Capítulo 18

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Quando amanheceu, algo vibrava sob a cabeça de Anahí, incomodando-a. Fez com que ela franzisse a testa, parecendo confusa, como se tentasse se situar. Abriu os olhos somente quando encontrou o celular dele debaixo do travesseiro, com o nome de Dulce e uma foto sorridente dela nos braços de Alfonso brilhando no visor. O incômodo pareceu afastar o sono dela, principalmente quando ele tomou o aparelho de sua mão.

— Você vai atender? — Perguntou a voz rouca, como se quebrada pelo sono.

— Sim, é importante. — Respondeu ele, ainda meio sonolento, com a voz também um pouco rouca, enquanto apertava o botão para atender a ligação e se sentava na cama. — Oi, Dul. — Cumprimentou, ainda bastante rouco, observando Anahí se sentar na cama.

Anahí ergueu a sobrancelha quando Alfonso riu baixinho de algo que Dulce disse do outro lado da linha, algo que ela não conseguiu ouvir. Sentia um desconforto em seu estômago, amargando-a. Vê-lo atender a ligação todo sorridente, fez com que ela se surpreendesse, mas sinceramente, o que ela estava esperando? Ela não tinha nenhum direito de cobrar nada dele. O lado racional dela tentava alertá-la sobre isso, mas a mágoa continuava a sufocá-la.

— Para você, eu sempre estarei disponível, Dul. — Ele disse, em meio a um risinho, ouvindo atentamente algo que Dulce pedia.

Anahí se repreendeu mentalmente, levantando-se e apanhando a roupa que tinha ficado no chão durante a noite anterior, enquanto ouvia Alfonso se apressar para encerrar a ligação. Ela simplesmente não saberia explicar o que estava a deixando mais revoltada, magoada e ofendida naquele momento, mas sabia que tudo que queria era distância dele, e o cheiro dele parecia impregnado em tudo ali, impregnado nela. No entanto, quando tentou sair, destrancando a porta, sentiu o braço dele a barrando no meio do caminho, fazendo-a recuar e erguer o rosto.

— Eu preciso sair, Alfonso. — Anahí comentou enquanto indicava o braço masculino, mas Alfonso simplesmente girou a chave, trancando a porta novamente e retirou a chave da fechadura, observando-a revirar os olhos.

— Primeiramente, bom dia, não? — Ele perguntou enquanto se afastava da porta.

— Bom dia, agora eu quero ir embora.

— Me diga o porquê e eu deixo você ir. — Argumentou, tentando manter a calma.

— Eu não quero atrapalhar seus telefonemas matinais. — Respondeu, a mágoa evidente em sua voz, fazendo seu sangue ferver. Alfonso ergueu a sobrancelha, como se tentasse entender a reação dela naquele momento.

— Você está com ciúmes, Anahí? — Ele riu, coçando a sobrancelha.

— Não, estou com raiva de mim mesma por ser tão imbecil. E estou cada vez mais irritada por estar trancada aqui, contra a minha vontade. — Concluiu.

— Está misturando as coisas, Anahí. — Disse, tentando parecer razoável. — Eu nunca prometi nada a você. Nós dois não temos nada, não pode me crucificar por estar falando com uma amiga. Eu tenho o direito de falar com quem eu bem entender.

— Talvez eu realmente esteja misturando as coisas. Talvez seja porque eu nunca sei bem em que pé estamos; em uma hora você me odeia e na hora seguinte você me beija e me traz para a sua cama. — Ela disse, balançando os ombros. — Você nunca me prometeu nada, e eu não estou te cobrando nada. Eu só quero ir para o meu quarto.

— Tente ser racional, Anahí.

— Estou tentando ser. Só me deixe sair. — Pediu, cansada.

Ele a observou por um instante, entregando-lhe a chave do quarto e permitiu que ela fosse para o seu próprio quarto sem nenhum impedimento, assistindo-a cruzar o corredor sem nem ao menos olhar para trás. Já havia percebido que enquanto ela não se acalmasse, os dois não conseguiriam conversar direito, e ele ainda tinha muito o que pensar.

Em nome da paixão - Livro 1Where stories live. Discover now