O seu lado da dor

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"Quando você se coloca no lugar do outro o mundo ganha novas perspectivas"

"Quando você se coloca no lugar do outro o mundo ganha novas perspectivas"

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Jungkook

Não sei ao certo que horas são, mas julgo que faz algum tempo que o sol deu as caras lá fora. Estou acordado desde a noite passada, tentei me forçar a dormir, porém sempre que eu fechava os olhos, os malditos pensamentos intrusivos me acordavam para me fazer lembrar de coisas ruins das quais luto diariamente para esquecer. Agora meu olhar se encontra fixo no forro do quarto e minhas mãos descansam sobre a cama. O clima no cômodo é frio, mas não o bastante para me fazer tremer. Em um ato de curiosidade, toco em meus lábios com a ponta dos dedos, e como eu imaginava, estão secos pela falta de umidade, meu couro cabeludo coça me lembrando que meus cabelos já estão tempos demais sem uma lavagem decente.

Pisco os olhos pesadamente enquanto deixo um suspiro abandonar minhas narinas. 

Três eternos dias se passaram desde que minha briga com Jimin aconteceu. No dia em que Yoongi veio até minha casa, em um momento de impulso peguei meu celular e liguei para ele, eu queria pedir desculpas pelo que fiz, mas Jimin não atendeu a ligação. Então entendi que meu erro estava outra vez voltando para mim em forma de punição. Sei que não tenho o direito de exigir que Jimin me ouça, não depois do que fiz, afinal foi minha culpa ele ter se afastado e agora estou pagando o preço por isso.

Finalmente entendo como Jimin se sentiu quando teve que mentir para mim sobre o nosso passado. Yoongi estava certo, eu que sempre afirmei odiar a mentira, me perdi na minha própria verdade e deixei que ela me envolvesse com seus braços de enganação.

Ele não deve ter tido escolhas também, e se pensa parecido comigo, julgo que ter escondido a verdade, ou melhor, ter medo da minha reação por tanto tempo, foi um fardo a se carregar. É assim que me sinto agora, com uma culpa tão grande sobre meus ombros que até mesmo o simples ato de pensar incomoda. 

Viro meu rosto de lado vendo um feixe de luz entrar pelo espaço aberto entre as repartições da cortina da janela. Passo a língua sobre os lábios, umedecendo finalmente a pele sensível da minha boca. Eu então tento levantar, usando o braço direito como apoio para que não acabe caindo de tanta fraqueza. Meus pés alcançam o chão, esse que está frio e faz meu corpo se arrepiar de imediato, uso o dorso da mão direita para coçar os olhos, depois passo a mão sobre todo o rosto na tentativa de que isso tire minha sonolência, e quando encosto com as pontas dos dedos na cicatriz em cima da minha sobrancelha, travo por um instante. 

Outro suspiro pesado é forçadamente liberado pelo quarto.

Em pensar que minha mãe me fez achar por anos que eu havia batido com a cabeça na quina de uma mesa e assim tinha ganhado essa cicatriz, quando na verdade a ganhei no dia daquele maldito acidente. É o que penso sentindo a cicatriz nas mãos.

Um tempo atrás eu não gostava de ter essa imperfeição, por decorrência da baixa autoestima que me causava sempre deixei que meu cabelo fosse de um comprimento que pudesse cobri-la. Ainda lembro dos beijos que Jimin dava no local da cicatriz, mal sabe ele o quanto seu carinho me ajudou a superar essa insegurança boba minha. 

Serendipity of a dream Where stories live. Discover now