Meeting Joseph Quinn 🇧🇷

42 - Tarde demais

Malu estava pensativa desde o e-mail que recebera de seu antigo professor da faculdade. O mês de abril havia começado e, com ele, as inscrições para os programas de Mestrado - tanto os das universidades brasileiras como o da Universidade do Porto, a qual seu professor havia recomendado.

Morar fora do Brasil não era novidade para Maria Luiza. Ela havia passado quase 3 anos nos Estados Unidos quando era adolescente, devido ao tratamento de saúde de seu irmão Pedro. E agora, já adulta, apenas meses antes, havia feito planos de morar na Inglaterra com Joseph Quinn. Não fosse pela repentina morte de sua mãe, era o que teria acontecido e Malu estaria em Londres naquele exato momento morando com o ator.

Só de pensar no que teria sido de sua vida se as circunstâncias fossem outras causava dor ao coração da ruiva, que ainda sentia amor pelo ator britânico. "Talvez tenha sido melhor assim. Simplesmente não era pra ser", pensava Malu, tentando convencer a si mesma que os últimos acontecimentos em sua jornada foram um golpe do destino.

Agora ela estava dividida. Estava determinada a fazer o Mestrado que tanto desejara - céus, em seu primeiro encontro com Joseph Quinn após a festa da Netflix, quase 2 anos antes, ela havia contado a ele que pensava em fazer um Mestrado! Malu sabia que este passo seria importante pra sua carreira acadêmica. Mas ainda havia um empecilho: ela não queria deixar seu pai e irmão no Brasil.

Restavam apenas alguns dias para candidatar-se aos programas de Mestrado. Há tempos Maria Luiza não se sentia empolgada com seus planos como agora. E Malu contemplava verdadeiramente a possibilidade de morar em Portugal: a ruiva passava as manhãs pesquisando sobre a cidade do Porto e seu estilo de vida, clima, hábitos e cultura. Lecionava de tarde e, todas as noites, sentava em frente ao seu notebook com Dwight em seu colo e lia detalhadamente a respeito de todos os programas de mestrado que lhe interessava. Para ela, era gostoso e satisfatório sonhar novamente em fazer algo para si.

"As aulas em Portugal começam em outubro. Farei 28 anos em setembro e terei 30 quando concluir o Mestrado. Assim, consigo começar uma nova década com minha carreira acadêmica mais alinhada", pensava a ruiva.

Malu tinha condições de morar fora: ela venderia seu carro, que ganhara de presente aniversário seus pais anos antes. Poderia alugar o apartamento que morava e herdara de sua avó. Também trabalharia meio período e conciliaria seus estudos. Além disso, por mais que prezasse seus próprios ganhos e independência, a verdade é que sua família tinha dinheiro e seu pai poderia lhe ajudar financeiramente caso precisasse. Agora, mais uma vez, seu futuro dependia de si: a decisão de sair do país precisava ser tomada o quanto antes.

Em momentos de dúvidas, Malu gostava de conversar com Julia, sua melhor amiga. Mas as coisas entre elas estavam estremecidas há meses, desde que Julia havia dito que a morte da mãe de Malu fora uma desculpa para a ruiva não ir para Londres.

Os dias passavam e Malu não fazia nada de concreto além de pesquisar sobre Portugal. Ela encarava a tela de seu computador com o formulário de inscrição e ficava estática, sem saber o que fazer. Para ela, não faria sentido ir para a Europa agora e não antes, com o homem que considerara o amor da sua vida. Afinal, fazia apenas 7 meses da morte de sua mãe e do término com Joseph Quinn, que acontecera naquela mesma madrugada. Tudo ainda era muito recente.

Certa noite, após um dia estressante de aulas, Malu voltou para seu apartamento. Malu estava exausta. Sentia-se cansada. Ensinar adolescentes era deveras estressante algumas vezes. Ela vai à sua varanda e estende a rede colorida que trouxe de sua viagem à Bahia. A rede que estava dobrada até então, escondida atrás da planta no canto de sua varanda desde o término com Joseph Quinn. A rede em que os dois deitaram, em silêncio, olhando o mar. A rede em que eles começaram a se acariciar antes de transarem na varanda.