Capítulo 29

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Isabella Bacelar

Eu estava exausta, morrendo de dor, suja. No meu limite, tinha passado dele para falar a verdade.  Eu só queria jogar tudo para o alto. Mas são mulheres e crianças. Eu fiz de tudo para ter um bebê e nunca consegui. Fiz tratamentos, gastei todo o meu dinheiro e mesmo assim não consegui. Não fui digna, não fui boa o suficiente. Então não suporto ver maldade com crianças, mulheres grávidas ou com crianças. Esse é o meu ponto fraco, meu tendão de Aquiles. Escuto o líder fala e nem deixo Jafari responder.

- Sou eu, Isabella. Não faça nada. Me de só um minuto. Por favor. – Falo enquanto dígito a última senha.

- Novamente me dizendo como trabalhar. Não deu muito certo da última vez, você ainda tem sangue no corpo? – Ele da uma risada sarcástica - Você já está atrasada um minuto. – Ele fala em um tom sádico.

- Olha a sua conta. Vinte mil Rand a mais. Dez pelo atraso e mais dez para salvar uma vida. – Falo nervosa e fico esperando a resposta dele.

O líder demora alguns minutos ponderando o que eu tinha acabado de falar, checando a conta dele ou apenas fazendo um suspense. Depois de longos minutos ele da uma leve gargalhada.

- Gostei de negociar com você senhorita Barcelar. Quero sinceridade. Porque salvar um povo que não é seu. Sei que esse dinheiro não é muito pra você. Mas mesmo assim é dinheiro. – Ele fica aguardando minha resposta.

O líder era insano, mas ele gostava de sinceridade. Não adianta inventar uma história, o que eu poderia falar? Nem eu sei porque estou fazendo isso.

- Eu fiz de tudo para engravidar. Todos os tratamentos do mundo e nunca consegui. Esse é o meu tendão de Aquiles. Não posso ver mães e crianças sofrendo. – Falo de forma sincera.

- Você é uma boa pessoa Isabella. Vamos devolver a carga em um hora.  Até a próxima. – Ele fala e desliga o telefone.

Respiro fundo e encosto a testa na mesa novamente. Tento relaxar mas era impossível. Eu precisava saber que todo mundo estava bem. Depois de quarenta minutos os homens pararam os caminhões na entrada tá tenda. As mulheres e crianças desceram rápido e foram logo abraçar seus maridos e pais.

Caleb parou ao meu lado, passou a mão na minha cintura e eu me apoiei nele. Andamos em silêncio e lentamente até a enfermaria. Assim que entramos uma mulher veio rapidamente me socorrer. Caleb me ajudou a sentar na maca e a mulher começou a cortar a minha calça. Eu deitei porque estava me sentindo fraca. Caleb segurou a minha mão e minha audição começou a ficar estranha. Ele falava e eu não entendia nada. Ele ficou um pouco nervoso falava comigo e com a médica que me atendia. Mas tudo ficou escuro.


Acordo com muita dor no corpo

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Acordo com muita dor no corpo. Caleb estava sentado dormindo em uma cadeira ao meu lado com a cabeça apoiada na cama e segurando a minha mão. Olho em volta e lembro de chegar na enfermaria e do quanto Caleb ficou nervoso. Tento me sentar na cama mas ele acorda.

- Oi... Precisa ficar deitada.- Ele fala de maneira carinhosa.

- O acordo? Está tudo bem? Ficou tudo bem? – Falo voltando a deitar.

- Sim. Todos estão seguros em casa. – Ele fala em olhando.

- Desculpe pela maneira que falei... Sobre o dinheiro. Eu só não queria te envolver nisso. – Falo e ela acaricia minha mão com o polegar.

- Eu fiquei puto na hora. Mas depois entendi. – Ele da um leve sorriso. – Mas não tinha que passar por isso sozinha. Olha o quanto está machucada, perdeu sangue. Eu podia ter ajudado.

- Já tinha muita gente se machucando. – Falo e vejo o relógio. – Seu vôo... Você tinha que ter viajado. – Falo rápido.

- Relaxa. Vou ficar mais uns dias. – Ele fala sorrindo.

- E sua família? Namorada? Esposa ? Eu não sei. – Falo tentando descobrir algo.

- Não tenho ninguém. Só minha mãe e uma irmã insuportável com dois filhos chatos como ela. – Ele fala rindo.

- Achei que tinha alguém... – Falo pensativa.

A família que ele queria ver era a mãe e a irmã. Ele não é casado, não tem ninguém. Não sei porque estou pensando nisso. Mas... Bem .. ele decidiu ficar. Acho que é algo bom. Mas também não sei porque isso importa.

- Não. Faz alguma diferença pra você? – Ele fica  me analisando.

- Não. Porque faria? – Pergunto nervosa.

Antes de responder uma enfermeira entra. Ela pede licença de forma educada e começa a olha meus curativos. Logo depois a médica entra e me passa algumas informações sobre como cuidar, eu escuto atentamente. Mas estava exausta, queria tomar um banho e dormir.

O local era como um hospital improvisado. Não tinham muitos materiais, mas o atendimento era ótimo. Elas usavam algumas plantas no lugar da medicação. Não era tão ruim quanto falavam.

- Vou te dar alta. Não posso fazer mais nada pro você aqui. Mas fique de responso pelos próximos dias e uma enfermeira vai te visitar para acompanhar esse ferimento. – A médica fala com o sotaque carregado.

Ela sai do quarto e uma enfermeira começa a me preparar para a alta. Ela tira o acesso, arruma meus curativos. Caleb me ajuda a levantar da cama e eu faço com muita dificuldade. Ainda sentia dor no corpo. Ele segura na minha cintura e vamos andando lentamente até a saída.

Na porta vejo Jafari, Zuri e Ayo nos esperando. Parado ao lado deles tinha um carinho, o mesmo que eu andei no meu primeiro dia. Eu me sento no carrinho na parte de trás com Caleb e na frente vão os três. Caleb faz um sinal para eu tirar os pés do pedal e eu faço.

- Fiquei tão preocupada Isabella. Não faça mais isso. Nunca mais. – Zuri falava me olhando.

- Isabella tenho uma dúvida eterna com você. E vou te pegar esse valor. Eu prometo.  – Jafari fala um pouco constrangido enquanto olha pra trás para no olhar.

Quando Jafari fala que esta em  “ Dúvida eterna” eu tenho um dejavu. Uma imagem de forma na minha cabeça, eu falando para Jafari aqui mesmo na África que eu estava em uma dívida eterna com ele. Mas é estranho porque essa é a minha primeira vez na África. Eu não conhecia Jafari. Mas na imagem era como se eu conhecesse.

- Sua dívida está paga. – Falo sem pensar. – Não existe dívida. Esquece isso. – Falo de maneira consciente.

- É muito dinheiro Isabella. Vou te devolver. Pode te fazer falta... É o certo. – Ele fala ainda me olhando.

- Esquece isso. – Falo e Ayo me olha por cima do ombro.

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