Capítulo 18

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Isabella Bacelar

Finalmente começamos as obras. Os nativos ficavam admirando cada tecnologia que a gente apresentava. Os mais antigos ainda não acreditavam que a gente conseguiria tirar água da terra seca, como eles chamavam. Ficamos estudando durante algum tempo com vários profissionais para conseguir executar esse processo. Não seria nada fácil e seria um grande risco. Tinha uma pequena chance de furar o solo e não conseguir nada. Mas decidimos pensar positivo.

A primeira semana já estava quase acabando. Eu passava horas na tenda com o chefe da obra acompanhando o que estava acontecendo, cada  parte do processo. Na parte da noite Zuri me levava para conhecer partes da vila e me ensinar novos costumes. Eu achei que seria mais difícil, mas eu estava aprendendo algumas palavras de um dialeto antigo. Estava conhecendo a cultura, danças e comidas.
Eu estava começando a me encantar por Faso. Estava me sentindo em casa, o que me causava estranheza. Os dias eram extremamente quentes, mas a noite refrescava um pouco. O céu era coberto de estrelas. E todo tipo de animal aparecia a qualquer momento para nós fazer uma visita, e em alguns momentos isso era extremamente assustador.

No segundo dia de obra, enquanto eu andava para ver os homens trabalhando, uma cobra apareceu. Eu saí correndo desesperada e quando percebi estava agarrada em Bomani. Quando um dos nativos pegou a cobra como se fosse de estimação e começou a rir, eu me dei conta do que tinha acabado de fazer. Bomani estava imóvel apenas me olhando assustado com os olhos bem arregalados. Eu o assustava mais do que a cobra. Todos ficaram rindo por minutos, depois eu acabei rindo da situação.

A noite Zuri me contou que Bomani ficou assustado. Eles não tinham o costume de ficar tão perto de mulheres que eles não tinham intimidade. Zuri disse que os homens da obra ficaram rindo de Bomani e ele ficou nervoso. Provavelmente é por isso que ele está me evitando a alguns dias. Ele me olha como se eu fosse uma louca. Depois entendi que cobras são bichos normais aqui, como os cachorros e gatos no Brasil e que para eles a minha reação foi extremamente exagerada.

No quinto dia eu estava morrendo de calor. Coloquei uma regata. No final do dia estava com a marca exata dela no meu corpo. Desse vez eu virei motivo de piada. Zuri me levou a uma médica da vila para cuidar da minha pele que estava tão queimada que exalava calor.

- Você precisa se cuidar. É branca demais. Sua pele vai acabar descolando do corpo. – Zuri brigava comigo.

Ela era como minha irmã. As vezes irmã mais velha, as vezes irmã mais nova. Nós conhecemos a semanas. Falei poucas vezes por vídeo. Mas criamos uma conexão muito forte. Eu gostava muito de Zuri e ela de mim.

Depois de andar um pouco chegamos a uma casa muito bonita e enfeitada. Assim que entramos eu vejo a xamã Ayo sentada em uma mesa e então me dou conta de que é o templo dela. Eu pensei em voltar na hora, mas antes que eu pudesse virar meu corpo Zuri me empurrou para dentro da casa. Ayo me olhou dos pés a cabeça e analisou por alguns segundos.

- Nunca imaginei te ver aqui. Você não parece ser o tipo de pessoa que acredita em espiritualidade. – A xamã fala com desdém

- Não acredito mesmo. Vamos embora Zuri. – Falo e ela continua me empurrando.

- Ela precisa ver o futuro. Saber o que tem de bom para ela. – Zuri fala animada.

- Ela é comi um livro em branco. Não consigo ver nada. – Ayo me olha séria.

Zuri para e fica olhando para a xamã com uma expressão estranha. Elas se olham por alguns segundos e então começam a falar no dialeto antigo. Eu consigo entender algumas poucas palavras sem conexão : Vazia, fechada..

- O que está acontecendo? Falem no idioma que eu entenda. – Falo curiosa.

- Não é nada. - Zuri fala nervosa.

- Você é um copo vazio. Não consigo ver seu passado ou futuro. Nada. – Ayo fala me analisando.

- Porque? – Pergunto  fingindo curiosidade.

- Eu não sei. Nunca vi algo assim. Percebi isso desde que você chegou aqui. Não vejo nada em você. E como um fantasma. Não sei quem você é, se é uma pessoa boa ou ruim. – Ela continua falando e vem se aproximando. – Mas provavelmente não é bom.

- Sou definitivamente uma pessoa boa. – Falo me mantendo firme e ela chega perto.

- Não pareceu ser com o Caleb e o Matheus. – Ela fala e encosta uma pedra na minha testa. – Seu canal é totalmente fechado. Eu nunca vi isso.

- Que canal? – Pergunto olhando para a pedra.

- O canal que liga a sua alma ao plano espiritual. – Ela continua e coloca um objeto entranho em cima da minha cabeça.

- Porque está fechado? – Pergunto dessa vez curiosa.

- Está curiosa? – Ela né olha seria. – Não sei... Provavelmente algum sentimento negativo muito forte. – Ela fala com desdém e se afasta.

- Que sentimento? – Pergunto e vou na direção dela.

- Culpa provavelmente. Se sente culpada de algo? – Ela fica me analisando.

- Culpa? Claro que não. Porque eu sentiria ? – Falo nervosa.

- Eu não sei. É uma questão sua. – Ela fala e se senta a mesa.

- Isso é sério? – Falo olhando para Zuri.
- Sim. Nunca tivemos alguém com o canal fechado. – Ela fala e fica me observando. – Você deve estar se protegendo de algo.

Dou mais uma olhada em Ayo ela era uma mulher extremamente misteriosa. Eu tentava não acreditar nela. Mas algo lá no fundo me dizia que ela tinha razão. Passo pela porta e saio da casa. Vou andando para a minha casa.


No sexto dia Caleb resolveu decretar paz

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No sexto dia Caleb resolveu decretar paz. Ele parava de me evitar ou ignorar nós lugares. Em um momento da tarde me pediu que o acompanhasse na obra para explicar sobre um tipo de material que seria usado e como deveria ser preparado.

Tenho que assumir que ele, diferente de outros que meu pai já contratou, ele realmente entende do processo, ele literalmente sabe o que está fazendo. E o material tem qualidade.

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