Capítulo 57

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Caleb Nolasco

Chego no portão dos pais de Isabella. Era um portão enorme como nós filmes. E isso era apenas o condomínio. Ela da boa noite para o porteiro, ele logo reconhece ela e abre o portão. Entramos com o carro e começamos a passar pelas casas. Uma maior que a outra.

Todas tinham entre dois e três andares. Casas enormes, com piscina e garagens grandes. Me sinto um pouco estranho. Isabella aponta a casa dos pais. Tinha três andares, uma piscina enorme. A portão se abre com um controle que Isabella tira da bolsa, e eu me assusto com a visão. Era uma garagem tão grande que cabiam uns oito carros. A garagem era quase do tamanho da minha casa na minha infância.

Desço do carro e vejo mais três carros na garagem. Plantas enormes. Isabella vai me guiando até uma porta grande. Assim que ela se abre eu vejo um elevador. Um E-LE-VA-DOR. Dentro de casa. Isso nem faz sentido. Entramos no elevador e ela me olha naturalmente.

- O que foi? – Ela pergunta sem entender.

- Um elevador dentro de casa? – Ela entende e começa a rir.

Saímos do elevador e chegamos a um corredor recepção. Nele tinham escadas para subir e descer. Uma porta que dava para uma cozinha, outra que dava para uma enorme sala e uma outra que eu não vi o que era. Vamos andando para a sala. Ela era dividida em três ambientes. Essa sala era do tamanho de três cômodos da minha casa.

E duas partes tinham dois sofás em cada um e um tapete grande. Na terceira parte tinha uma mesa de jantar com uma janela enorme. O lugar era realmente lindo, mas exagerado. Eu nunca imaginei morar em um lugar assim. Todos agiam com naturalidade e eu me sentia extremamente desconfortável. Marina e Raul estavam falando alguma coisa mas eu estava perdido.

- Caleb... Está tudo bem? – Isabella me olha preocupada.

- Sim. Desculpe. É a saudade. – Sorrio e Isabella segura meu braço carinhosamente.

- Fico feliz que tenha vindo. Aceita uma bebida? Uísque? Cerveja? Vinho? – Raul pergunta animado.

- Água. Vou voltar dirigindo. – Falo ainda perdido.

- Boa escolha. – Marina fala sorrindo.

Ainda tínhamos algumas horas. Então ficamos conversando. Eles relembravam as viagens passadas eles já tinham visitado muitos lugares do mundo. E eu nem tinha saído do rio de janeiro direito. Só para trabalho e muito rápido. Raul falava de bebidas e marcas que eu nunca tinha escutado.

Eu estava me sentindo extremamente deslocado. Aquele sem dúvidas não era o meu lugar. Isabella percebe alguma coisa e me tira de perto deles.

- Vem conhecer meu quarto de quando eu morava aqui. – Ela fala animada e segura minha mão.

Vamos subindo as escadas. Nos deparamos com um corredor com várias portas. Ela entra na terceira porta a direita. O quarto era típico de filmes de princesas. Uma cama enorme com teto. Uma mesa que provavelmente tinha um notebook, um sofá e tapete que parece um bicho de pelúcia. Isabella ia andando pelo quarto falando algumas coisas que eu não conseguia ouvir. Ela abre uma porta que eu pensei que era um banheiro, mas era um segundo quarto. Tinha um sofá no meio dele, armários nas paredes com roupas, sapatos e bolsas. Um espelho enorme. Ela fala alguma coisa e eu só consigo pensar:

- Porque tem tanta roupa sua aqui? – Falo sem pensar.

- Quando vou e volto de viagem fico aqui. Quando me sinto sozinha venho pra cá. Nós feriados e alguns finais de semana também. Toda vez que eu vinha tinha que trazer uma mala. Então deixei algumas coisas aqui. – Ela explica me analisando. – Eu falei algo errado... Ou fiz algo?

- O que? Não.... – Fico perdido olhando tudo.

- O que foi Caleb... Foi porque eu te forcei a vir? Posso inventar uma desculpa e você ir embora... Não tem problema...  – Ela fala sem o sorriso de antes.

- Não é isso. Está tudo bem. Eu só estou cansado. – Falo e tento sorrir.

O sorriso de Isabella desaparece. Ela tenta disfarçar mas não consegue. Ela fica mais alguns segundos em pé pensando. Até que sugere que voltemos para a sala. Apenas concordo e sigo ela. Sentamos em silêncio e dessa vez a conversa foi menos animada do que antes. Depois de longas horas chega o momento da partida.

Decidimos ir em carros separados. Raul sugeriu que eu fosse com eles e depois voltasse para buscar o carro. Mas eu não aceitei e Isabella não deixou ele insistir. Marina entendeu o recado e mudou de assunto. Entramos no carro em silêncio e ficamos assim até chegar no aeroporto.
Isabella desce do carro desanimada. Não era isso que eu queria. Não foi assim que eu pensei que seria a despedida da viagem. Mas eu não conseguia evitar. Isabella desce do carro e encontramos Raul e Marina, vamos caminhando um pouco atrás deles.
Eu vou empurrando as duas malas de Isabella e ela leva uma bolsa de ombro. Ela anda sem me olhar e eu percebo que fiz merda. Ela se afasta e faz o check in. Eu fico apenas sentado esperando. Raul se senta ao meu lado.

- Aconteceu alguma coisa rapaz ? Vocês brigaram ? – Ele pergunta curioso.

Raul não tinha nenhum tipo de filtro e parecia não seguir regras sociais. Percebi isso com o pouco de convivência com ele no trabalho. Mas também sei que ele não faz isso por mal. Ele é uma eterna criança.

- Não... Eu só estou cansado. – Falo tentando disfarçar.

- Está mentindo. E você mente muito mal. – Ele insiste. – Vai mentir para o seu sogro no primeiro dia? – Ele sorri.

- Quer a ridícula verdade? – Olho pra ele e ele concorda. – Estou me sentindo deslocado. Vocês são ricos demais e isso me assusta. Eu vou ter que trabalhar muito pra manter o padrão dela. – Falo envergonhado.

- Não conheceu o apartamento dela? – Ela pergunta  curioso.

- Passamos muito rápido. É diferente disso? – Pergunto no mesmo tom.

- Sim. Isabella se sustenta sem aceitar nada meu. E ela trabalha, você não precisa trabalhar para manter o padrão dela. Ela vai se ofender se ouvir isso. Isabella não é patricinha. Só parece ser aonde ela tem que parecer ser. – Ele fala misterioso.

Vejo Isabella me olhando de longe, com uma enorme tristeza no olhar. Então eu percebo a merda que eu fiz. Ela está indo viajar triste comigo por causa de uma bobeira. Eu me senti diminuído sem nem conhecer a vida dela de verdade. Esse é só um pedaço dela.

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