Capítulo 27

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Isabella Bacelar

As horas passavam e ninguém aparecia. O lugar era extremamente quente e abafado. Tinham muito mais pessoas que deveriam ter no local. As crianças estavam chorando e as mulheres tentando acalma – las.

Já estava chegando o fim da tarde, a gente já deveria estar presas a mais de três horas. Eu já estava começando a sentir fome e muita sede pro causa do calor. Todos deveriam estar na mesma situação e ninguém apareceu. Ninguém falou nada e eu não sabia o que estava acontecendo.
Não lembro quanto valia um Rand.  Caleb não teria esse dinheiro, cem mil e setecentos Rand eram muita coisa. Eu estava presa e incapaz. Eu que sempre resolvi tudo estava sendo forçada a sentar e esperar e isso estava me matando.


 Algumas horas se passam até que um homem aparece na porta da nossa sela

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Algumas horas se passam até que um homem aparece na porta da nossa sela. Ele faz um sinal para eu me levantar e abre a porta. Eu fico parada olhando para ele. Não queria ir, não queria morrer. Ele respira fundo irritado, entra na sela e me arrasta para fora. As mulheres voltam a gritar por causa da atitude rude dele.

- Não me mata por favor. Eu tenho dinheiro. Quanto vale 1 Rand. Eu posso pagar. – Falo desesperada.

Eu falo desesperada e imploro que não me mate, mas ele me ignora, o homem continua de maneira robótica. Eu tento segurar em tudo que vejo e ele continua me puxando com força até que se irrita. Ele segura com mais força e me leva pra uma sala, parece que meu braço iria explodir.

Quando ele abre a porta eu vejo o líder parado me olhando, ele faz um sinal para eu sentar na cadeira, mas eu nego com a cabeça. Ele respira fundo, faz um sinal para os homens e eles me fazem sentar. Eles ficam segurando meus ombros com força me impedindo de levar. O líder se aproxima como um leão se aproxima de uma presa.

Eu estava em pânico outra vez. Os homens estavam armados. Tinham dois homens segurando meus ombros e uma arma apontada para mim. Meu coração estava acelerado, eu sentia dor no corpo todo.

- E você que vai pagar a dívida? – O líder fala enquanto coloca uma cadeira na minha frente.

- Sim. Qual o valor em reais. – Pergunto nervosa.

- Noventa mil reais. – Ele responde me olhando.

- Tudo bem. Só preciso de algumas horas. – Argumento.

- Pra você fugir? Esse não é o seu povo. Porque vai pagar a conta deles? – Ele pergunta curioso.

Eu não sei. Mas eu me sentia em casa aqui. Me sentia bem. O calor era insuportável, mas eu me sentia bem. Não sentia que esse não era o meu povo. E mesmo assim, tinham mulheres e crianças aqui. Eu não poderia ir embora e deixar todos morrerem.

Eu não tinha esse dinheiro na minha conta pessoal. Gastei mais do que o meu orçamento nesse projeto. Acabei de colocar uma boa parte do dinheiro que tu tinha nesse projeto. Eu teria que tirar uma parte do dinheiro do cofre da empresa. Não poderia contar com meu pai pro que todo o dinheiro, o que ele recebe ele gasta. Marina é mais econômica, mas eu sei que ela tem esse dinheiro para alguma emergência. E não tenho intimidade de pedir isso a ela.

Eu teria que convencer os sócios a liberar esse dinheiro. Eu e meu pai tínhamos sessenta porcento da empresa. Trinta para cada um. Os outro quarenta por cento eram divididos entre um amigo dele que era um homem muito bom, sem dúvidas ajudaria. O irmão do meu pai que era também uma pessoa bondosa. A irmã do meu pai, ela é advogada e iria se comover com as crianças e mulheres já que ela se envolve e defende mulheres que sofrem violência.

- Não vou fugir. Eu vou te pagar. Só preciso de algumas horas. Não vou sair do vilarejo. Pode deixar alguém me vigiando. – Falo nervosa.

- Não me diz com trabalhar. – Ele fala e tira uma faca da cintura. – Vou te dizer como vai funcionar tudo bem? Vou te dar o tempo que você precisar, é muito dinheiro. Eu entendo. Só que a cada duas hora uma pessoa morre e eu adiciono dez mil a dívida. Eu impedi que o vilarejo fosse invadido por um grupo fortemente armado. Perdi muitas armas, carros e soldados. Jafari já estava me devendo. Eu poderia ter ignorado o pedido de ajuda. Mas não fiz. Então ele me deve e muito, entendeu princesa? – Ele fala com um sorriso maníaco.

O homem termina de falar, olho para os homens atrás de mim e faz um sinal. Eles me seguram com mais força e em um movimento rápido ele enfia a faca na minha perna direita. Eu grito de dor e seguro a mão dele mas sem força. Ele fica me olhando sorrindo.

- Vai mandar um recado para o Jafari. O que eu acabei de te falar ? Duas horas.... – Ele me olha para eu continuar mas eu não consigo. Ele enfia a faca um pouco mais e eu grito de novo. – Vamos princesa... A cada duas horas uma pessoa morre.... – Ele fica me olhando sorrindo.

- Uma pessoa.... Morre .... Aumenta.... Aumenta.... Dez mil... Da dívida....  A cada duas  horas..... – Repito com dificuldade.

- Ótimo. Você vai passar o recado direitinho. Bem, você vai embora mas a faca vai ficar. É a minha faca da sorte. Já mandei muitos recados com ela e recebi meu dinheiro de volta. Não vamos quebrar a tradição.  – Ele fala parecendo um maníaco.

- Por favor.... não. – Imploro segurando a mão dele.

Ele puxa a faca de uma vez só e eu grito de novo. Vejo o sangue saindo. Um homem entrega um pano a ele. O líder coloca o pano em cima do ferimento, amarra com força e coloca minhas mãos em cima. Os homens me fazem levantar e eu sinto fraqueza, não consigo ficar em pé.

- Segura o ferimento. Não deixa vazar muito sangue. Você não pode desmaiar. – Ele fala enquanto confere o pano na minha perna. – Não quero que você morra. Você que tem o dinheiro para me pagar. Preciso do meu dinheiro. – Ele fala rindo.

Assim que ele termina de analisar o pano. Os homens me arrastam pelos ombros até a saída do local, antes de chegar a porta passamos pela sela. As mulheres ficam me olhando horrorizadas. Eu vejo o sol já fraco. Eles me jogam na mala do carro e batem a porta, eu sinto dor no corpo todo.

Eles vão dirigindo correndo como da última vez. Eu bato com o corpo em todos os lugares da mala. Eles freiam e eu bato a cabeça. Escuto passos até que a mala abre. O homem me faz levantar e me joga no chão em frente a tenda. Segundos depois escuto a voz de Caleb. Ele se ajoelha ao meu lado, levanta minha cabeça e me olha com o rosto de quem chorou por um bom tempo.

- Isabella.... Fala comigo... Preciso de um médico.- Ele fala com alguém.

- Preciso de um telefone.... Me leva.... para a tenda.... Rápido. – Falo com dificuldade.

- Tem que se cuidar. – Ele fala me pegando no colo.

- Preciso do telefone.... Elas vão morrer. – Falo muito fraca.

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