Capítulo 13

92 10 21
                                    

Quando Anahí despertou algumas horas mais tarde, ela estava ciente de que tudo o que vivenciara poderia ter sido apenas um sonho. Sua primeira vez, com aquele toque de romantismo, especialmente com Alfonso, parecia quase inacreditável. No entanto, o bolo de roupas sujas de terra largadas no canto do quarto servia como uma lembrança tangível de que a noite anterior realmente acontecera, assim como a decepção de Alfonso chamando o nome de outra enquanto dormia. Ela quase teve um acesso, com o coração batendo descontroladamente dentro do peito.

Anahí dirigiu-se ao banheiro em busca de um momento sozinha, tentando entender seus próprios sentimentos e tudo que havia mudado em seu interior. Diante do espelho, sua imagem refletida era a mesma, mas ela sabia que algo dentro dela havia mudado para sempre. De certa forma se sentia mais confiante, mais mulher.

Prendeu seu cabelo em um coque firme, checando as marcas dos lábios de Alfonso pelo seu pescoço e seu colo, decidindo que merecia um banho demorado na banheira. No entanto, ao terminar de retirar a roupa, surpreendeu-se com uma pequena mancha de sangue em sua calcinha, fruto dos acontecimentos da noite anterior.

— Eu não vou parar de sangrar nunca mais?! — Anahí questionou totalmente desaforada, descartando a calcinha manchada e desistindo da banheira, optando por um rápido banho de chuveiro.

Sob o chuveiro, enquanto a água quente caía sobre ela, Anahí continuou perdida em seus pensamentos, se permitindo a um longo e quente banho. Ao sair da água se enxugou, vestindo um short de moletom confortável e uma blusa de mangas compridas e gola alta após o banho, colocando também um absorvente somente por precaução. Sua aparência estava normal, com os cabelos escovados e caindo de maneira impecável sobre suas costas, embora ela ainda tinha aquela sensação persistente de que não era a mesma.

Quando ela abriu a porta do quarto, imaginava que Alfonso provavelmente estaria tomando café na cama como sempre fazia nos últimos dias. A última coisa que esperava era encontrá-lo no corredor.

No entanto, contrariando todas as suas expectativas, Alfonso estava saindo do quarto. Ele desejou um "bom dia" ainda bocejando preguiçosamente. Seu rosto levemente inchado pelo sono que ainda sentia, enquanto ele usava uma calça de moletom cinza e uma blusa de mangas compridas azul-marinho.

— Anna, eu acordei e você já não estava mais lá. — Ele comentou, com o rosto ficando sério, demonstrando uma genuína preocupação por ela. — Você está...?

— Bem? — Ela completou antes mesmo que ele tivesse a chance, abrindo um sorriso um tanto ácido, embora parecesse totalmente estranho, pois não se refletia nos olhos dela. — Estou ótima. — Disse, parecendo um pouco forçada, e estava prestes a sair, mas Alfonso a segurou pelo braço, impedindo-a de andar.

— Você se arrependeu? — Ele questionou, parecendo exasperado.

— Eu... — Anahí hesitou por um instante, franzindo o cenho. Ainda que a decepção que sentia persistisse, sua primeira vez havia sido tão especial como sempre sonhara, e ela não conseguia sentir nenhum arrependimento pela maneira como havia acontecido. — Não. — Ela admitiu, sua voz carregando a sinceridade de suas palavras. — Eu só não quero mais falar sobre isso. Foi somente um momento de fraqueza, aconteceu.

— Ninguém precisa realmente saber o que aconteceu. — Alfonso falou, franzindo o cenho. — E se você prefere assim podemos fingir que isso nunca aconteceu. — Ele concluiu de forma ácida, observando-a assentir lentamente, como se tentasse absorver suas palavras.

— Tudo bem, eu até prefiro que seja assim. — Anahí abriu um sorriso afetado.

— Prefere? — Ele questionou, com as sobrancelhas se unindo, cruzando os braços diante do peito. Vendo-a assentir novamente, agora de maneira mais enfática, Alfonso também concordou, mas com uma pitada de orgulho ferido transparecendo em seu rosto. — Tudo bem, então é melhor dessa maneira mesmo. Nunca aconteceu. — Ele afirmou, parecendo sentir as palavras deixarem um gosto amargo em sua boca. — Afinal, a primeira transa, a segunda ou a terceira, tanto faz mesmo.

Em nome da paixão - Livro 1Where stories live. Discover now