Capítulo 25

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Caleb Nolasco

Isabella vem andando na minha direção sem me olhar outra vez. É uma merda me sentir invisível assim. Ela passa por mim como se eu não fosse nada. Jafari fica me olhando ainda nervoso. E vou andando atrás dela.

- Vou embora hoje. Vai me tratar assim? – Falo irritado.

- Quer tratamento especial porque vai embora? – Ela responde de forma irônica.

- Sério Isabella? Está assim porque eu vou embora?  O combinado era trazer o material, supervisionar a chegada e ir embora. Fiquei esses dias a mais. Semanas... O combinado não era ficar. Não quebrei nenhum acordo. – Falo irritado.

- Vai embora. Quem está te prendendo aqui Caleb? Você ficou porque quis. – Ela fala mais alto que eu.

Nesse momento vejo uma pequena multidão curiosa se formando. Jafari que estava na tenda sai e fica nos observando. No meio da multidão vejo Ayo e escuto a frase dela na minha cabeça. “ Alguém precisa ceder “. Olho para Isabella. Ela me olhava ainda irritada. Esperando uma resposta.

- Ninguém. Vou embora hoje a noite. – Falo e me afasto.

Passo pela multidão curiosa e vejo os olhos divididos entre me acompanhar e ver a reação de Isabella. Volto para a obra e fico olhando os últimos detalhes. Passo o meu telefone para o chefe da obra e me deixo a disposição.

- É uma pena você ir embora brigado assim. Mas no Brasil vocês se ajeitam. – Ele fala silvando meu número no celular.

- Como assim? Não tem nada pra ajeitar. – Falo sem entender.

- Vão terminar então? – Ele pergunta curioso.

- Terminar o que? Nada começou. – Falo assustado.

- Todo mundo sabe que estava rolando algo entre vocês. – Ele fala e olha pra um homem..

- Viram vocês se beijando. – O cara responde

- Beijando? Voltem a trabalhar. – Falo e me afasto.

Eu beijando Isabella? Quem viu isso? E quando isso aconteceu? Nunca aconteceu. É a Isabella. Senhorita Bacelar. Filha do meu chefe e ela é minha chefe também. Isabella insuportável que me humilhou na frente de todo mundo. Que foi extremamente grossa no telefone sem nem me conhecer. Um mulher desagradável. Isabella Bacelar... A mulher que naquele noite mostrou o quanto se cobra. Que precisa ser perfeita. Será que ela me queria aqui para ter um homem ao lado dela? Alguém para dividir as coisas e não ficar tão sobrecarregada? Mas ela já tem o respeito de todos aqui. Ela não precisa disso.

Chego na praça no centro da vila. Vejo uma loja de lembrancinhas. Me lembro que precisava comprar algo para minha mãe, Catarina e os meninos. Entro lá loja e vejo um porta retrato com uma casa deles desenhada ao por do sol. A arquitetura deles era algo singular, a marca registrada, compro dois. Compro para os meninos blusas com a mesma foto, canecas com a mesma imagem e o nome o vilarejo e por fim vejo um chaveiro. Era uma casa parecida com a casa de Isabella no por do sol. Coloco junto com as minhas coisas e pago. Saio da loja e vou para a minha casa.
Coloco os presentes na minha mala e recebo outra ligação da minha mãe.

Ela não queria demostrar. Mas estava animada com a minha volta. Disse que Catarina estava organizando o cardápio do almoço de amanhã. Eu tentei cancelar o evento. Não estava com vontade de aparecer mas minha mãe não aceitou.
Desligo a ligação e sento na minha cama. Fico pensando não brigas com Isabella. Ela estava agindo como uma maluca. Eu não tinha combinado de ficar e ela não precisava de mim. Mas estava agindo dessa forma. Penso em voltar e tentar conversar com ela. Mas era perda de tempo e só iria gerar mais histórias para o nosso relacionamento que não existe.

Me assusto com algumas pessoas gritando. Me levanto rápido e vou para a porta. Abro a porta e vejo mulheres e crianças correndo no sentido contrário da obra, logo depois escuto tiros. Olho em volta e não vejo Matheus. Nessas horas que era bom ter ele por perto. Matheus sempre sabia o que estava acontecendo. Vou andando na direção da obra anestesiado, sem acreditar no que pode estar acontecendo e vejo o desespero das pessoas. Algumas passam por mim falando algo rápido no idioma que só eles entendem.

Continuo andando e sinto o desespero das pessoas. Vou me aproximando da obra e vejo as última pessoas correndo desesperadas. Algumas estavam machucadas. Na obra vejo alguns carros que foram modificados. Vários homens armados com o rosto escondido, com roupas com um símbolo de armas e uma palavra escrita, Makori. Sinto meu coração gelar quando vejo a palavra, mas nunca tinha visto antes.

Os homens estavam vigiando a tenda. Ninguém podia entrar ou sair. Escuto alguém me chamar e vejo Matheus escondido atrás de um muro. Ele faz um sinal para eu me aproximar, eu pergunto sem emitir som por Isabella e ele aponta para a tenda. Um homem armado me vê e fala algo. Eu levanto as mãos e fico parado.

- Não entendo o que você fala. Sou brasileiro. Trabalho na obra. – Falo e ele olha para o homem ao lado dele.

Os dois trocam duas frases e o primeiro se aproxima. Ele vem andando apontando a arma pra mim, faz um sinal para eu seguir ele e assim eu faço. Ele me leva para dentro da tenda. Assim que eu entro vejo Jafari desesperado e machucado, Isabella um pouco nervosa com um homem segurando ela pelo braço. Ela me olha e se assusta com a minha presença.

- Porque ele está aqui? Ele não serve pra nada. Quem tem o dinheiro sou eu. Ele é um pião como os outros. – Ela fala com o um homem que parecia ser o líder.

O homem que estava me trazendo fala algo no dialeto deles. Eles se comunicam com o chefe por alguns minutos até que eles abaixam as armas. O homem coloca a mão nas minhas costas e faz um sinal para eu sair da tenda. Eu paro e forço o meu corpo pra ele não me empurrar.

- Eu tenho dinheiro também. Não é só ela é dona de empresa eu também sou. Não tinha dinheiro como ela. Mas eu tenho. – Falo irritado e os homens ficam me olhando.

- Eles não estão falando de cinquenta mil em uma conta. Eles querem milhões. Você não tem esse dinheiro. – Isabella  fala de forma soberba como eu nunca tinha visto.

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