Capítulo 63

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Isabella Bacelar

Conversamos por alguns minutos. Ele me contou brevemente o que tinha acontecido com a irmã .Era uma história bem triste da irmã dele. Ela parecia amar o marido, parece que ela tentou por algum tempo, tentou fazer dar certo. Assim como eu tentei algumas vezes. Eu entendo ela.
Caleb termina de contar a história de Catarina. Me fala um pouco da infância deles e depois dos planos do futuro. Eu compartilho um pouco da minha história e assim não conhecemos um pouco mais.

Eu estava feliz com isso. Me sentia mais próxima dele. Tudo aconteceu rápido demais. Não tive tempo de conhecer Caleb. Me lembro de não conhecer ele, conhecer e odiar. Conhecer um pouco mais e suportar e sem perceber eu estava beijando ele. Não estou reclamando. Estou gostando disso. Mas ter esse tempo para conhecer ele é ótimo.

Assim não me sinto rasa, não sinto que estou em um relacionamento fútil. E me conhecendo melhor, Caleb vai ver que não sou uma menina mimada. Que não sou rica cheia de empregados.

Depois de algumas horas encerramos o assunto e nos despedidos. Senti que ele ficou um pouco mais aliviado. Caleb precisava colocar  pra fora e ele não tinha noção disso. Eu encontrei Marina e André novamente e continuamos nosso passeio.
Ficamos um pouco em uma praia bebendo e relaxando. Sem meu pai por perto era bem mais tranquilo. Eu e Marina até dormimos. Acordamos e nos damos conta de que nunca seria possível com meu pai aqui.

Ele já teria bebido metade do bar. Teria comprado coisas que ele não precisaria de um vendendo ambulante. Iria oferecer emprego para alguém que ele achasse interessante sem consultar ninguém. Tentaria comprar um barco como da última vez e sem dúvidas iria aparecer com algo inusitado que teria acabado de comprar.

Mesmo tendo esse jeito extremamente maluco de ser. Ele fazia isso para ajudar as pessoas. No fundo as intenções eram boas. Meu pai só precisava de filtro e um pouco de maturidade. Talvez tivesse quando chegasse aos 90 anos.

....

O dia foi acabando e a viagem não estava fazendo sentido pra mim. Eu sentia falta de Caleb. Tirava fotos o tempo inteiro para mostrar o lugar pra ele. Comprava pequenas lembranças dos lugares que eu queria que ele tivesse passado comigo. Ele estava fazendo falta. Agora eu entendia o que Marina passava, a viagem era boa, mas faltava o nosso pedacinho de estresse.

...

No  dia seguinte visitamos alguns lugares turísticos. Tudo era extremamente lindo. As construções era simples mas chamavam atenção. Nada muito tecnológico ou futurístico. Era a simplicidade que eu idealizava para o meu futuro.

Tiramos a tarde para fazer mergulho. Tiramos fotos com peixes e tartarugas. André ficou com medo de ser mordido por algum peixe. Mas mesmo assim entrou, porque e precisava cuidar da gente, era o que ele repetia. Era muito engraçado ver um homem forte, alto extremamente atraente com medo de alguns peixinhos. Em um momento de distração eu consegui tirar uma foto dele assustado com o peixe. Sem dúvidas eu iria revelar essa foto e colocar na nossa parede das memórias.
Nos temos um corretor que dá acesso a cozinha que tem um quadro com fotos de todos os funcionários que já passaram pela nossa casa ou que ainda estão lá. Decidimos que só colocaríamos fotos engraçadas. Tivemos um motorista que se assustava com tudo e um jardineiro que adorava implicar com ele. Joe , o jardineiro , sempre dizia que iria conseguir uma foto perfeita para colocar no mural, e então ele conseguiu.

Na foto estava Joe segurando uma serra elétrica e Maike de terno jogando a comida para o alto assustado. Eu era criança na época. Me lembro de rir até chorar quando vi a foto e quando escutei a história por trás dela. Rimos por semanas. Depois de alguns anos Joe se mudou para outro estado. Ele estava terminando a faculdade e conseguiu uma emprego na área dele lá. Maike acabou se aposentando três anos depois para cuidar dos netos. Eu sinto falta daquela época.

E então, com a nova geração de funcionários não seria diferente. Agora André tinha a sua foto no mural. Não era uma foto perfeita como a de Maike e Joe, mas ainda sim era uma boa foto.

....

A primeira semana passou se arrastando. Eu dormia tarde falando com Caleb. Algumas noites ele dormiu durante a ligação. Eu ficava apenas observando. Caleb era lindo, tinha um sorriso que iluminava o mundo. E quando dormia trazia paz. Mas o sentimento estava sempre dentro de mim. Toda vez que eu me pegava suspirando por ele, vinha um pensamento forte me dizendo que eu deveria me afastar.

Eu não estava mantendo contato com Ayo, mas Zuri as vezes me falava algumas coisas que ela tinha escutado. Eu já estava começando a ignorar esse sentimento. Ignorar Ayo e os Deuses porque eu merecia ser feliz, queria e precisava ser feliz. Os Deuses não iriam querer a minha felicidade?

Estava tudo certo, até que eu sonhei.
Eu estava usando um vestido. Meu cabelo era grande , maior do que está hoje. Estava preso em uma trança lateral. Eu estava em um campo aberto muito lindo. A ar era leve, as flores estavam começando a nascer. Eu sinto alguém me abraçar por trás e quando olho, era Caleb. Ele está a usando roupas de época. De um passado muito distante, assim como eu. Antes mesmo da época da minha bisavó.
Caleb me olha sorrindo e me beija com carinho e fala “ Estava com saudades” e me beija outra vez. Nos deitamos no enorme gramado. Ele fica acariciando meu rosto com carinho e me beija mais uma vez. O sorriso dele era o mesmo.

Depois de alguns segundos o sorriso dele se desfaz. Caleb se levanta rápido e eu faço o mesmo. Vejo um homem com uma arma apontada para nós dois. Caleb pede para eu ir embora, mas eu fico. Não posso deixar ele nessa situação. O homem estava com o rosto tapado por um pano. Eu podia ver apenas os olhos. Conheço o homem mas não consigo reconhecer, saber quem é. O homem grita mais uma vez e logo depois atira.

Sinto algo queimar meu peito. Mas não era o tiro. O homem grita “ Nunca vai ficar com ele Isabella. Nunca.” E depois se afasta. Eu vejo Caleb cair no chão. E eu me ajoelho ao lado dele. Meu peito parecia que ia explodir. Grito implorando ajuda, mas ninguém aparece. Caleb segura minha mão, mas sem força. Apenas me olha sorrindo e diz “ Eu sempre vou te amar meu amor.”
Vejo a vida sair dos olhos de Caleb. Meu peito explode e eu acordo.

Destinada ao Amor Onde histórias criam vida. Descubra agora