Capítulo 59

19 3 0
                                    

Caleb Nolasco

Olho meu telefone. Isabella já estava no hotel. Mas ela não tinha mandado mensagem. Raul tinha me mandado uma mensagem a alguns minutos pra avisar que elas já estavam no hotel. Marina tinha avisado a ele. Vejo Isabella online mas nenhuma mensagem chega.

Acho que eu deveria mandar alguma coisa. Mas não quero piorar as coisas. Não quero estragar tudo como eu sempre faço. Eu nunca me importava porque sabia que não era pra ser e logo depois iria aparecer outra. Mas com Isabella era diferente. Eu queria estar com ela. Não queria outra depois dela.

Eu sei que tudo aconteceu muito rápido. Mas sempre foi diferente. Desde que eu vi Isabella a primeira vez no estacionamento alguma coisa aconteceu. Eu sentia que queria conhecer ela. Depois na obra, mesmo quando ela me irritava eu sentia vontade de estar perto. E depois de beijar ela a primeira vez eu tive a sensação de que não podia perder ela.

É um sentimento muito estranho. Mas não posso perder Isabella. Quando ela foi levada pelo cartel eu senti como se estivem matando um pedaço meu. Quando vi Isabella no chão em frente a tenda eu entrei em desespero. Eu não sei o que é isso. Mas eu amo Isabella. Que merda. Eu amo. E estava sendo babaca.

Eu não tive muita coisa na vida. Batalhei muito para chegar aonde estou hoje. Para ter o dinheiro que eu tenho, que comparado a Isabella não é nada. Eu me sentia impotente perto dela. Depois que o cartel devolveu ela em troca de dinheiro eu não pude fazer nada. E mesmo ela falando para parecer durona, eu realmente não podia fazer nada. Ela se salvou e salvou a todos e eu fiquei apenas olhando.

Isabella era assim. Ela era forte, decidida. Ela não precisava de mim para nada. E isso me assustava. Eu cresci cuidando da minha mãe e da minha irmã. Sou o porto seguro delas, o provedor. Com Isabella eu seria o que? Ela não precisa de mim pra nada. Ela é autossuficiente.

Além disso tudo olha a casa dela. Eu não sei se algum dia vou poder dar esse conforto a ela. Olha o meu apartamento. Dois quartos, simples. Olha a casa dela. Eu me pedia lá dentro. Me senti um nada no meio de tanta coisa. Raul me perguntava de marcas que eu não conhecia. Marina falava de viagens que eu nunca imaginei fazer. França, Itália, Espanha. Isabella queria conhecer a Rússia. Eu nunca nem sai do Brasil a passeio. As poucas viagens que eu fiz foi a trabalho e dentro do Brasil. E pouquíssimas, nem dá pra contar.

Sei que é muita babaquice minha. Mas eu me senti mal. E foi ficando pior quando eles falavam coisas que eu não entendia. Quando eu me distrai e me perdi do assunto. Quando Isabella me levou ao quarto dela com outro quarto dentro eu parei de pensar. Ela é criada como uma princesa. Eu não tenho como garantir isso.

Indo para o aeroporto eles estavam falando sobre coisas que tinham na primeira classe. Eu nunca vou poder viajar com eles. Minha cabeça estava girando dentro do carro e o pior. Estava tão nítido que até Raul que é desligado percebeu que tinha algo errado. Isabella cresceu rica. Não seria Justo tirar ela desse mundo para colocar em um apartamento pequeno, em um bairro comum.

Olho a hora no celular e vejo que o sol já ia nascer. Mando uma mensagem para Matheus e digo que não estou muito bem, que vou ficar em casa. Estava muito cedo e ele provavelmente só iria ver mais tarde.
Me deito na cama e vejo a foto de perfil de Isabella. Ela estava linda e sorrindo. Parecia uma princesa. Decido deixar uma mensagem para puxar assunto. “ Espero que esteja bem. Seu pai avisou que você chegou, ele mandou mensagem, não fui eu que perguntei. Desculpe por ontem. Quero conversar com você. “  Desligo o telefone.

Depois de três horas meu telefone apita. Pego ele correndo e vejo uma mensagem de Matheus, o que era desanimador. “ Está sentindo o que? Você nunca fica doente, nunca falta. Quer que eu te leve ao médico?” . Ele não estava errado, eu nunca faltava. Ia trabalhar até quando era feriado. Odiava ficar em casa atoa.

Sempre tive a ideia que precisava trabalhar muito até sobrar dinheiro. Hoje eu tenho muito dinheiro. Mas nunca sobra como eu imaginei que sobraria. Mas estou feliz. Me sinto realizado. Consigo ajudar a minha mãe. Hoje ela vive com a aposentadoria que paguei pra ela ter e ajudo com as contas de casa. Poder ver minha mãe tranquila em casa sem contar dinheiro como era na nossa infância já me deixa tranquilo.

Lembro de responder a Matheus. “ fica tranquilo. Depois só me passa o relatório do dia. “ respondo e deixo o telefone na cama. Me levanto e vou tomar um banho. Saio e coloco minha roupa. Vejo meu telefone piscar, provavelmente uma mensagem.  Corro para ver, ligo o telefone e vejo mensagem de Isabella. Meu coração acelera provavelmente pela corrida que eu dei. “ Desculpe não ter mandado mensagem ontem. Cheguei exausta. Está tudo bem, que bom que meu pai avisou. Quando quiser conversar estou aqui. “

Penso por alguns minutos. E se eu falar merda? Se eu estragar tudo? Olho para o telefone mais uma mensagem dela. Dessa vez dizendo que iria sair daqui a pouco. Crio coragem e mando uma mensagem, pergunto se podemos falar com vídeo chamada. Segundos depois ela responde que sim, que esperava minha ligação.
Me levanto rápido, me olho no espelho. Eu estava com uma cara de morto, destruído. Não tinha dormido ainda. Lavo o rosto, troco a blusa e me sento na cama. Respiro fundo e faço a vídeo chamada. Depois de alguns toques ela atende.

Por alguns segundos eu esqueço de tudo. Isabella estava linda como sempre. Dessa vez usando um pijama de menina rica azul marinho com um detalhes brancos. Os cabelos estavam presos no topo da cabeça. Ela me deu bom dia com cara de sono e me olhou com um leve sorriso.

- Está me olhando com essa cara de bobo porque ? – Ela fala e eu volto a terra.

- Você me deixa assim. – Respondo e sorrio.

- Então você voltou ao normal. Estamos bem ? – Ela me olha sorrindo.

- Desculpe por ontem. Eu errei. Fui um merda. – Falo e ela não me deixa terminar.

- O que eu fiz de errado? Estava cedo demais para te apresentar ao meu pai? – Ela pergunta sem o sorriso de antes.

- Não. Eu... Foi culpa minha. Um sentimento babaca meu. Me desculpe. – Falo envergonhado.

- Qual sentimento? – Ela pergunta  curiosa.

- Foi algo tão ridículo que eu tenho vergonha de falar. – Falo enrolando.

- Me conta. Preciso saber. – Ela insiste sorrindo.

Destinada ao Amor Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ