Em nome da paixão - Livro 1

Capítulo 29

Anahí piscou algumas vezes, seus pés se movendo involuntariamente em dois passos para trás. A incredulidade tomava conta de seus olhos, a medida em que as palavras de Daniel ecoavam como um eco persistente em sua mente. Seu olhar, repleto de desespero, buscou os de Madison, tentando encontrar qualquer sinal de negação, mas a mulher em sua frente permanecia inabalável, apenas com um olhar cheio de expectativa. Anahí ainda tentou, buscar alguma lembrança que pudesse conectar a imagem de Madison a algo em sua memória, por menor que fosse. No entanto, não encontrou nada. Notou que cabelos loiros da mulher, possuíam uma tonalidade bem mais clara que os seus, no entanto os seus olhos eram incrivelmente azuis, idênticos aos seus, que nem mesmo seu pai possuía.

— Isso não é verdade. — A voz de Anahí emergiu como um sussurro, quase desesperado. Cada sílaba era uma tentativa de negar a realidade, como se o poder das palavras pudesse reverter o que estava bem diante dela. A expressão em seu rosto denunciava não apenas a recusa em aceitar a revelação, mas também a angústia profunda que começava a se instalar em seu coração.

Alfonso, ao lado dela, apertou seu pulso com firmeza, um rosnado mal contido escapando de seus lábios. Sua expressão transmitia uma mistura de frustração e impotência, como se, ao segurar Anahí, pudesse protegê-la da dor iminente. Seus olhos verdes, normalmente tão seguros, agora refletiam uma preocupação intensa e uma urgência em aliviar o fardo que caía sobre os ombros da menina que ele amava.

— Anahí, eu entendo que isso é difícil de aceitar, mas é a verdade. — A voz de Daniel soava pesarosa, como se cada palavra carregasse o peso da revelação. Seus olhos expressavam uma tristeza profunda, uma empatia pelo sofrimento que Anahí enfrentava naquele momento.

— Você não é minha mãe. Eu nunca precisei de você, não preciso agora. — As palavras de Anahí eram firmes, mas o nó em sua garganta denunciava a tumultuada confusão de emoções. Ela recuou involuntariamente, desvencilhando-se de Alfonso, como se fisicamente afastar-se pudesse amenizar a magnitude da verdade. A expressão em seu rosto revelava uma mistura de rejeição e dor, enquanto a realidade chocante continuava a ecoar em sua mente.

— Você sabia que Anahí não queria saber dessa mulherzinha, foi extremamente covarde da sua parte. — Alfonso grunhiu irritado. Seu tom carregava não apenas frustração, mas também uma ponta de raiva.

— Anahí, por favor, escute a sua mãe antes de tentar formar qualquer opinião sobre o que aconteceu no passado. — Daniel pediu em um apelo, com uma expressão que parecia torturada desenhada em seu rosto. Anahí gemeu, tampando os ouvidos por alguns segundos, demonstrando claramente não querer ouvir mais nada daquilo. — Você era somente um bebê quando tudo aconteceu. Até hoje, só conheceu uma versão de toda história. Está na hora de conhecer a outra. Toda história possui dois lados. — Afirmou convicto.

— Conhecer o que? A história de como ela foi fraca e preferiu ir embora me deixando sozinha? — Cuspiu Anahí, um par de lágrimas caindo de seus olhos, marcando o rosto feminino. A dor e a raiva se misturando em suas palavras. Madison observava Anahí com uma expressão de tristeza descrita no rosto, duas lágrimas silenciosas marcando o rosto dela, mas também com uma determinação silenciosa. Ela estava prestes a responder quando Christopher interveio.

— Anahí, nós entendemos que essa é uma situação difícil. — Christopher começou com calma, aproximando-se dela cautelosamente. — Mas ouvir o que sua mãe tem a dizer pode trazer uma perspectiva diferente a tudo que você conhece. Talvez haja mais coisas na história do que você saiba até agora. — Falou balançando os ombros levemente.

Anahí olhou para Christopher, seus olhos ainda cheios de desconfiança e dor. Ela estava dividida entre a fúria que sentia e a curiosidade que começava a se insinuar, mesmo que contra sua vontade. Permaneceu em silêncio por um momento, seus olhos ainda brilhando com a mistura de emoções que a consumia. Ela enxugou as lágrimas com as costas da mão, mas seu olhar desafiador não diminuiu.