Capítulo 2

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— Meu Deus do céu garota! — A voz masculina ecoou um tanto rude e impaciente, como uma espécie de resmungo, enquanto ele se movia lentamente em uma tentativa clara de se desviar dos cacos de vidro sem cortar os pés descalços e nem escorregar no porcelanato molhado. — Por que apareceu dessa maneira? Está por um acaso tentando me matar do coração? — Questionou novamente a olhando, os olhos verdes semicerrando na tentativa de enxergar melhor na baixa luminosidade. Anahí sentiu as suas bochechas ruborizarem, no momento em que os seus olhos a traíram e desceram percorrendo todo o corpo masculino coberto por somente uma cueca box azul marinho e um roupão mal fechado. — Meu pai simplesmente não suporta que as garotas que Christopher insiste em trazer aqui fiquem desfilando pela casa. — Informou com desdém.

— Não... Eu não... — Anahí tentou constrangida.

— Poncho...? — A voz sonolenta de Brianna a precedeu, no momento em que ainda estava no corredor. Ela havia acordado com o barulho da garrafa se quebrando e foi checar o que estava acontecendo. Brianna acendeu as luzes na porta da cozinha, iluminando todo o ambiente, fazendo com que ambos piscassem perante a claridade. A mais nova tinha os cabelos desalinhados, usando um pijama com estampa de unicórnios e pantufas de pandas, um tanto infantis. — Você quebrou a garrafa? — Ela questionou, tentando entender a bagunça de cacos de vidro e água no chão da cozinha. No entanto, Alfonso pareceu não ouvir, mais interessado em analisar as pernas de Anahí, expostas em sua camisola curta.

— Foi um acidente. — Anahí disse, arregalando os olhos.

— Exatamente, Brianna, foi apenas um acidente. Você pode voltar para a sua cama. — Disse Alfonso, virando-se em direção à irmã um instante antes de retornar o olhar para Anahí, os lábios se curvando em um sorriso maldoso. — A nova "amiga" do Christopher acabou me assustando. — Alfonso disse, arqueando uma sobrancelha com ar de desdém, inclinando o rosto como se a estivesse analisando. Viu-a tomar fôlego, prestes a responder. — A propósito, lindinha, deixa eu te contar um segredinho: ele costuma preferir muito mais aquelas que não são tão grudentas. Ele prefere às que vão embora assim que a transa termina. — Piscou um olho para ela, em puro deboche.

No entanto, tudo aconteceu muito rápido. Com um único movimento fluído, como o bote de uma serpente venenosa, a mão de Anahí cortou o ar com um zunido, acertando um tapa sonoro no rosto de Alfonso. O som ecoou por todo o cômodo, enquanto a pele do rapaz ganhava uma coloração avermelhada.

Os olhos verdes se erguendo em choque, encontrando um par de olhos azuis faiscantes.

— Anahí! — Brianna recuou, parecendo assustada.

— Alguém precisa, com urgência, ensinar bons modos ao seu irmão. — Anahí deu um passo para trás, afastando-se dele. Sua respiração estava um tanto acelerada enquanto tentava afastar alguns fios de cabelo que caíam sobre seu rosto, suas mãos tremendo brevemente.

— E por que você não tenta me ensinar, hein?! — Alfonso propôs com um sorriso arisco, avançando na direção dela, se chocando diretamente contra a irmã mais nova, que entrou no meio dos dois em uma tentativa de impedir uma briga.

— Eu posso saber o que está acontecendo aqui? — A voz de Daniel soou furiosa atrás deles. Ele estava parado na porta da cozinha, parecendo tentar analisar toda a situação diante dele, atraindo três olhares assustados em sua direção. Ele havia chegado no exato momento em que Alfonso tentou avançar em cima de Anahí e não havia gostado nem um pouco do que viu. — Alguém quer se explicar?

— Tio Daniel... Eu... — Anahí tentou, ao mesmo tempo em que Alfonso a interrompia.

— Eu por acaso preciso desenhar, papai?! — Indagou Alfonso em um tom desaforado, com uma arrogância que beirava a antipatia. Estava se sentindo realmente ultrajado enquanto indicava a marca recém adquirida em seu rosto, que estava irritada e em um tom de rosa escuro. Ambos se calaram imediatamente perante o olhar de Daniel.

Em nome da paixão - Livro 1Where stories live. Discover now