito, o que era usado, o que não podia misturar. Isabella ouvia tudo atentamente e anotava.

Ela era extremamente inteligente e não sabia apenas da administração da empresa. Ela se esforçava ao máximo mesmo que eu não estivesse pedindo isso dela, mas acho que era automático. Eu já estava morrendo de sono e me dei conta das horas. Isabella estava com a cabeça deitada sobre o caderno e segurava o lápis em pé, pronta para escrever algo. Os olhos fechados, mas ela brigava para tentar mantê-los abertos.

Olhando ela dessa forma nem dava para sentir raiva dela. Agora eu entendi um pouco da situação que ela vivia. Não era fácil ter que se afirmar todo dia. Eu passei isso no início, mas pra mim era bem mais fácil. Ela estava no mercado a muito mais tempo que eu e ainda passava pro isso. Todo dia era o primeiro dia dela.

Passo a mão no cabelo dela de leve para tentar acorda-la . Ela se mexe e resmunga algo ainda sem soltar o lápis. Me levanto morrendo de sono e tiro o lápis com cuidado da mão dela. Tento acorda-la, e mais uma vez e sem sucesso. Pego a mão dela com cuidado, jogo o braço por cima do meu ombro, seguro a cintura dela e a faço levantar. Ela mal consegue se equilibrar, então eu a pego no colo com cuidado.

Isabella coloca a outra mão no meu peito e seu rosto fica muito próximo ao meu. Sinto meu coração acelerar de nervoso. Fico olhando ela por alguns segundos, então vou andando até o quarto dela. Deito Isabella com cuidado na cama e cubro seu corpo. Ela se vira de lado e abraça o travesseiro como se fosse uma pessoa.

Fico observando a cena por longos minutos. Isabella dormindo não parecia ser tão brava. Não parecia estar tão sobrecarregada e não parecia ser a pessoa que eu achava que era ruim. Acho que eu também devo desculpas a ela.

Saio do quarto e fecho a porta. Vou andando até a porta de entrada e percebo que não sei aonde a chave estava. Começo a procurar e não encontro. Eu já estava exausto, queria apenas dormir. Sei que estamos no vilarejo e que aqui não tem perigo, mas eu não conseguiria deixar ela dormindo aqui com a casa destrancada. Me sento no sofá e acabo dormindo.


Acordo algumas horas mais tarde e vejo o sol forte

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Acordo algumas horas mais tarde e vejo o sol forte. Me levanto e vou até o quarto de Isabella, ela ainda estava dormindo como ontem, abraçada com o travesseiro. Acabo sorrindo vendo a cena. Vou andando até a porta e vejo Bomani passando. Ela fica me olhando por alguns minutos e se aproxima.

- Está saindo essa hora e escondido porque? – Ele pergunta tentando olhar dentro de casa.

- Não estou saindo escondido. – Respondo na defensiva.

- Está sim. Cadê a senhorita Bacelar? – Ele fala querendo entrar.

- Está dormindo. Deixa ela. – Falo segurando a porta atrás de mim.

- Passou a noite aqui? – Ele fica me analisando.

- Não... Sim. Mas não nesse sentido. – Falo nervoso.

- Em qual sentido então? – Ela continua o interrogatório

- Ela dormiu. Eu não sabia aonde estavam as chaves. Fiquei preocupado de deixar ela dormindo exposta assim. Então fiquei no sofá. Mas ela não sabe e não precisa saber. – Falo nervoso.

- Entendi. Pode ir então. Estou esperando uma pessoa. Fico de olho até ele chegar. – Bomani fala decidido.

Eu agradeço, me afasto e vou andando para casa. As coisas finalmente estavam melhorando. Isabella estava aprendendo tudo. Em alguns dias eu poderia voltar para casa. Eu precisava voltar. Catarina ficava me ligando, mandando mensagem e fazendo drama dizendo que eu tinha abandonado ela e os meninos. Eu estava com saudades da minha casa. Estava na hora de voltar.

Destinada ao Amor Where stories live. Discover now