Capítulo 42

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Isabella Bacelar

- Querido vem almoçar. Os meninos chegaram. – Uma mulher fala de forma carinhosa.

Eu não sei porque mas isso estava me chateado. Primeiro quando eu sai do hospital ele estava dizendo que estava com saudades de alguém no telefone, depois da ligação estranha no carro, seco, como se não pudesse falar e ela disse que não podia por causa da mãe e irmã.  E agora isso. Eu não queria me sentir assim. Mas estava sentindo. Não seria a primeira vez. Olho a tela do telefone e ele me liga mais duas vezes mas eu não atendo. Deixo o telefone em cima da mesa e volto a acompanhar a obra.

“Observe os sinais.” Escutei isso de Marina em um dos meus relacionamentos fracassados. Quantas vezes isso aconteceu? Algumas vezes. Poucas, mas muito mais do que eu queria. Antes de Levy apareceram alguns. Eles eram ótimos no inicio, como Levy, e depois confirmavam tudo o que Marina me falava antes de começar. Depois de Levy eu fiquei com medo. Me dediquei ao trabalho e fugi de qualquer relacionamento. Até Caleb.

Volto para casa pensativa. Estar com Caleb era andar na corda bamba. Eu queria estar com ele e ao mesmo tempo precisava me afastar. Era um sentimento bom e ruim ao mesmo tempo. Eu queria me livrar disso. Não sei se isso era a minha intuição. Chego em casa. Sento no sofá, penso algumas vezes e ligo para Marina. Ela atende no terceiro toque.

- Oi Isabella... Tudo bem? – Marina pergunta analisando.

Era raro eu ligar pra ela. Nossos encontros eram apenas em momentos extremos. Quando meu pai quase falia a mais uma empresa. Ou quando ele comprava algo extremamente desnecessário, como na vez que ele apareceu com uma enorme árvore de natal de verdade ou quando ela comprou um bote enorme inflável, os dois itens não cabiam na nossa casa e a gente não usaria de jeito nenhum. Nunca montamos uma árvore de natal, sempre fazemos um ensaio de família e comemoramos a data na casa de algum familiar.

- Isabella ? – Ela fala preocupada. – O que aconteceu ?

- Eu...Eu só queria saber se estava tudo bem. Se meu pai está bem... – Falo desconfortável.

- Ele está bem. Estamos bem. Ontem ele chegou em casa com um filhote de Pitbull. Disse que ia te dar de presente porque você falou uma vez que queria ter um. – Ela fala cansada.

- Eu tinha 9 anos. Ele se lembra disso, mas não lembra que eu moro em um apartamento? – Pergunto rindo.

- Eu lembrei isso a ele. De início não fez sentindo. Depois que eu expliquei que não tinha como ter um cachorro em um apartamento porque era pequeno. Ele disse que seu apartamento era grande. E que poderia ser um motivo pra você se mudar pra cá. – Ela termina e ri.

- Meu pai precisa ser estudado. Ele não é normal. Quando eu voltar vou resolver isso. – Falo pensativa.

- Mas fala o que você realmente queria falar. – Ela e seus poderes mágicos.

- Eu não sei.... Mas... Sei lá... Acho que estou gostando de alguém... E... É tão confuso.... Complicado.... – Me deito na cama.

- Eu conheço ele? – Ele começa a analisar.

- Não... Mas meu pai conhece... Por isso ele não pode saber.. – Falo rápido.

- É o homem da vídeo chamada? O que entrega materiais? – Ela fala e eu gelo.

- Verdade... É ele. – Falo envergonhada.

- Eu disse naquele dia para o seu pai que vocês combinavam. A energia de vocês combinavam. – Ele fala animada.

- Sério? – Fico aliviada. – É  que tem uma Xamã que está falando coisas confusas. Que não podemos ficar juntos. E eu sei lá... Parece errado. – Falo nervosa.

- Antes dela falar as coisas você tinha alguma dúvida? – Ela continua a análise.

- Não. – Respondo pensativa. - Mas existe um sentimento ruim...

- Antes dela falar as coisas esses sentimento existia? – Ela continua.

- Não. Estava estranho. Mas depois do... Do beijo tudo ficou normal. – Falo envergonhada.

- Então siga seu coração e esquece ela. Você merece ser feliz Isabella. Já pensou que pode estar se sabotando? Com medo de ser feliz?– Ela fala animada.

- Também acho. Me sinto mais tranquila agora. Obrigada Marina. – Falo aliviada.

- Sai com ele. E assim que puder me apresente. – Ela fala como uma mãe.

- Pode deixar. Ele voltou para o Brasil... Mas daqui a pouco eu estarei de volta.

- Assim que voltar procure ele. Acho realmente que vocês combinam. – Ela fala animada.

Conversamos por mais alguns minutos sobre as coisas estranhas que aconteciam nas ligações, mas Mariana sente que ele não tem outra família ou que ele não é uma pessoa ruim. O que me deixou um pouco mais tranquila, ela sempre acertava. Depois desse assunto ela estava me contando sobre a última viagem. E o quanto ela estava cansada de sair sozinha com meu pai. Que ela estava pensando em contratar uma babá pra ele. Era engraçado e triste ao mesmo tempo. Meu pai era uma pessoa boa, mas ao mesmo tempo uma eterna criança. Era um homem extremamente bondoso, ajudava todo mundo e com isso se prejudicava. Não guardava mágoa de ninguém até porque não tinha memória pra isso. Gostava das coisas mais exóticas e loucas eu na infância me divertia com isso. Mas depois se tornou demais. Eu cresci.
Marina estava ficando cansada. Ela queria o que eu queria e talvez o que muitas mulheres queiram. Um homem para cuidar e não alguém para ser cuidado. Marina era extremamente forte mas isso era cansativo as  e eu entendia ela. Finalizei o telefonema marcando uma viagem para nossa duas.
Seria logo depois que eu voltasse. Eu precisava dessas férias e ela também. Maragogi a gente amava esse lugar e meu pai estava proibido de entrar no nosso restaurante preferido então a gente não voltava lá a um tempo. Seria o momento perfeito.

Me deito na cama e penso em Caleb. Penso em ligar pra ele. Não queria me desculpar por ter desligado o telefone. Não acho que eu estava totalmente errada por isso. Mas queria falar com ele. Respiro fundo e faço a ligação. Fico nervosa, o que eu iria falar? E se ele estivesse chateado? Desligo no primeiro toque porque entro em Pânico. Respiro fundo e ele liga. Fico pensando em com atenderia, o que iria falar. Respiro mais uma vez e atendo.

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