Em nome da paixão - Livro 1

Capítulo 39

— Não use essa boca suja para mencionar o nome do meu pai. — Anahí grunhiu irritada ao ouvir o nome de Alejandro mencionado no meio da conversa, sua voz carregando uma mistura de incredulidade e desconforto diante da possibilidade de que a morte de seu pai estivesse envolta em algo sórdido dessa maneira. — O que você está dizendo? — Questionou, mantendo seus olhos fixos em Michael, observando um sorriso malicioso se formar nos lábios masculinos.

— Seu pai, Anahí? — Michael questionou de forma extremamente cruel. — O homem que decidiu criar o fruto da traição como se fosse sua própria filha? — Suas palavras soaram afiadas como lâminas, atingindo Anahí em cheio. — Vamos falar sobre as coisas que você não sabe, então. Alejandro desfalcou a empresa em milhões de dólares, roubou de uma conta de investimentos da empresa, e esse dinheiro era destinado ao lançamento do H15 Max. — Michael comentou com uma expressão pensativa desenhada no rosto, como se recordasse; estavam às vésperas do lançamento do modelo sucessor. — Foi um verdadeiro caos quando tomamos conhecimento de um roubo dessa magnitude na empresa. Eu mesmo quis matar Alejandro, Daniel ficou em um estado ainda pior e o ameaçou de morte na frente de todos.

— Meu pai deve ter dito isso em um momento de raiva. — Alfonso defendeu o pai, sem conseguir se conter, mas Anahí nem ao menos se moveu, olhando para Michael, esperando que ele continuasse, o que o fez soltar uma risada um tanto sarcástica.

— Daniel estava totalmente furioso, de um jeito que eu nunca tinha visto antes. — Reiterou, ainda naquele mesmo tom. — Eu realmente me surpreendi quando recebi a notícia da morte de Alejandro no dia seguinte. Eu estava pensando em um modo de recuperar o dinheiro, comentei com Daniel sobre isso ainda na empresa, mas Emma teve uma dor de dente durante a madrugada, com uma febre alta, e fomos parar na emergência com ela naquela noite. — Anahí ergueu o olhar, dirigindo-o para a melhor amiga, que assentiu confirmando, lembrando-se daquela data específica. — Mas toda a história ter sido encenada como um assalto foi simplesmente brilhante. — Elogiou, parecendo surpreso. — E com a morte de Alejandro, tudo deu certo para Daniel. O óbito, sendo fruto de um assalto, acionava o seguro que seria capaz de cobrir o prejuízo que a empresa teve. Somando ainda com o fato de que a morte de Alejandro fez com que Daniel conseguisse a guarda da filha biológica. É como somar dois mais dois... — Concluiu.

— Anna, vamos embora daqui agora. — Alfonso determinou, parecendo ter cansado de ouvir, enquanto a puxava novamente em direção aos seus braços, como se tentasse protegê-la de tudo aquilo. — E só mais uma coisa. Jamie, se você ousar se aproximar dela mais uma vez, eu termino o que eu comecei aquele dia e eu acabo com você.

— Está mesmo me ameaçando, Alfonso? — Jamie questionou, parecendo se divertir com a ideia de ser ameaçado por ele dentro da sua própria casa.

— Aviso, advertência, ameaça. Interprete como quiser. — Alfonso respondeu firme, mantendo sua postura.

— O problema é ela conseguir ficar longe de mim, Alfonso. Afinal, foi ela que veio me procurar aqui em casa hoje. — Provocou, abrindo um sorrisinho totalmente malicioso na direção de Anahí. — Inclusive, amor, eu irei cumprir a minha parte no nosso acordo e estarei aguardando ansiosamente que você cumpra a sua também. Eu irei cobrar. — Garantiu, naquele tom de voz completamente provocativo, ouvindo Alfonso grunhir tentando avançar nele, sendo visivelmente contido por Anahí.

No entanto, Anahí não teve tempo o suficiente para conseguir responder aquela provocação, sentindo Alfonso puxá-la delicadamente pela cintura, guiando-a para fora daquela casa o mais rápido que conseguiu. Ao chegarem do lado de fora da residência, ele apenas abriu a porta do banco do passageiro para que ela pudesse entrar, antes de contornar o carro se acomodando em seu lugar. Alfonso passou a mão pelo rosto nervosamente, como se tentasse conter a ira em seu peito, a tensão que os dois sentiam sendo totalmente palpável naquele momento. O silêncio dentro do carro pareceu ensurdecedor, carregado com todas as emoções intensas demais para serem digeridas naquele momento.