Capítulo 54

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Caleb Nolasco

Raul parecia ser um cara muito bom. Mas conhecendo esse outro lado dele, parece ser bem babaca. Ele não parece se preocupar com a família. Parece ser um homem extremamente egoísta. Não era primeira vez que Isabella parecia estar exausta disso. E no dia da vídeo chamada era nítido o cansaço de Marina.

Elas precisam descansar, de verdade. Fico imaginando como deve ser viajar e ficar preocupado com quem fica. Ou ter que parar a viagem para resolver um problema infantil de um adulto. Então decidi ajudar. Isabella precisava disso e eu queria ver ela bem.

- Vai curtir sua viagem e relaxar. Você está precisando. Qualquer coisa você me liga e eu dou suporte a ele aqui. – Falo decidido.

- Não posso fazer isso com você. Da muito trabalho ser babá do meu pai. Cinco seguranças já desistiram. O André que cuidou das minhas malas prefere cuidar Marina e eu, mas não cuida do meu pai. Ele pediu demissão. Voltou com o acordo de cuidar só de nós duas. – Ela fala terminando de colocar a roupa.

- Mas o que ele pode fazer? – Pergunto curioso.

- Com o André inventou de pular de paraquedas. Apareceu do nada com um pavão e queria colocar no carro pra levar pra casa. Em uma viagem quando André se deu conta ele estava no cassino perdendo muito dinheiro, foi muito difícil tirar ele de lá. – Me assunto ouvindo tudo.

- Bom saber o que me aguarda. Que sogro difícil. – Falo e ela ri.

- Sogro? – Ela repete.

- Que foi? Não vou ter essa chance? – Implico.

- Você quer meu pai como sogro? Olha o trabalho que ele vai te dar. – Ela fala rindo.

- Por você vale a pena. – Fico admirando ela.

- Você sempre tem uma resposta pronta. – Ela fala rindo.

Depois de mais alguns minutos Isabella desliga a ligação. Vou para o meu quarto e fico estudando novos materiais que quero passar a vender na empresa. Hoje tenho uma empresa de pequeno porte. Quero até o final do ano chegar a médio porte. Esses contratos com Raul me ajudariam a bater essa meta e me abriria portas para outras empresas. Eu estava contando com isso. Já tinha conseguido alguns clientes, mas eu queria mais. Estava investido em materiais  caros mais de qualidade que não tinham aqui. 

Estava perdido nos papéis até que minha mãe me liga. Ela estava muito preocupada mas estava enrolando para entrar no assunto. Ela começou me perguntando como estava na empresa e logo depois pulou para Isabella, o que confirma que Catarina foi a casa dela e contou. Falo um pouco de como ela é, e como foi passar o dia com ela, pulando claro detalhes que ela não precisa saber.

Minha mãe mostrava que era a favor do relacionamento. Parecia gostar de Isabella mesmo sem conhecer. O que gerou uma briga entre ela e Catarina. Então minha mãe chegou no assunto que ela queria. Ela estava muito preocupada com Catarina e o casamento dela. Jonathan foi mandado embora mais uma vez. Catarina estava sobrecarregada. Ela estava querendo sair de casa e deixar ele. Mas tinha medo de como seria com os meninos. Se eles sentiram falta do pai e como ela iria se sustentar. As duas sempre tiveram um sonho de abrir uma pensão. Mas nunca colocaram em prática porque minha mãe não conseguiria sozinha e os meninos eram muito pequenos. Mas Rael já tem seis anos e Cae tem quatro anos. Não são mais bebezinhos.

Sempre que eu recebia esse tipo de ligação era a mesma coisa. E dessa vez eu já tinha entendido o recado, mais rápido do que as últimas vezes. Minha mãe estava pedindo pra eu interceder.

- Eu vou falar com ela mãe. Ela está na sua casa ou na casa dela? – Pergunto enquanto troco de roupa.

- Na casa dela. – Minha mãe fala preocupada. – Eles brigaram de novo. Os meninos viram.

Essa cena sempre acabava com nós três. Minha mãe porque ela lembrava de quando brigava com meu pai e a gente presenciava. E eu e Catarina porque lembrava das brigas dos nossos pais. Ela não queria que isso se repetisse com eles. Imagino o quanto ela devia estar mal e talvez por isso estava tão insuportável nesses últimos dias.

Pego o carro e vou dirigindo até a casa de Catarina. São quarenta e cinco minutos da minha casa. Não era perto. Mas é a minha irmã, minha única irmã. Vou em silêncio e no caminho não recebo mensagem de Isabella, provavelmente tinha dormindo. E era melhor assim. Eu não queria ela no meio dessa confusão da minha família. Não agora no início. Estaciono o carro na porta da casa de Catarina e escuto ela discutindo com Jonathan. Os meninos estavam na varanda.

Rael distraindo Cae como eu fazia com Catarina. A história se repete e eu sinto um no na garganta. Assim que os meninos percebem a minha presença eles vem correndo na minha direção. Cae como sempre vem direto para o meu colo. Eu abraço ele e dou um beijo. Rael parecia um mini adulto, o que era péssimo.

- Oi tio. – Rael fala desanimado. – Melhor não entrar agora.

- Tá tranquilo. – Falo e ele abraça minha perna e beijo a cabeça dele.

- Me esperem no carro. Vamos dar uma volta. – Falo e Rael vai andando com Cae.

Destranco o carro com o alarme na chave e espero que eles entrem no carro. Rael já liga o rádio. Não era a primeira vez que isso estava acontecendo. Respiro fundo e bato na porta. Eles estavam falando tão alto que não me escutam.

Jonathan era um bosta. Entrava e saia de emprego. Nunca estava bom. Um era longe demais, o outro era cansativo, o outro pagava pouco. Catarina nunca foi fácil. Mas hoje eu consigo entender porque ela era assim com ele. Abro a porta e entro. Os dois estavam discutindo na cozinha. Passo pela sala e quando chego na porta da cozinha Jonathan me olha de cara feia.

- Como entrou aqui? – Ele reclama.

- A porta estava aberta e os meninos estavam sentados na varanda esperando vocês acabarem. – Falo e olho para Catarina.

- Já estamos acabando. Não se mete aqui Caleb. – Ele fala com ignorância.

- Seu bosta. Não estou falando com você. Catarina, estou com os meninos no carro. Se quiser ir embora vamos. Pega as suas coisas e vamos embora. – Falo olhando pra ela.

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